EdUFSC lança duas obras na Feira do Livro de Joinville
Livro de ecologia contra ideologia do crescimento
Na linha de “publicar para ler o mundo”, a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) está lançando mais um clássico da Ciência na Feira do Livro de Joinville: O discurso da natureza – ecologia e política na América Latina, de Fernando Mires. Com organização e tradução de Vicente Rosa Alves. A obra é uma coedição com a Bernúncia Editora, de Florianópolis. O evento vai de 3 a 14 de abril no Centreventos Cau Hansen.
Publicado pela primeira vez em espanhol na Costa Rica em 1990, o livro continua incrivelmente atual, já que os desafios da demanda ecológica mantêm-se gritantes como antes, sobretudo, com frisa o autor, na América Latina. Fernando Mires condena os setores conservadores, mas também não alivia a culpa das “chamadas esquerdas políticas” que, conforme constata, “seguem ainda amarradas a uma lógica econômica não menos pior do que a acampada pelas forças da direita.
Hoje a América Latina é quase totalmente democrática, mas o tema da democracia não foi totalmente articulado com o ambiente real onde tem lugar a prática democrática. Para deixar de ser “pregador no deserto”, Fernando Mires sonha que o seu livro deixe de ser atual algum dia.
O livro é polêmico por contrapor-se às ideologias do crescimento econômico, predominantes na maioria dos países. “A Ecologia não é, nem pode ser, um tema secundário na América Latina, sobretudo se levarmos em conta que a preservação da natureza tem a ver, antes de qualquer coisa, com a sobrevivência material e cultural da maioria dos habitantes do Continente”, sustenta.
Fernando Mires constrói um discurso de radicalidade social ancorado na Ecologia. O autor pergunta: “porque na América Latina existe um atraso tão grande no desenvolvimento de um pensamento ecológico?” A resposta é que, por aqui, permanece intacto o “consenso industrialista” em todas as suas formas, ocultadas sob os “diversos álibis e sofisma dos quais se serve a ideologia do crescimento”. O autor é chileno. Ex-professor do Instituto de Sociologia da Universidade de Concepción, hoje atua como professor e pesquisador na Alemanha. Ganhou, em 1981, o título de Privatdozent, grau acadêmico máximo conferido pelas universidades alemãs.
A Feira do Livro de Joinville prossegue até o dia 14 de abril. A EdUFSC está oferecendo uma seleção de 600 títulos disponíveis no seu catálogo, além de obras das principais editoras universitárias do País. A participação na Feira, na opinião do diretor executivo Sérgio Medeiros, também permitirá, uma aproximação da EdUFSC com a comunidade universitária do Campus da UFSC de Joinville. A proposta é levar os livros também para os campi de Araranguá e Curitibanos.
Wittgenstein ganha novas reflexões na Feira do Livro
Está enganado quem pensa que já se escreveu tudo sobre a obra do filósofo alemão Ludwig Wittgenstein, autor de Tractatus logico-philosophicus, clássico que há décadas ocupa filósofos e juristas do mundo todo. Lançado na Feira do Livro de Joinville, Wittgenstein em retrospectiva é organizado pelos pensadores Darlei Dall’Agnol, Arturo Fatturi e Janyne Sattler. A obra, que reúne 13 ensaios de 14 autores, é mais do que uma simples retrospectiva. Aponta influências, inspirações e soluções a partir de leituras originais e inovadoras do autor de Investigações Filosóficas. A publicação, resultado do Colóquio Wittgenstein, realizado na UFSC em 2011, faz uma homenagem a um dos principais filósofos do século XX. Segundo os organizadores, o livro também faz um “mapeamento de algumas das tendências atuais” de como a obra do pensador é interpretada e usada dentro e fora da academia.
Filho de uma das famílias mais ricas do Império Austro-Húngaro, Ludwig Joseph Wittgenstein nasceu em Viena em 26 de abril de 1889 e viveu a infância e a adolescência em um ambiente social, cultural e intelectual extremamente estimulante. Teve uma vida agitada e viveu em vários países. De acordo com Darlei Dall’Agnol, Wittgenstein “tornou-se um ardente defensor da ideia de que a filosofia está cheia de pseudoproblemas e que a sua missão era exibir a sua ilegitimidade”. Wittgenstein defendia que não existem valores no mundo e que a única coisa que depende do sujeito é a própria vontade, cujo exercício será bom ou mau.
Ainda segundo Dall’Agnol, Wittgenstein quer abolir a metafísica, isto é a tentativa de dizer aquilo que se mostra, mas não a arte, a moral, em suma, os domínios da linguagem humana que mostram sem pretensões de dizer algo verdadeiro ou falso. Ele compreendia a filosofia como crítica da linguagem. Wittgenstein é leitura obrigatória para se falar de ética. Portanto, trata-se de obra permanente e necessária num mundo que procura e precisa melhorar hábitos, condutas e posturas.
A EdUFSC também publicou Ética e linguagem – uma introdução ao Tractatus de Wittgenstein, de Darlei Dall’Agnol, professor do Departamento de Filosofia da UFSC. O filósofo de Viena mudou a forma de filosofar, pois em toda a sua vida, sustentou que a filosofia não concorre com as Ciências na investigação de “como” é o mundo. “A função libertária da filosofia consiste exatamente na superação dos problemas metafísicos em direção a uma vida feliz” interpreta Dall’Agnol.
Wittgenstein, que esteve no centro dos principais movimentos artísticos, filosóficos, sociais e políticos do século XX, foi o filósofo que mais fez a humanidade pensar. Superou de longe a ideia do “penso, logo existo”. Retrospectiva é um olhar para frente.
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Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC
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