Semana de Relações Internacionais discute posição dos países emergentes na economia global

05/10/2012 10:01

Professores do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC, Pedro Antônio Vieira e Hôyedo Nunes Lins debatem a relação dos países emergentes e a economia mundial

A reinserção dos países emergentes na economia global foi o tema da discussão entre os professores do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC, Hôyedo Nunes Lins e Pedro Antônio Vieira, na tarde de quinta-feira, 3 de outubro, durante a programação do primeiro dia da III Semana de Relações Internacionais. O evento encerra na sexta-feira, 5 de outubro, e a programação completa está no site http://semanari.ufsc.br/programacao.

Hôyado Lins explicou os motivos que levaram os países da posição de periféricos para emergentes. Devido a crise nos países centrais, a indústria buscou novos mercados consumidores e produtores, definida pelo professor como “internacionalização aprofundada da produção”. Países que antes forneciam apenas matéria-prima agora exportam manufatura. Porém, o crescimento industrial não refletiu na qualidade de vida das populações desses países da mesma maneira em que nos centrais. “Foi um processo de fordismo periférico e taylorismo primitivo”, disse.

O professor Pedro Antônio Vieira questionou o título da mesa de discussão. “Os países já estavam inseridos na economia global. A princípio, como fornecedores de produtos primários, agora desenvolvendo tecnologia e manufatura”, considera. Para Vieira, os termos “globais”, “reinserção” e “emergentes” mascaram a complexidade do assunto. O professor propôs aos estudantes reflexões sobre a posição dos países emergentes “para não cair em armadilhas e utopias incabíveis à realidade do sistema capitalista”. Este sistema, segundo o professor, é desigual por natureza e se viabiliza há anos por meio do acúmulo de capital e da influência dos países centrais. Vieira classificou os países na economia global em três grupos: o “círculo global”, em que estariam os Estados Unidos e as principais economias da Europa; os “semi-periféricos”, com o protagonismo dos países emergentes; e os “periféricos”. A posição de um grupo em relação ao inferior é de dominação política e venda de tecnologia.

BRICS

Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul formam o acrônimo “BRICS”, grupo político de cooperação entre países de estágio similar de mercado emergente. Os professores concordaram em praticamente todos os assuntos abordados sobre o grupo. Os países que compõem o BRICS apresentam traços comuns, como grande área territorial (aproximadamente ¼ do território mundial), grande população (40% dos habitantes do planeta) e alta desigualdade social. Também demonstram características distintas, como o perfil sociocultural, político e a formação histórica, da trajetória milenar da China ao Brasil, que há pouco se apresentava como colônia.

Perspectivas

Para “dar as cartas” na economia e política global, os países emergentes precisam desenvolver ciência e tecnologia e incorporar os resultados à produção industrial, concordaram os professores. A nova indústria será baseada em processos com recursos naturais. Biotecnologia, nanotecnologia, bioeletrônica, novos produtos primários e novas formas de energia serão determinantes para o desenvolvimento dos países emergentes. Os professores alertam que a exploração dos recursos naturais deve ser cautelosa.

Mais informações sobre o evento:
http://semanari.ufsc.br/

Mateus Bandeira Vargas / Estagiário de Jornalismo da Agecom / UFSC
mateusbandeiravargas@gmail.com

Foto: Henrique Almeida / Agecom / UFSC
henrique.almeida@ufsc.br

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