Cine Paredão apresenta nesta sexta-feira ‘O dia que durou 21 anos’
Para começar as atividades do projeto ” Cine Paredão”, o mês de abril será dedicado à lembrança dos 50 anos do Golpe Militar de 1964. Todas as sextas-feiras do mês, será exibido um documentário sobre esse período tão conturbado da sociedade brasileira, buscando mostrar outros lados do movimento autoritário que amedrontou o país em uma época marcada pela censura aos meios de comunicação e de violenta repressão política. Nesta sexta-feira, 4 de março, às 20h, no Bosque do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), será apresentado o documentário “O Dia que Durou 21 Anos”, dirigido pelo diretor mexicano Camilo Galli Tavares.
O golpe estabeleceu um regime alinhado politicamente aos Estados Unidos e acarretou profundas modificações na organização política do país, bem como na sua vida econômica e social. Além da limitação da liberdade de opinião e expressão, de imprensa e organização, naquela época tornaram-se comuns as prisões, os interrogatórios e a tortura daqueles considerados suspeitos de oposição ao regime – comunistas ou simpatizantes, sobretudo estudantes, jornalistas e professores. Dessa violenta ruptura institucional, ocorrida há 50 anos, não há absolutamente nada a comemorar; não houve vencedores, nem vencidos.
Os organizadores do evento destacam que “os componentes do projeto lembram os eventos recém-ocorridos no Bosque do CFH, local das sessões semanais do Cine Paredão: no dia 25 de março deste ano, a Polícia Federal se fez presente no ambiente da UFSC e assustou estudantes, professores, técnicos-administrativos e crianças que passavam pelo local – todos presenciaram um verdadeiro cenário de guerra, que remontava aos piores momentos do Golpe Militar de 64. A polícia feriu muitos princípios constitucionais, feriu a autonomia da instituição de ensino, feriu a liberdade intelectual da comunidade acadêmica e agiu de forma extremamente incoerente e desmedida”.
Por isso, o Cine Paredão relembra os 50 anos da tomada do poder pelos militares, começando com o documentário “O Dia que Durou 21 Anos”, dirigido pelo diretor mexicano Camilo Galli Tavares, sobre a participação do governo dos Estados Unidos na preparação, desde 1962, do golpe de 1964, no Brasil. O filme tem como ponto de partida a crise provocada pela renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, e prossegue até o ano de 1969, com o sequestro do então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, por grupos armados. Em troca de sua libertação, 15 presos políticos são soltos e posteriormente banidos do país; um deles, o jornalista Flávio Tavares, 27 meses depois de se radicar na Cidade do México, seria pai de Camilo, o cineasta cujo nome é uma homenagem ao padre católico e guerrilheiro colombiano Camilo Torres, morto em 1966.
Sobre o Cine Paredão:
Projeto de extensão coordenado, que conta com o apoio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), do curso de Cinema e da Secretaria de Cultura (Secult), e é conduzido por alunos do CFH e do Cinema. Produções cinematográficas nacionais e estrangeiras são exibidas e discutidas, e reflexões sobre a filmografia debatidas. O projeto estabelece um espaço de articulação e integração entre a Universidade e a comunidade não acadêmica, favorece a prática do audiovisual, traz ao conhecimento da comunidade filmes raros ou de difícil acesso e fortalece os setores da UFSC que utilizam o cinema como objeto de pesquisa, criação e investigação. A professora Clélia Mello é a coordenadora do projeto.
Fonte: Cine Paredão