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O reuso da água é um conceito novo, e vem sendo aplicado de forma ainda muito incipiente na indústria. Pensando em aumentar a consciência sobre a importância de reutilizar a água em processos industriais é que a Universidade Federal de Santa Catarina está realizando no hotel Majestic, em Florianópolis, o VII Workshop sobre Gestão e Reuso de Água na Indústria,que terá 21 palestras até a tarde de sexta-feira, dia 11, com a participação de 110 inscritos, representando 41 instituições e empresas de vários estados brasileiros.

Na manhã desta quinta-feira, dia 10 de novembro, ocorreu a abertura do evento, com uma palestra sobre a legislação referente ao uso sustentável e eficiente da água, ministrada pelo coordenador de Recursos Hídricos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Sanderson Alberto Medeiros Leitão. Ele destacou alguns avanços na aplicação de normas relativas ao aproveitamento da água e disse que até países mais desenvolvidos têm se baseado na legislação brasileira neste campo.

“O problema da escassez em algumas regiões pode ser atenuado pelo reuso”, afirmou o coordenador. “Essa questão tem papel fundamental na economia verde, que busca uma produção mais limpa e sustentável e se insere até na luta pela erradicação da pobreza. Com a resolução nº. 121, aprovada em dezembro do ano passado, se criaram as condições para o reuso nas modalidades agrícola e florestal, que exige controles rígidos porque repercute na qualidade dos alimentos consumidos por homens e animais”.

Sanderson Leitão afirmou que no Japão há condomínios inteiros que mantêm sua própria estação de tratamento de esgotos, utilizando a água remanescente em outros fins, como lavação de pisos e na descarga de banheiros. E, em Brasília, está sendo projetado um “bairro ecológico”, que terá uma rede de reuso da água. “Isso demonstra um progresso importante, que implica em ganho ambiental e em ganho econômico”, disse ele.

No debate que se seguiu, o representante do ministério foi questionado sobre as razões do tratamento de apenas 15% do esgoto no país, o que vai contra o discurso ufanista do governo de que o sistema brasileiro de gestão dos recursos hídricos serve de modelo para nações mais ricas. Sanderson Leitão admitiu que há muito ainda a avançar nesse campo e disse que o Conselho Nacional de Recursos Hídricos não tem poder deliberativo e normativo para interferir nessa questão.

Para o professor José Carlos Cunha Petrus, do Departamento de Engenharia Química e de Alimentos da UFSC, o workshop é referência no país, porque o assunto ainda é pouco discutido no âmbito empresarial. “Não existe uma legislação federal para o tema, e este evento é uma forma de tentar incluí-lo na pauta das discussões para os próximos anos”, afirmou. O workshop é uma realização dos departamentos de Engenharia Química e de Engenharia de Alimentos da Universidade, com apoio da Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (Feesc).

Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom