Há 4 anos, disciplina do curso de Administração da UFSC engaja estudantes em iniciativas sociais

17/06/2016 17:04

Com um projeto que busca levar à praia crianças de uma ONG no morro do Mocotó, outro que planeja a revitalização de um campo de esportes na Biblioteca Pública Barreiros Filho, no Estreito, e um terceiro que insere o empreendedorismo na vida de jovens da Escola de Educação Básica Getúlio Vargas, no Saco dos Limões – assim segue o semestre dos estudantes da oitava fase de Administração da UFSC, em disciplina ministrada pelo professor Marcos Bosquetti desde 2012.

A disciplina “Administração de Projetos” tem sido gatilho para que os alunos do curso desenvolvam, na prática, habilidades de gestão, finanças, contabilidade e marketing. Mas, para além disso, tem cumprido um papel de motivar esses jovens a pensarem maneiras de “melhorar a vida das pessoas”, como disse o professor Marcos. A ideia, segundo ele, é “devolver para a sociedade” o investimento público nas instituições de ensino superior.

Mar à Vida é o nome de um dos projetos da turma da manhã. Inspirados na proposta do estudante e gerente do projeto Bernardo de Furtado Mendonça, que surfa desde pequeno, os alunos decidiram realizar um trabalho de surf e educação ambiental junto às crianças da Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (ACAM). “Estar dentro da água sempre me fez muito bem, e a ideia que eu tinha no começo era compartilhar esse sentimento com todo mundo. Como o surf está envolvido com o meio ambiente e a natureza, a gente quis implementar algo em relação a sustentabilidade”, conta Bernardo.

A ACAM é uma organização não governamental (ONG) que proporciona atividades para as crianças da comunidade do Morro do Mocotó no período em que elas não estão na escola. Depois de realizar algumas visitas à associação, os estudantes do curso levaram essas crianças para conhecer o campus Florianópolis da UFSC, no bairro Trindade, explicando “que a universidade é pública e todos têm direito a ela”, como conta Bernardo. Como meta final do projeto, os alunos vão promover um dia de aulas de surf e educação ambiental juntamente com a Route, iniciativa que nasceu em Florianópolis e existe há 6 anos realizando ações de limpeza nas praias.

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Crianças da ACAM em visitação à Universidade Federal de Santa Catarina, pelo projeto Mar à Vida. Foto: divulgação

Esporteca, da turma que cursa a disciplina à noite, pretende revitalizar a Biblioteca Pública Municipal Professor Barreiros Filho, localizada na Rua João Evangelista da Costa, no Estreito. A biblioteca, que realiza diversos projetos artísticos e esportivos com o intuito de integrar a comunidade e despertar nos jovens o interesse pela leitura, carecia de estrutura adequada, de modo que os alunos do professor Marcos decidiram se dedicar à construção de um campo para esportes, além de se comprometerem com o incentivo às atividades.

O campo foi estimado em 25 mil reais, dos quais, segundo a gerente do projeto Silvana Ortiz, ainda faltam cerca de 8 mil. O dinheiro foi levantado por meio de rifas, pedágios e patrocínios – com a prefeitura, por exemplo, os alunos conseguiram a construção de postes para iluminação do local.  Além da revitalização, os estudantes levaram o time Joaca Rugby Clube até a biblioteca para dar aulas de rugby às crianças da escola estadual Jornalista Jairo Callado.

Campo da Biblioteca Pública Municipal Prof. Barreiros Filho, que o projeto Esporteca pretende revitalizar. Segundo foi postado na página do projeto no facebook, "a grama está surrada, não tem marcação no campo, as traves estão velhinhas e não tem iluminação". Foto: divulgação.

Campo da Biblioteca Pública Municipal Prof. Barreiros Filho, que o projeto Esporteca pretende revitalizar. Segundo foi postado na página do projeto no facebook, “a grama está surrada, não tem marcação no campo, as traves estão velhinhas e não tem iluminação”. Foto: divulgação.

Ao final do processo, a ideia é realizar uma festa junina para comemoração. Silvana conta que a experiência com o projeto está sendo “desafiadora e enriquecedora” e que a “tirou da zona de conforto”. De acordo com ela, “é muito gratificante saber que a gente pode, sim, mudar o futuro de muitas pessoas, de crianças que passarão por ali. Se cada um fizer a sua parte, não precisa muito, já faz uma grande diferença”.

O terceiro projeto, também da turma da manhã, chama-se Saber & Fazer. Busca mostrar aos jovens da Escola Estadual de Educação Básica Getúlio Vargas, no Saco dos Limões, “que o empreendedorismo pode ser mais uma opção” profissional e para “tentar ajudar as famílias” desses alunos, segundo conta o professor Marcos.

Os estudantes da disciplina desenvolveram apostilas e levaram profissionais à escola para explicar o que é empreendedorismo e como funcionam as pequenas empresas. Como atividade prática, os jovens do colégio foram divididos em grupos e orientados pelos estudantes universitários a criar um produto – desde pensar que matéria prima seria utilizada até o design para sua comercialização. Dia 24 de junho, haverá uma feira na própria escola para exposição e venda, com dinheiro fictício, desses produtos, e os alunos que tiverem melhor desempenho serão premiados com troféus.

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Jovens da escola de educação básica Getúlio Vargas realizando a confecção de seus produtos para a feira de empreendedorismo que o projeto Saber & Fazer está promovendo.

 Carolina Maingué Pires/Estagiária de Jornalismo/Agecom/UFSC

 

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