Ritmos brasileiros marcam primeira noite do 4º Festival de Música da UFSC
A música brasileira conduziu o repertório dos dois shows da primeira noite do IV Festival de Música da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A soprano e cantora lírica Chiara Santoro, ao lado da pianista Helena Scheffel, apresentaram uma retrospectiva de alguns clássicos da canção brasileira. O grupo Cassio Moura Quarteto interpretou composições que passavam pelo jazz, blues e choro. O público apreciou os dois espetáculos e aplaudiu de pé.
“Começamos com um ciclo de canções de amor. Elas antecipam um pouco a sonoridade, os acordes e a harmonia que vai ser utilizada por Tom Jobim na Bossa Nova. São temas de amor, saudade e melancolia”, explicou Chiara ao público. As três primeiras músicas apresentadas pela dupla foram composições de Vinicius de Moraes em parceria com Claudio Santoro: “Amor e lágrimas”, “Ouve o silêncio” e “Acalanto da rosa”. As três canções seguintes foram uma homenagem ao compositor Heitor Villa-Lobos: “Viola quebrada”, “Nesta rua” e “Modinha”. “Está completando agora 130 anos de seu nascimento. Villa-Lobos é um dos nossos compositores mais conhecidos internacionalmente e na música clássica. Ele deixou um repertório para quase todo tipo de formação. E essas canções são inspiradas em cantos populares.”
Chiara e Helena apresentaram também uma poesia de Manuel Bandeira, “Dona Janaína”, musicada por Francisco Mignone — “Essa canção de 1938 é uma homenagem à cultura afro-brasileira” — e duas músicas do compositor nacionalista Alberto Nepomuceno: “Ele é um dos pais do canto em português. Defendia a ideia de que não tem cultura um povo que não canta na própria língua. Em sua época, muitas coisas eram compostas em francês, italiano. Ele começou uma pesquisa dos ritmos brasileiros e teve toda essa influência da música de rua, da música popular”, disse Chiara, após apresentar “Trovas” e a poesia de Machado de Assis “Coração triste”.
Ao fim da que seria a última canção, “Quem sabe”, de Carlos Gomes, o público pediu bis. Chiara retornou sorridente — “Que bom que vai ter bis!” — e apresentou então a que disse ser uma de suas música preferidas: “Melodia Sentimental”, também de Villa-Lobos. “Não é uma música de Câmara, é inspirada na floresta Amazônica. Acho que cabe bem para essa noite de música brasileira.”
Jazz, choro e blues
Cassio Moura Quarteto apresentaram dez músicas que integram o repertório do disco do grupo, lançado em 2016. Entre as 14 composições do álbum, foram selecionadas para o show “Chuva eminente”, “Nova Era”, “O inspetor”, “Penha”, “Zelô”, “Blues pro Nolasco”, “Ensolarado”, “Chôro para Mabel”, “Pacífica” e “Seis por Oito”. Predominou o jazz, mas teve espaço para o choro — Cassio dedicou a canção “Chôro para Mabel” à sua mãe —, e para o blues. “O blues é uma forma musical, que também pode ser tocada em outros ritmos, como samba, maracatu, o que você quiser. É um espaço para a diversão e o diálogo. Essa é a ideia de ‘Blues pro Nolasco’”, explicou.
Entre um ritmo e outro, o guitarrista contou ao público um episódio ocorrido na universidade há 36 anos: “Em 1981, quando eu tinha 17 anos, tinha acabado de passar no vestibular da UFSC para Administração. Naquele ano, um acontecimento aqui mudou o rumo da minha vida, no sentido de me apresentar perspectivas do que era possível fazer com a música. Em frente à reitoria, assisti a um concerto de música instrumental, de jazz. Era um grupo de São Paulo, que se chamava ‘Pé ante pé’. Essa banda reunia alguns dos melhores músicos do momento, entre eles Nico Assunção, já falecido, um contrabaixista brasileiro que estava entre os melhores do mundo. Ele era um músico exuberante! Aos 17 anos, essa experiência plantou uma semente na minha cabeça. Mas eu nunca imaginei que um dia voltaria à UFSC para tocar em um festival de música. O mundo dá muitas voltas e, quase 40 anos depois, cá estou eu.”
Público
Um grupo de amigos, todos estudantes da UFSC, estiveram pela primeira vez no Festival de Música e elogiaram a iniciativa. Guilherme Bernhard, 23 anos, graduando do curso de Engenharia de Materiais, gostou especialmente da segunda apresentação: “Achei bem estruturada e gostei muito do som deles. É o tipo de música que gosto de ouvir. E a iniciativa também é muito boa. Estou na UFSC há seis anos, mas essa foi a primeira vez que ouvi falar sobre o festival, que já está na quarta edição. Um evento como esse é uma maneira de manter uma cultura musical na universidade. Espero que tenha mais vezes.”
Para Victor Celva, 24 anos, também estudante de Engenharia de Materiais, a noite foi uma oportunidade para conhecer mais da música erudita. “Achei bem interessante. Até me surpreendeu bastante estar rolando esse tipo de som aqui”, afirmou. Seu colega de curso, Raul Back, 22 anos, também aprovou o evento: “Achei excepcional. Também estou na UFSC há seis anos e nunca tinha ouvido falar desse festival. Achei muito legal mesmo esse tipo de manifestação cultural, especialmente nesse momento conturbado que estamos passando. Foi muito bom.”
O estudante de Economia Lucas Baixo, 24 anos, adorou a oportunidade de ouvir jazz na UFSC: “Em Floripa estão surgindo cada vez mais lugares para se ouvir jazz e isso está sendo bem legal. Não era assim antes. Vim especialmente para assistir o baterista, Mauro Borghezan, pois sabia que ele era muito bom. Mas também gostei muito do primeiro show. Mesmo não sendo o estilo de música que eu ouviria em outra situação, gostei bastante de ouvir aqui.”
Confira a programação completa do festival aqui.
Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC
- Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.
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