Centenário Salim Miguel: UFSC presta homenagem por ‘vida dedicada aos livros, à arte e à cultura’

31/01/2024 11:42

Dezenas de pessoas compareceram à homenagem aos cem anos de Salim Miguel na EdUFSC nesta terça-feira, 30 de janeiro. (Foto: Ariclenes Patté/Agecom/UFSC)

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) prestou uma homenagem a Salim Miguel nesta terça-feira, 30 de janeiro, data em que o escritor completaria 100 anos desde o seu nascimento. A instituição descerrou uma placa onde se lê “Uma vida dedicada aos livros, à arte e à cultura”, na entrada da Editora da UFSC (EdUFSC), que Salim dirigiu por oito anos. A solenidade abre as festividades do centenário do autor, que será comemorado em todo o Brasil, com diversas atividades ao longo de 2024.

A iniciativa é promovida pela Secretaria de Cultura, Arte e Esportes (SeCArtE) da UFSC, em conjunto com uma comissão de pessoas da comunidade universitária, e de familiares de Salim Miguel. Estavam presentes na cerimônia o reitor Irineu Manoel de Souza, a vice-reitora Joana Célia dos Passos, a secretária de Cultura, Arte e Esportes Eliane Debus, o diretor da EdUFSC Waldir José Rampinelli, autoridades políticas e institucionais, além de membros da família de Salim Miguel: seus filhos Sônia, Antônio Carlos e Paulo Sérgio, além de sobrinhos do autor. 

Nos discursos e referências, o escritor foi lembrado por sua obra publicada de mais de 30 livros, por sua mobilização pela arte e cultura na região sul do Brasil, por sua atuação na criação do Grupo Sul, junto com a companheira Eglê Malheiros, e a relevância de sua vida, nos cenários local, nacional e internacional. Salim Miguel faleceu em 2016, aos 92 anos. Os eventos a serem realizados em homenagem aos 100 anos do escritor estão reunidos em um site, elaborado por sua família para reunir também as informações sobre sua biografia e obra: salimmiguel100anos.com.br.

“Este é um momento importante para a nossa Universidade, poder celebrar os 100 anos de Salim Miguel”, lembrou o reitor Irineu Manoel de Souza, que ressaltou a relevância do escritor para a comunidade universitária que o homenageou também em vida, com o título de Doutor Honoris Causa em 2002. 

A vice-reitora Joana Célia dos Passos salientou que o simbolismo de descerrar uma placa em homenagem a Salim Miguel é trazer para este momento atual e manter adiante a “memória de quem produziu conhecimento aqui, produziu literatura, que esteve aqui por esses lugares, que acompanhou UFSC se desenvolvendo, crescendo e se tornando uma referência”. 

O filho de Salim Miguel, Antônio Carlos, agradeceu a homenagem, em nome da família. “A literatura é um ofício solitário, mas o Salim, além de conseguir escrever em uma casa cheia de filhos, em meio à balbúrdia, ele ainda conseguia cultivar amizades, dar valor aos novos amigos, reverenciar os antigos”, disse. 

“Ele era um homem impressionante, começamos a reunir a obra dele, e vimos o quanto ele mobilizava. Quando tivemos a ideia de marcar os cem anos, a receptividade por todo esse movimento foi impressionante”, reforçou a filha de Salim, Sônia Malheiros Miguel.  

A secretária de Cultura, Arte e Esporte da UFSC, Eliane Debus, ressaltou a arte da palavra literária de Salim Miguel e antecipou os eventos do centenário. “A UFSC, juntamente com a SeCArTE organiza, no ano de 2024 várias ações que objetivam celebrar a produção artística de Salim Miguel conjuntamente com instituições como Academia Brasileira de Letras, a Udesc [Universidade do Estado de Santa Catarina], a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro], a UnB [Universidade de Brasília], entre tantas outras instituições”, enumera. Eliane agradeceu especialmente o coordenador do Departamento Artístico Cultural (DAC/SeCArtE), o cineasta Zeca Pires, cuja obra inclui o documentário “Salim na Intimidade” (disponível no YouTube) e a professora Luciana Rassier, do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras (DLLE) da UFSC, pesquisadora dedicada à obra de Salim Miguel desde 2004.

“Esta casa foi construída por ele e ele deu a vida pela editora e pelo seu trabalho”, destacou o diretor da EdUFSC, Waldir Rampinelli. O prédio da Editora da UFSC foi inaugurado durante a gestão de Salim, que também ficou marcada, segundo o atual diretor, por uma produção literária de mais de 30 títulos por ano. “Porque Salim acreditava que pelo livro se chega à mudança social”, complementa.

A solenidade contou com a presença de dezenas de pessoas, incluindo autoridades como José Isaac Pilati, presidente da Academia Catarinense de Letras Jurídicas (Acalej) e secretário-geral da Academia Catarinense de Letras (ACL); representantes de parlamentares, como o senador Esperidião Amin e o deputado estadual Marquito; o vereador Afrânio Boppré; a presidente do Instituto Humaniza Santa Catarina, Ideli Salvatti; e o presidente da Apufsc-Sindical, José Guadalupe Fletes. Além disso, participaram pró-reitoras(es), secretárias(os), diretoras(es) de unidades universitárias e administrativas, além de professores, técnicos-administrativos e estudantes da UFSC.

 

Veja também a reportagem da TV UFSC sobre a homenagem de Salim Miguel no YouTube.

Programação

Os eventos comemorativos pelo centenário incluem o lançamento do Levantamento Bibliográfico: Salim Miguel, realizado pela Udesc; o lançamento de uma publicação especial da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências; a realização de um evento pela Academia Brasileira de Letras previsto para março, entre outros. Dentre as próximas homenagens planejadas na UFSC estão seminários, exposições e projeções de filmes relacionados ao escritor e sua trajetória: o II Festival Literário da UFSC (FLUSC) em 2024 deve homenagear o escritor, a EdUFSC planeja lançar novas edições de parte da obra de Salim, além de uma coletânea organizada pela professora Luciana Rassier, contendo resenhas e ensaios de Salim sobre literatura latino-americana, que deverá ser publicada pela EdUFSC em parceria com a Editora da Universidade de Brasília (UnB). A programação completa será atualizada ao longo do ano no site.

Sobre Salim Miguel

Nascido em Kfarssouron, no Líbano, o escritor chegou com três anos de idade ao Rio de Janeiro, cidade onde morou com a família durante um ano. Já em Santa Catarina, após residir em São Pedro de Alcântara e Antônio Carlos, sua família fixou residência em Biguaçu, onde se estabeleceu com um pequeno comércio. Salim Miguel foi um ícone da literatura brasileira contemporânea. Com mais de 30 livros publicados, é reconhecido como um ficcionista brilhante, destacando-se também como contista, cronista e ensaísta. Entre suas obras mais notáveis ​​estão NUR na Escuridão e A Voz Submersa. Além disso, o autor exerceu o cargo de diretor da Editora da UFSC entre 1983 e 1991 e deixou um legado como jornalista, roteirista e crítico literário.

 

Mayra Cajueiro Warren. jornalista da Agecom/UFSC

 

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