Reitora recebe comando de greve
A reitora Roselane Neckel recebeu por quase duas horas na tarde desta quarta-feira, dia 13 de junho, cerca de 20 pessoas do comando de greve dos trabalhadores da UFSC. Estavam também presentes, entre outros, o chefe de gabinete Carlos Vieira e a adjunta Elci Junckes, a secretária de gestão de pessoas Neiva Aparecida Gasparetto Cornélio e a pró-reitora de assuntos estudantis Beatriz Augusto de Paiva.
A reitora afirmou ter recebido a documentação encaminhada com as demandas que já estavam no site do Sintufsc e, que como já havia dito na sessão da véspera do Conselho Universitário (CUn), que aprovou moção de apoio aos STAs, se colocava à disposição para dialogar junto ao MEC e à Andifes pelas questões da pauta nacional da greve.
Relatou que, em sua primeira reunião com o presidente da Andifes, havia solicitado reunião no MEC.
Várias pessoas do comando tiveram a palavra e expressaram as reivindicações, apreensões e demandas do Sintufsc:
— Há um impasse com o governo federal, desde 2007, em relação aos vários problemas do plano de carreira que ainda se encontram sem solução, sendo um dos mais gritantes que pessoas estão exercendo funções com mais responsabilidade que seus cargos e recebendo salário inferior;
— Não houve aumento nem reposição salarial em 2011 e 2012 e para 2013, até o momento, não está previsto e diante destes impasses, considerando que já aconteceram 52 reuniões com o governo, a assembleia, em conjunto com STAs de outras instituições deliberou pela greve;
— A terceirização crescente da universidade que já ultrapassa mil servidores, sendo que no Restaurante Universitário os terceirizados vêm sendo sobrecarregados;
— A questão dos estudantes bolsistas que muitas vezes substituem os trabalhadores em greve;
— STAs do Hospital Universitário e Centro de Comunicação e Expressão (CCE) que denunciaram estar sob pressão de chefias para não entrarem em greve;
— A necessidade de se esclarecer que o servidor em estágio probatório tem direito legal de entrar em greve;
Disseram, ainda, que estão tentando mobilizar os setores para que a greve seja forte e possa ter repercussão, para que haja valorização dos STAs, já que os salários estão tão baixos em relação a outros setores do governo federal que a universidade passou a ser um espaço de transição entre um concurso público e outro em que a pessoa ingresse num melhor plano de carreira.
Também foram lembradas questões da pauta interna dos trabalhadores que foram entregues no momento da posse, como a questão da jornada de trabalho de seis horas e que o comando gostaria de saber se já havia algum encaminhamento que a reitora pudesse dizer que estava sendo tomado para que se saísse da reunião com propostas encaminhadas, já que o governo se mostrava tão distante para conceder reajustes e tão próximo para efetivar cortes, como os dos adicionais de periculosidade e insalubridade. Foi agradecida a presença da secretária Neiva que já estava estudando a questão da implantação das 30h, e de como se dava este funcionamento em outras instituições e da novidade da Secretaria de Gestão de Pessoas também estar em greve para atendimento externo, excetuando situações emergenciais.
Roselane respondeu que há uma pauta nacional importante e que tem clareza do movimento pelo seu histórico de participação como grevista e também em comando de greve e que entende que há três momentos fundamentais: mobilização, conscientização e politização. Destacou que é necessário respeitar decisões individuais mantendo o diálogo e a urbanidade e que para além do movimento paredista é preciso a consciência crítica do momento político nacional, sendo que a politização não se dá só parando as atividades, mas no diálogo e nas atitudes como a recente marcha de estudantes e professores da UNIFESP fechando a Avenida Paulista.
A reitora disse ter consciência da defasagem do plano de carreira dos STAs que se encontram na 60ª posição na lista de salários, abaixo do que se diria de uma categoria valorizada.
Relatou que em reunião na segunda-feira, com os diretores de centro de ensino ressaltou a importância de que a decisão de cada um ou cada uma fosse respeitada e que não houvesse constrangimento ou pressão sobre as pessoas que decidiram não aderir à greve.
Ainda em relação à pauta interna disse que o comando conhecia sua posição em relação ao ponto eletrônico que, para ela, não garante comprometimento institucional ou com a coisa pública e, que estava sendo feito um estudo cuidadoso sobre a questão, já que temos autonomia pedagógica, mas não financeira.
Em relação à questão do reposicionamento dos aposentados já acompanhou como conselheira do CUn e vai continuar acompanhando a questão.
Outro ponto crucial é o Hospital Universitário e sua relação com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (ESBERH). Foi solicitado que as pessoas da empresa viessem apresentar à administração central e ao Conselho Universitário a proposta já que a adesão ou não deve acontecer até 30 de junho, ressaltando que não tomará qualquer decisão que não seja um processo conjunto com sindicato, HU, Comitê Estadual de Saúde Pública, entre outros que devem ser ouvidos. “É um processo que tem que ser construído”, disse Roselane, que também esclareceu os entraves quanto à eleição no HU (sobre o assunto leia mais em : http://noticias.ufsc.br/2012/06/13/reitoria-e-conselho-diretor-do-hu-se-reunem-para-debater-eleicoes/).
Outras questões que estão sendo encaminhadas são: arquivamento do processo de criminalização contra servidores e estudantes; reposição de cargos extintos; projeto de paisagismo que está sendo estudado com a prefeitura do campus e a questão dos bolsistas, lembrando que , quando fez parte da comissão de reestruturação das bolsas, foi contra a questão das bolsas trabalho, mas sempre defendeu a necessidade da garantia da permanência dos estudantes na universidade.
A reitora afirmou ainda que haverá uma mudança no orçamento institucional de forma a favorecer a permanência dos estudantes, incluindo a questão da moradia estudantil.
Roselane explicitou que gostaria de conversar com o comando sobre serviços essenciais faltando três semanas para término do semestre, como a questão do Restaurante Universitário e o Almoxarifado, tentando evitar tensões e fragilizações, já que é grande a diversidade da universidade e enquanto reitora ela tem que ouvir e estar atenta a todos os setores.
Foi também colocada a questão dos vigilantes em greve, que tiveram ameaça de ser cortado o adicional noturno e o vale alimentação. Roselane esclareceu que era algo que vinha da greve que aconteceu na administração anterior e que estava sendo estudado se havia um nó jurídico em relação à questão.
Beatriz Paiva defendeu a permanência do RU aberto garantindo a alimentação de mais mil alunos em situação de extrema pobreza. Na greve anterior estes estudantes ficaram na terrível situação de se alimentarem uma vez por dia. Destacou que a alimentação é necessidade básica do ser humano e que seria necessário manter o RU funcionando até o fim do semestre e que não era justo que a greve prejudicasse os mais fracos, já que os estudantes carentes seriam os mais afetados, porque os que tinham recurso se alimentariam nos restaurantes do entorno do campus.
Roselane ratificou que o RU pode se transformar num espaço de mobilização, conscientização e politização e pediu para ser avisada previamente quando de qualquer decisão sobre fechamento.
As pessoas do comando de greve disseram ser muito difícil manter o RU aberto e que o fechamento já estava sendo cobrado pelos grevistas.
A reitora encerrou dizendo manter a disposição da abertura ao diálogo permanente, sempre mantida a urbanidade.
Por Alita Diana/jornalista da Agecom
Fotos: Wagner Behr/Agecom
Assista ao Video sobre o encontro realizado pela TV UFSC – Universidade Já