Alimentação saudável após diagnóstico do câncer de mama pode melhorar a qualidade da dieta

24/09/2012 15:08

Pesquisa aponta mudanças na dieta durante o tratamento para o câncer de mama e alerta sobre a necessidade da implantação de estratégias de educação nutricional direcionadas, mesmo com todas as repercussões clínicas.

Mudanças na alimentação após o diagnóstico do câncer de mama alteram significativamente a qualidade da dieta, podendo repercurtir de forma negativa na qualidade de vida do paciente, revela pesquisa realizada pela mestranda e bolsista pela CAPES/Reuni do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina. O estudo foi realizado pela nutricionista e especialista em oncologia, Vanessa Ceccatto, membro do Grupo de Estudos em Nutrição e Estresse Oxidativo (GENEO), coordenado pela professora Patricia Faria Di Pietro, contemplado pelo Edital Universal do CNPq, MCT/CNPq 14/2008.

A pesquisa, realizada em Florianópolis, no Hospital e Maternidade Carmela Dutra, onde avaliou a qualidade da dieta de 78 pacientes diagnosticadas para o câncer de mama entre os anos de 2006 a 2010, que realizaram tratamento adjuvante. As mulheres foram entrevistadas em dois momentos: pré-cirúrgico e pós-tratamento (consumo alimentar referente ao período de tratamento). Para a avaliação da qualidade da dieta foi utilizado o Índice de Qualidade da Dieta – Revisado (IQD-R), sendo considerado uma dieta “inadequada” pontuações menor ou igual a 75,2 pontos, dieta “necessitando de modificações” de 75,7 a 81,8 pontos e dieta “saudável”, acima de 82,0 pontos.

De acordo com o estudo, as pacientes com dieta ‘inadequada” aumentaram expressivamente a qualidade de sua dieta durante o tratamento. Do total, 62% melhoraram sua pontuação e destas 24% passaram a ser classificadas com dieta “saudável”. Mulheres consideradas com dieta “necessitando de modificações” não alteraram de forma significativa a qualidade da dieta durante o tratamento. As mulheres com dieta “saudável” reduziram significativamente a pontuação do índice durante o tratamento, sendo que 38% passaram de uma dieta “saudável” para dieta “necessitando de modificações” e 20% de uma dieta “saudável” para uma dieta “inadequada”.

Segundo Vanessa, a inadequação da dieta foi relacionada ao baixo consumo de frutas e verduras e o consumo excessivo de uma miscelânea de alimentos densamente calóricos com baixo valor nutricional. “Quanto pior a qualidade da dieta, com menor consumo de frutas e verduras e mais ingestão de gordura, maior o risco de recidiva da doença”. A mestre ressalta que as gorduras sólidas (manteiga, banha, gorduras vegetais hidrogenadas, molhos tipo hidrogenado), o álcool (calorias oriundas do álcool e do açúcar em bebidas alcoólicas) e o açúcar adicionado em sucos, cafés, chás, refrigerantes, sucos prontos, geleias, gelatina e alimentos prontos e processados estão associados ao maior risco de recorrência da doença, especialmente em mulheres na pós-menopausa.

O tratamento para o câncer de mama exige cuidado integral e de uma equipe multidisciplinar uma vez que as diferentes modalidades terapêuticas desencadeiam efeitos colaterais, que afeta a seleção de alimentos. A pesquisadora ressalta que “as pacientes com a doença alteram seus hábitos alimentares por acreditarem que, além dos possíveis efeitos diretos da dieta saudável na prevenção secundária, há uma série de benefícios psicológicos, como melhora da autoestima e do humor, embora a preocupação com a alimentação possa ser afetada pelo estresse em passar pelo diagnóstico e quimioterapia”.

O câncer de mama apresenta a maior incidência mundial entre todas as neoplasias femininas e é causado pela interação de fatores genéticos e ambientais como fumo, consumo de bebida alcoólica, dieta, obesidade e sedentarismo, todos modificáveis. No Brasil, a doença é responsável pelo maior número de óbitos por câncer entre as mulheres. Entre os fatores ambientais, a dieta tem atraído considerável atenção, pois oferece a oportunidade de criar estratégias preventivas.

 

Informações para a imprensa: Vanessa Ceccatto

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