Cinedebate exibe filme de Zeca Pires para discutir cuidados com a terceira idade

13/07/2012 13:08

Para a socióloga Mônica Siedler, o cinedebate é uma forma de oferecer lazer, cultura e a chance de refletir

Criado há 12 anos pela socióloga Mônica Siedler e pela pedagoga Eloa Cagliari Vahl no Núcleo de Estudos da Terceira Idade (Neti), o projeto Cinedebate em Gerontologia teve mais uma sessão na manhã de hoje, sexta-feira, desta vez no auditório do Hospital Universitário da UFSC. O público teve a oportunidade de assistir ao filme “Ilha”, do cineasta Zeca Pires, que narra o reencontro de pai e filha após mais de 20 anos de separação. Depois, os presentes responderam questões relativas ao enredo e fizeram reflexões sobre a questão do cuidado envolvendo os personagens.

“O cuidado é um assunto relevante hoje em dia, porque as famílias estão cada vez menos numerosas e quase todos os filhos tendem a se tornar cuidadores de pessoas idosas no futuro”, diz Mônica, que também é mestre em enfermagem. No caso do filme, a distância entre os dois personagens centrais acabou reforçando o debate em torno do cuidado, porque só no final da vida o pai escreveu manifestando o desejo de rever a filha que abandonou quando esta tinha oito anos de idade. Apesar das diferenças e do trauma da separação, ela atende o desejo do pai de ver o mar pela última vez.

O projeto tem sessões semanais e usa o cinema como atrativo para envolver pessoas da terceira idade na discussão de temas de seu interesse. “Elas costumam acreditar muito no que veem na televisão e são influenciadas pelas imagens, por isso aproveitamos filmes de todas as nacionalidades e estilos para provocar a reflexão”, diz Mônica. Uma prova do sucesso da iniciativa é que outros grupos, em clubes e nos círculos pessoais, estão realizando sessões de cinema com esse objetivo. “É uma forma de oferecer lazer, cultura e a chance de refletir”, reforça ela. “Em suma, trabalhamos o viver”.

A mudança na configuração populacional no Brasil gera necessidades que não existiam no passado, como a preocupação com a qualidade de vida na velhice e a possibilidade de discutir em grupo os dramas e anseios de quem entra nessa faixa etária. Para Eloa Vahl, que é mestre em educação, a percepção do envelhecimento é condicionado pela mídia e por vivências anteriores das pessoas. Por isso a importância de combater preconceitos e desconstruir crenças arraigadas que prejudicam a plena vivência das emoções e sentimentos dentro e fora do ambiente familiar.

Núcleo do HU – Esta etapa do projeto Cinedebate em Gerontologia foi realizado no Hospital Universitário a pedido do Núcleo de Dislipidemia (Nipead) da UFSC, que faz reuniões mensais com portadores de problemas cardiovasculares. De acordo com Liliete Souza, professora de análises clínicas da UFSC e integrante do núcleo, há palestras com professores de nutrição, educação física e cardiologia,  mostrando como conviver com a doença. O núcleo também oferece atividades lúdicas, biodança e meditação com práticas do budismo tibetano.

Mais informações:
Neti – (48) 3721-9445

Por Paulo Clóvis Schmitz, jornalista da Agecom. Fotos: Henrique Almeida, Agecom.

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