Dia de Atenção à Dislexia: HU-UFSC oferece atividades para crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem

16/11/2020 11:26

Nesta segunda-feira, 16 de novembro, é comemorado o Dia Nacional de Atenção à Dislexia. Considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, a dislexia é definida enquanto dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração, segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD).

A data foi instituída em 8 de janeiro de 2015, pela Lei 13.085. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. A dislexia pode ser hereditária e sua incidência maior é em meninos, numa proporção de 3/1, sendo que a ocorrência é de cerca de 10% da população mundial.

A atenção à dislexia é um dos focos do Núcleo Interdisciplinar de Apoio ao Desenvolvimento Humano (Núcleo Desenvolver), que funciona dentro do setor de Pediatria do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC). O Núcleo Desenvolver realiza atividades voltadas exclusivamente para crianças e adolescentes com dificuldades em aprendizagem.

A pediatra Claudia Maria de Lorenzo, do Núcleo Desenvolver, explica que a dislexia não é uma doença, mas um distúrbio de leitura, escrita e soletração. Segundo ela, não se trata de cura, mas de intervenções, como atuação com fonoterapia, suporte pedagógico e psicológico para acompanhar a pessoa com dislexia.

Conforme Claudia, no HU-UFSC, uma vez feito o diagnóstico, a equipe do Núcleo Desenvolver orienta a família e a escola e, após os encaminhamentos, em muitos casos, reavalia a criança para acompanhar o progresso. “Conseguimos assim conscientizar a família e escola de forma cuidadosa e inclusiva, de modo que as crianças não se desacreditem e sintam-se fortes e capazes de irem adiante na vida acadêmica”, afirmou a pediatra, que respondeu a algumas perguntas sobre o tema.

De acordo com a ABD, quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor, pois poderão ser feitas intervenções na área de fonoaudiologia, psicopedagogia, auxiliando no processo de alfabetização.
Confira a entrevista:
Como os pais e responsáveis podem ‘desconfiar’ de que uma criança é disléxica? Existem sinais?

O quadro aparece após o início da alfabetização. Se a criança chegar no terceiro ano de escolarização sem saber ler e escrever, é bom ficar atento. É claro que para se alfabetizar, a criança precisa de bons estímulos em casa e na escola.

Quais intervenções podem ser feitas quando é diagnosticada a dislexia?

Fonoterapia, suporte pedagógico e psicológico podem ser recomendados de acordo com o nível da leitura e escrita da criança. Além disso, estratégias diferentes para ensino, aprendizagem e avaliação na escola. Outro ponto importante é o incentivo aos pontos fortes da criança.

A dislexia está ligada a casos de bullying, como um profissional da área de educação ou os pais podem lidar com isso?

Como em qualquer outra situação de bullying, deve-se estar atento para sinais de sofrimento psíquico, como alterações de sono, humor, recusa de ir à escola ou sintomas psicossomáticos. É importante ouvir a criança e estabelecer um bom diálogo com a escola, tanto para identificar a dislexia quanto para promover a inclusão e integração na escola.

Qual é o serviço oferecido pelo HU – no caso, do Núcleo Desenvolver – quando é diagnosticado um caso de dislexia?

Uma vez feito o diagnóstico, esclarecemos a família sobre a importância de seu papel na escolarização e desenvolvimento do educando. Fazemos orientações e encaminhamentos para intervenções psicopedagógicas ou fonoaudiológicas que possam estar indicadas. Também enviamos relatórios e material de apoio para a escola, a fim de que possam acompanhar melhor o aluno. Muitas vezes fazemos visitas e, após realizados os encaminhamentos, reavaliamos a criança para observar seu progresso.

Neste caso, quais são as etapas do tratamento, considerando que o Núcleo Desenvolver faz o diagnóstico, encaminha e trata?

O Núcleo Desenvolver não tem um programa específico de intervenção para a dislexia. Realizamos um extenso e cuidadoso processo de avaliação interdisciplinar das dificuldades de aprendizagem, sendo que a dislexia é apenas um dos diagnósticos possíveis. Conseguimos assim conscientizar a família e escola de forma cuidadosa e inclusiva, de modo que as crianças não se desacreditem e sintam-se fortes e capazes de irem adiante na vida acadêmica.

Como é um adulto que sempre teve dislexia? Que tipo de situação ele enfrenta no trabalho, por exemplo?

Geralmente tem dificuldade de leitura e escrita nunca corrigidas, e pode ter autoestima rebaixada em relação à aprendizagem acadêmica. No trabalho é criativo e proativo nas atividades que não requerem a escrita. É comum sentir-se desconfortável ao precisar fazer uso da escrita formal e preferir atividades práticas.

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