Feira do Livro da EdUFSC oferece obras sobre cultura popular

28/03/2013 13:52

A pândega do boi é um dos lançamentos da Feira do Livro da EdUFSC

Cinco contos sobre a cultura popular de Santa Catarina compõem o livro A pândega do boi, de Marche Ricardo Almeida. A obra é um dos lançamentos da Feira do Livro da EdUFSC, que está sendo realizada até 2 de abril no Centro de Convivência da Universidade, em Florianópolis. Os descontos nos títulos próprios da EdUFSC são de 30 a 70%.

Os contos de “A pândega…” são carregados de metáforas, cinismo e humor. Aqui o boi voa, portanto, passa pela farra e pelo mamão. O leitor defronta-se com bruxa, boto, pau de fita e bernunça. O conto de Morche  desnuda o preconceito e ironiza a atuação das  autoridades, da polícia, da  justiça e, principalmente  da mídia. Na obra do contista, o folclore se aproxima dos ensaios da ciência.

O desconhecimento, enfim, faz a intersecção entre as obras publicadas e a manifestação popular. Morche Ricardo Almeida é formado em História pela Universidade Regional de  Blumenau (Furb).  Parece fazer história com literatura.

A farra em livros

A farra do boi, embora proibida por lei, ocorre tradicionalmente durante a Páscoa no litoral catarinense, alimenta debates, polêmicas e reações locais, nacionais e até no exterior. O assunto ganha espaço nas universidades, na mídia, na igreja e no parlamento. E ultimamente vem recebendo a atenção de pesquisadores, gerando dissertações, teses e livros.

A EdUFSC colocou em circulação, recentemente, um terceiro livro sobre o assunto: Bom para brincar, bom para comer – a polêmica da farra do boi no Brasil, do antropólogo Eugênio Pascele Lacerda. Integrante do Núcleo de Estudos Açorianos e do Núcleo de Estudos da Arte, Cultura e Sociedade na América Latina da UFSC, o estudioso tenta esclarecer, histórica e didaticamente, este ritual praticado secularmente no litoral catarinense pelas populações de origem açoriana.

Lacerda oferece ao leitor “uma reflexão interpretativa sobre o conceito de violência e a eficácia de uma abordagem da festa nativa como arte, drama e ritual”. O livro soma-se a outros dois publicados pela EdUFSC: Dioniso em Santa Catarina – Ensaios sobre a Farra do Boi, organizado por Rafael José de Menezes Bastos e A Farra do Boi – palavras, sentidos, ficções, de Maria Bernardete Ramos Flores. As obras apresentam base teórica e antropológica visando dirimir dúvidas e eliminar informações superficiais e distorcidas sobre a eterna polêmica. Já um quarto livro – A pândega do boi – do historiador Morche Ricardo Almeida, publicado em 2012, mas ainda  não lançado, substitui a História pelo conto.

 

Clássicos

O livro Dioniso em Santa Catarina – Ensaios sobre a Farra do Boi, organizado por Rafael José de Menezes Bastos, destina-se a um público interessado na cultura popular ou a profissionais e estudantes das diversas áreas de humanas. É uma obra que envolve antropólogos e historiadores como Ordep José Trindade Serra, com reflexões sobre simbolismo e o ritual da Farra do Mediterrâneo, ou Welber da Silva Braga e sua análise da semiótica dos narizes falsos.

Sob a ótica da tradição e da modernidade, Maria Rita de Carvalho apresenta o ciclo ritual do boi no Maranhão; Eugênio Pascale Lacerda e Maria Bernadete Ramos Flores ficam, respectivamente, entre a história e a polêmica e o mito e o fantástico. Para fechar, Menezes Bastos oferece uma contribuição à etnografia do boi no campo.

Maria Bernardete Ramos Flores é também a autora de A Farra do Boi – Palavras, Sentidos, Ficções, livro que ressalta, de um lado, o discurso da imprensa, jornalistas, escritores, cronistas, políticos, funcionários do governo; e de outro, as falas e as atitudes de gente “que viu o boi”, expressão que significa participação ativa, presente, viva.

O trabalho, originalmente uma tese de doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, supera, segundo o professor Elias Saliba, da PUC, os dualismos fáceis e a “biculturalidade” entre o popular e o erudito, reconstruindo fragmentos de uma histórica que busca, por trás das palavras do silêncio de homens e mulheres, a autenticidade das experiências humanas. “Trata-se de uma contribuição inestimável à historiografia da cultura popular brasileira”, pensou Saliba.

A feira funciona de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 19h, e oferece 600 títulos e seis mil livros da EdUFSC com redução de 30 a 70% do preço de capa. Disponibiliza, também, quatro mil obras de outras editoras universitárias e privadas.

Mais informações pelos fones (48) 3721-9408 e 3721-9605, ou pelo site www.editora.ufsc.br

Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC
lothmoa@gmail.com

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