SIC 2014: pesquisa analisa carência nutricional após cirurgias bariátricas em pacientes obesos mórbidos

23/10/2014 09:34
Legenda para a foto: Armando Ferreira pretende estender a pesquisa por mais um ano. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Armando Ferreira pretende estender a pesquisa por mais um ano. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Armando Ferreira Fonseca Junior é estudante da sexta fase do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e apresentou, pela primeira vez, nesta quarta-feira, 22 outubro, sua pesquisa “Perfil metabólico-laboratorial dos pacientes candidatos à cirurgia de obesidade”, na 24ª edição do Seminário de Iniciação Científica (SIC) da UFSC. O estudo analisou o possível agravamento das carências nutricionais em pacientes obesos mórbidos após cirurgias bariátricas. A pesquisa é resultado de um ano e meio de estudo, sob orientação da professora de Neurologia do Departamento de Medicina da Universidade, Katia Lin.

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, e, para diagnosticá-la, é utilizado como parâmetro o Índice de Massa Corporal (IMC) – calculado pela divisão do peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. A obesidade caracteriza-se, portanto, por IMC maior ou igual a 30, e a obesidade mórbida por IMC maior ou igual a 35, com a presença de comorbidades, ou maior que 40, sem comorbidades. As comorbidades são doenças que surgem ou se intensificam com a obesidade, como problemas cardíacos, diabetes Mellitus tipo II, hipertensão e trombose. No Brasil, aproximadamente 16% da população é obesa – o que corresponde a cinco vezes o estado de Santa Catarina –, e 1,5 milhão de brasileiros são obesos mórbidos, aproximadamente 3,5 vezes a cidade de Florianópolis.

A cirurgia bariátrica de redução de peso foi instituída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para diminuição da quantidade de obesos e obesos mórbidos no Brasil. Por meio dessa cirurgia, é feita a redução do tamanho do estômago ou o desvio do caminho percorrido pelo bolo alimentar para fora dos segmentos intestinais, com maior capacidade absortiva. Dessa forma, a cirurgia tem caráter disabsortivo – impede que o indivíduo absorva alguns nutrientes como vitamina D, vitamina B12, ácido fólico, entre outros.

Para a pesquisa, foram selecionados 51 pacientes do Ambulatório de Endocrinologia e do Ambulatório de Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário (HU), dos quais 44 são mulheres. Após aplicação de um questionário, elaborado pelo estudante e pela orientadora, e coleta de dados nutricionais dos pacientes, percebeu-se que há carência significativa de diferentes nutrientes. As principais carências são de vitamina D (63% dos pacientes) e cálcio (16%), seguidos por albumina (11%), fósforo (8%) e vitamina B12 (2%). Segundo Ferreira, as carências nutricionais encontradas são menores do que as esperadas como resultado.

A pesquisa mostra que um agravante para o obeso e o obeso mórbido é o fato de eles não reconhecerem a quantidade de calorias que consomem por dia. De acordo com o formulário aplicado, o obeso mórbido acredita consumir 1117 calorias diárias, mas um adulto de 70 anos e saudável consome em média 2 mil calorias por dia. Dessa forma, após a cirurgia bariátrica, sem orientação adequada o paciente poderá intensificar sua carência nutricional por manter a mesma dieta imprópria. Para melhor análise dos pacientes obesos e obesos mórbidos após cirurgias bariátricas, Armando Ferreira afirma que a pesquisa se estenderá por mais um ano.

O 24ª Seminário de Iniciação Científica (SIC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) segue até sexta-feira, 24 de outubro, no piso superior do Centro de Cultura e Eventos da UFSC.

Laura Fuchs/Estagiária de Jornalismo/DGC/UFSC

 

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