Encontro fortalece laços de cooperação na América Latina
A ideia de romper fronteiras e construir uma integração que possa ir muito além de acordos econômicos esteve no centro de uma reunião entre argentinos e brasileiros, e contou com a presença do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA/UFSC). O encontro aconteceu na tarde de sexta-feira, 31 de agosto, no campus da Universidade Federal de Santa Catarina e contou com a presença de representantes das quatro universidades da Argentina interessadas em estabelecer convênios de cooperação e intercâmbio com a universidade catarinense. Pela UFSC, compareceram representantes de praticamente todos os centros de ensino da instituição.
A Universidad Adventista del Plata veio representada pela diretora de Ciência e Tecnologia Edith Soriano e pelo professor brasileiro Fabio Pacheco, que ensina naquela instituição; a Universidad Católica de La Plata, pelo diretor de relações internacionais Fernando Brugaletta; a Universidad de Ciencias Empresariales e Sociales, pelo vice-diretor Matín Allegri e a Universidad de Concepción de Uruguai (Entre Rios), por Alejandra Sacconi, diretora regional do campus de Rosario. Todos os representantes manifestaram o grande interesse de suas universidades – todas elas relativamente jovens, como a UFSC – de abrir caminhos de cooperação permanente com a universidade brasileira, em várias áreas do conhecimento.
Foram as próprias universidades argentinas a solicitar que o IELA comparecesse à reunião, pelas referências que já haviam recebido sobre o trabalho desenvolvido pelo instituto no campo dos estudos latino-americanos. Para representar o IELA, compareceram à reunião um de seus ex-presidentes, o professor de História Waldir Rampinelli, a jornalista Raquel Moysés e o bolsista Rubens Lopes, estudante de Jornalismo. Para conhecer o trabalho realizado pelo instituto, os professores argentinos receberam exemplares do Informe Anual do IELA e do livro O mapa da crise – A reinvenção das Ciências Sociais, que reúne artigos de pensadores latino-americanos que participaram como conferencistas do seminário internacional Jornadas Bolivarianas, um dos principais eventos do IELA, já realizado há oito anos.
Também levaram para a biblioteca de suas universidades uma edição do Anuário Educativo Brasileiro, publicação do IELA, resultante do projeto de mesmo nome (http://www.anuarioeducativo.iela.ufsc.br/) que traz uma leitura crítica de notícias sobre a educação brasileira veiculadas pela imprensa em versão online, em várias regiões do Brasil.
Ao manifestar o interesse do IELA em estabelecer laços de cooperação com as universidades argentinas, Waldir Rampinelli lembrou que os estudos latino-americanos representam um campo de reflexão já consolidado em várias partes do mundo, mas ainda bastante limitado na maioria das instituições universitárias do Brasil: “Lamentamos dizer que somos o primeiro instituto desta área criado em uma universidade pública brasileira”. Lembrou que a iniciativa de criar o instituto encontrou não poucas dificuldades, mas hoje representa um espaço reconhecido, que contribui para superar o isolamento e a lógica de departamentos presente nas universidades. Hoje o IELA, que nasceu em 2004, como Observatório de Estudos Latino-Americanos, e se tornou instituto em 2006, representa um espaço coletivo e interdisciplinar de pesquisa, extensão, crítica à razão acadêmica e esforço de criação e valorização de um pensamento próprio latino-americano.
Os professores retornam à Argentina com contatos assegurados para que os caminhos da cooperação e intercâmbio se estabeleçam. Mas o professor Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, secretário de Relações Internacionais da UFSC, destacou a importância dos contatos reais para que acordos de cooperação frutifiquem. Ele salientou a necessidade de que a os vários interessados das cinco universidades dialoguem de modo concreto, pois se assim não for, os convênios firmados acabam por representar apenas papeis, que podem ser guardados em gavetas e esquecidos. Pinheiro Machado Filho falou ainda da importância de que os projetos de cooperação sejam estabelecidos a partir da Secretaria de Relações Internacionais (SINTER), que ele dirige. A Sinter é o órgão que coordena inserção da UFSC no cenário internacional, trabalhando para fortalecer a cooperação e a interação com instituições de ensino no exterior.
Raquel Moysés/Jornalista do IELA