Plínio de Arruda Sampaio Filho discute questão agrária em seminário
A palestra de abertura do seminário nacional “A questão agrária no desenvolvimento brasileiro contemporâneo” aconteceu nesta quinta-feira, dia 1º, no auditório do Centro Sócio-Econômico (CSE) da UFSC, com o professor Plínio de Arruda Sampaio Filho, do Instituto de Economia da Unicamp, que discutiu os problemas de formação da conjuntura social brasileira em relação à “contra reforma agrária”. O economista levantou a discussão sob os conceitos e estudos de Caio Prado Júnior, importante historiador e estudioso das causas sociais do Brasil. Para a palestra de abertura foi convidado o seu pai, Plínio de Arruda Sampaio, ex-candidato a presidente nas eleições de 2010 e ativista político brasileiro, que por problemas de saúde não pode comparecer ao evento.
Plínio de Arruda Sampaio Filho, mais conhecido como “Plininho”, começou a exposição destacando os problemas de formação do Brasil desde a chegada dos colonizadores portugueses. Segundo ele, o Brasil tem problemas de formação na construção social, que é estrutural e provocado pela burguesia capitalista – que não soluciona o problema da miséria da população e da distribuição de terras -. Plininho ressaltou as principais questões que privam o Brasil de ficar independente da pobreza. “Os problemas do Brasil estão na sua formação, o que unifica todo o pensamento brasileiro. Os grandes problemas do Brasil são a dependência econômica externa e a desigualdade extrema”.
O palestrante percorreu a história do país através de livros e exposições de Caio Prado. Explicou que se deve resgatar o estudo dos autores clássicos brasileiros com afastamento. “O importante não é canonizar os autores, o importante é resgatá-lo numa perspectiva crítica para entender a cabeça de Caio Prado”.
Plininho salientou os motivos para que a reforma agrária não tenha acontecido no Brasil. Para ele, a burguesia brasileira enxerga a distribuição de terras como uma ameaça para a o capital financeiro e a produção industrial. “A questão agrária deixa de ser um fator estratégico para o desenvolvimento do capital. Para a burguesia capitalista é importante perpetuar a pobreza do campo”, ao explicar que os sem-terras tornaram-se um problema de segurança pública para a organização política brasileira e a importância da exploração do trabalho para a manutenção do lucro das indústrias. “A questão agrária se reproduz porque o problema de formação do Brasil não foi resolvido”, comentou.
“Talvez a pobreza não seja problema da burguesia brasileira, mas seja necessária para o desenvolvimento do capitalismo brasileiro”. Com essa frase, Plininho encerrou sua palestra.
O seminário é uma realização da Cátedra-IPEA, sob a coordenação do professor Lauro Mattei e do NECAT-UFSC. Outras informações com o professor Lauro pelos telefones (48) 3721-9896 e 9908-6210 ou pelo endereço http://caleufsc.blogspot.com/2011/11/seminario-nacional-questao-agraria-no.html.
Por Ricardo Pessetti / Bolsista de Jornalismo da Agecom