Pesquisa mostra que estado nutricional influencia sobrevida de pacientes em hemodiálise

29/04/2014 15:50

Em estudo realizado pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGN-UFSC), Letícia Maria Führ, orientada pela professora Elisabeth Wazlawik, observou que pacientes desnutridos, com doença renal crônica, apresentaram maior risco de óbito do que os nutridos, também submetidos à hemodiálise.

Foram acompanhados 138 pacientes submetidos à hemodiálise, de duas clínicas da região da Grande Florianópolis; o período de acompanhamento foi de um ano, durante o qual 17 pacientes foram a óbito – uma taxa de 12,3%.

A fim de reconhecer quais as formas mais apropriadas de identificação do risco de óbito, o estudo também comparou os métodos compostos de avaliação do estado nutricional: ASG (avaliação subjetiva global), NRS 2002 (rastreamento de risco nutricional 2002 – nutritional risk screening 2002) e MIS. Este e o NRS2002 identificaram melhor o risco de óbito, pois são de fácil aplicação e podem ser utilizados nas clínicas renais.

Os resultados da pesquisa corroboram outros estudos, ao identificar a importância do estado nutricional para a sobrevida dos pacientes. Uma vez que a ocorrência de óbito foi alta e associada ao comprometimento nutricional dos indivíduos, destaca-se a importância da avaliação incluindo o MIS e a necessidade de monitoramento contínuo, para propiciar a melhora do estado nutricional de pacientes em tratamento hemodialítico.

Sobre a doença

A doença renal crônica é um grave problema de saúde que compromete a função dos rins, e para a qual, em seus estágios mais avançados, é indicada uma terapia renal substituta, como a hemodiálise, que consiste na filtração extracorpórea do sangue, a partir de uma máquina chamada dialisador.

Segundo estimativa do censo de diálise de 2011, havia no Brasil aproximadamente 92 mil indivíduos sob esse tipo de tratamento, ou seja, 475 pacientes para cada milhão de pessoas – taxa inferior às encontradas no Chile, Uruguai, Estados Unidos e em países da Europa. Além disso, com as variações regionais do Brasil, as taxas da região Sudeste estão mais próximas das dos países desenvolvidos.

Segundo esse censo, a maioria dos indivíduos em terapia renal substituta no Brasil realizava hemodiálise, e 84% eram atendidos pelo SUS. Uma prevalência de óbito de 19,9% se mostra crescente quando analisados os dados anteriores, desde o ano de 2008: a taxa de 15,3% aumentou para 17,1% (2009), 17,9% (2010) e 19,9% (2011), mesmo com os avanços no tratamento.

Como o estado nutricional interfere no prognóstico de várias doenças, avaliar os indivíduos em tratamento hemodialítico por meio de técnicas apropriadas é fundamental para minimizar o risco de desnutrição dos pacientes.

Na prática clínica, vários métodos podem ser empregados; porém, as medidas comumente utilizadas, em geral, podem ter a interferência de fatores relacionados à doença renal, como edemas, o estresse decorrente do tratamento e as restrições dietéticas.

Métodos compostos têm sido mais indicados por observar diferentes aspectos da desnutrição e detectar mais fácil e precocemente as alterações. O MIS (malnutrition inflammation score – escore de desnutrição-inflamação) é um método desenvolvido especificamente para pacientes renais, recomendado por considerar fatores de risco importantes, como tempo de hemodiálise, parâmetros laboratoriais, índice de massa corpórea (IMC), perda de peso, alterações de apetite e capacidade funcional.

Mais informações pelos e-mails leticia.fuhr@yahoo.com.br e e.wazlawik@ufsc.br, ou pelo telefone do Laboratório de Nutrição Clínica: (48) 3721-2281

Edição: Alita Diana / jornalista da Agecom / Diretoria-Geral de Comunicação/ UFSC
Revisão: Claudio Borelli / Agecom / Diretoria-Geral de Comunicação/ UFSC

 

 

 

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