Comitê leva à Rio+20 proposta de aproximar a sustentabilidade da educação

12/06/2012 12:39

Todas as propostas recolhidas pelo Comitê Facilitador da Sociedade Civil Catarinense para a participação na Rio+20 convergem para um foco central: a necessidade de trazer os temas da agenda sustentável para a esfera da educação. Essa constatação foi feita pelo professor Daniel José da Silva, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/ CTC da Universidade Federal de Santa Catarina e um dos criadores do comitê, que conta também com as participações do Fórum Permanente para a Preservação do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais (ligado à Assembleia Legislativa do Estado) e do Grupo Transdisciplinar de Pesquisa em Governança da Água e do Território.

Na conferência local que preparou a presença do comitê catarinense na Rio+20, realizada no último sábado em Florianópolis, foram apresentados os resultados de seis grandes temas discutidos em todo o Estado, cuja síntese, a ser elaborada até quinta-feira, será levada para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, nome oficial da Rio+20, que será aberta amanhã, dia 13, e para a Cúpula dos Povos, que vai de15 a23 de junho, também no Rio de Janeiro.  O documento será protocolado oficialmente no evento, na semana que vem. No próximo sábado, dia 16, um encontro deverá reunir 40 mil jovens do mundo inteiro, dentro da programação da conferência, e na semana que vem a discussão se estenderá ao campo diplomático, com a presença de chefes de Estado de várias partes do mundo.

Mais consciência – Para o professor Daniel José da Silva, a questão da sustentabilidade precisa ser incorporada às estruturas formais da educação, seja nas universidades, seja nos ciclos básicos. Hoje, o assunto é tratado de maneira periférica. “Na UFSC, temos perto de cinco mil disciplinas, e apenas uma é voltada para o tema”, diz ele, referindo-se aos Fundamentos da Educação Ambiental, que é matéria optativa por ele ministrada no curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da instituição.

O professor acredita que os jovens é que poderão transformar o planeta para melhor, por que são conscientes de que representam o futuro, enquanto “os adultos já não têm tempo para se dedicar a isso”. Ele acha que a política, a religião e a economia, que “é cega e autofágica”, também pouco podem contribuir para os avanços, e que só a consciência e as ações pessoais instalarão a cultura da sustentabilidade.

Sem se empolgar nem descartar a economia verde, o professor ressalva que “as iniciativas individuais é que fazem a diferença”. E cita um exemplo: “Quem vem da China para visitar o Itaimbezinho está ajudando a poluir, pela queima do combustível dos aviões, mas as empresas têm como incorporar e mitigar esse impacto”.

Ele também critica a cultura da indiferença, que impede a conexão do homem com a natureza. Esse problema é ainda mais acentuado nos Estados Unidos e na China, os grandes poluidores do planeta, tanto que o presidente Barack Obama não assinou o protocolo da biodiversidade. Neste sentido, a educação tem um papel preponderante na mudança de paradigmas, promovendo um movimento das pessoas em direção às organizações, pressionando pelas mudanças necessárias.

Daniel da Silva diz que, felizmente, aumenta o número de pessoas que faz a separação do lixo seco e do orgânico, embora esse grupo represente menos de 15% da população. “Quem recicla e dá o encaminhamento adequado ao lixo nunca mais volta atrás e se sente mal se um dia não fizer isso”, afirma. Na própria UFSC, exemplifica, cada vez mais pessoas usam canecas próprias em vez de copos plásticos.

Barco solar – Uma unidade em tamanho real do Barco Solar, construído em parceria pela UFSC e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), será mostrada durante a Rio+20. O barco, com capacidade para 22 pessoas, ficará exposto no Espaço Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, entre os dias 13 e 22 deste mês. No médio prazo, seu objetivo é gerar renda para as comunidades amazônicas.

A Rio+20 também vai conhecer o projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água, coordenado pelo professor Paulo Belli Filho, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC.

Mais informações com o professor Daniel José da Silva, pelos fones (48) 3721-7736.

Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom

 

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