EdUFSC traduz e organiza a ‘poesia inumana’ do grande poeta de Trieste
Inumano, póstumo, espontâneo, melancólico, social, ecológico e engajado. Esse é o poeta italiano, de Trieste, Umberto Saba, pseudônimo de Umberto Poli (1883-1957), um dos grandes nomes da literatura europeia do século XX. Em trabalho inédito oferecido aos leitores brasileiros, a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) lançou O homem e os animais – Poemas de Umberto Saba, organizado pelas professoras e escritoras Patricia Peterle e Lucia Wataghin, com tradução de Aurora F. Bernardini. Além dos poemas que marcam a relação do escritor com os animais e, de quebra, denunciam as fraquezas humanas, o livro da EdUFSC inclui ensaios das organizadoras e do tradutor. Uma “nota introdutória” situa também o leitor e contextualiza a obra. “O tema da prisão, do estar enjaulado, é uma das inquietantes problemáticas do século XX, trabalhadas até o limite mais extremo pelo poeta por meio de diferentes imagens de animais”, assinalam as organizadoras.
Nos poemas selecionados pelas estudiosas, Umberto Saba “registra o sofrimento na distância que separa os animais da crueldade dos homens”. É o pássaro, preso, engaiolado. O próprio Saba torna seus poemas mais acessíveis através de notas explicativas. Da seleção editada pela EdUFSC, destacam-se os poemas dos volumes “De Casa e Campo”; “De Trieste e uma mulher”; “Epígrafe”; “Pássaros”; “Quase um relato”; e “Seis poemas da velhice”. O autor nutre uma relação especial com os bichos de pena. Passarinhos, galinhas, canarinhos, pombos, melros servem de “contraponto para se pensar também o próprio viver humano”. Segundo Patricia Peterle, “são essas criaturas, que num momento de profunda melancolia, trazem um pouco de vida ao cotidiano de poeta”. Trieste, cidade portuária e fronteiriça, influencia diretamente a literatura do intelectual. “Uma exploração que tem a potência de destrinchar um comum e um cotidianos e ilegíveis pelo próprio ritmo das vidas que ali habitam, captados pela sensibilidade singular do poeta”, lembra Peterle.
(mais…)
























