Monumento a ‘Catatau’ homenageia a grandeza do mais famoso dos UFSCães
“A grandeza não consiste em receber as honras, mas em merecê-las.” A frase, de Aristóteles, se encaixa perfeitamente na placa que homenageia Catatau, o mais famoso dos cães da UFSC, que, ao deixar os companheiros de universidade, em 2009, ganhou um monumento no campus. Presença frequente em festas, manifestações e quartas-feiras de Projeto 12:30 desde 1997, ano em que veio ao mundo, Catatau se mostrava com um forte espírito de liderança e companheirismo. Numa quarta-feira de outubro, durante o projeto 12:30 – o dia favorito do nosso amigo –, foi criada a placa, que é a terceira a aparecer na série “Nossos Monumentos”.
Confeccionada com dinheiro arrecadado através da venda de broches e adesivos; doação de alunos, professores e técnicos; e apoio das ONGs Organização Bem Animal e Instituto É o Bicho!, a placa tem 50 x 40 centímetros, e a imagem de Catatau está esculpida nela. A obra é de autoria do artista plástico Adlei Pereira, que, quando soube quem ele retrataria, lembrou-se de todas as histórias que seus filhos, alunos da Universidade na época, contavam.
O mais querido dos UFSCães
Abandonado no campus em 1997, Catatau foi o mais famoso dos UFSCães. Sempre acompanhando os eventos que envolviam estudantes, o cão era alimentado por alunos e funcionários, que utilizavam recursos próprios e contavam com o apoio de parcerias que lutam contra o abandono de animais na Universidade. Para a tristeza de praticamente todos os estudantes, Catatau foi encontrado sem vida em julho de 2009, caído no córrego que atravessa a UFSC.
“Antigamente, pensava-se que a UFSC recolhia os animais para pesquisa. Outros acham que fazem um “bem” ao animal por deixá-lo aqui, onde tem mais gente, menos circulação de carros, e tentam repassar essa responsabilidade para quem vive aqui na Universidade”, atestou a servidora Rogéria D’el Rei Martins, que há anos está inserida na causa animal na UFSC e foi uma das principais idealizadoras da placa que homenageia o cachorro.
Catatau chegou a protagonizar uma cena até hoje lembrada pelos estudantes mais antigos da UFSC. Durante uma ocupação do Gabinete da Reitoria feita pelos alunos, o cão subiu na cadeira do reitor e lá deitou, permanecendo até o fim do ato. Os estudantes inclusive manifestaram seu apoio para que Catatau fosse o reitor da Universidade.
Que os outros UFSCães nos desculpem, mas tem como ter mais carisma que essa figura?
A luta contra o abandono de animais na Universidade
Apesar de todo o amor que se possui pelos cachorros que vivem no campus, Rogéria lembra que a prática do abandono dos animais na Universidade é rechaçada pelos servidores. “Hoje, estamos atendendo bastante os cães mais idosos, que são a maioria dos que residem no campus. Alimentação e atendimento veterinário são fornecidos, e os novos que aparecem são encaminhados para a castração social. Mas, temos que enfatizar, o abandono de animais na UFSC não é apoiado por ninguém envolvido com o cuidado a eles”.
Rogéria tem razão. A cada ano, milhares de animais são abandonados no mundo, e a Universidade acaba servindo de lugar onde donos irresponsáveis de cães e gatos os abandonam. “De 2005 pra cá, diminuiu bastante, pois começaram as campanhas de castração social e com a inauguração do centro de zoonoses da Prefeitura. Mas, infelizmente, ainda existem casos de abandono de animais aqui na Universidade sim, que não podem ser de forma alguma apoiados”, finalizou Rogéria.
O legado de Catatau
Catatau foi um ícone na UFSC, e abriu os olhos de milhares de estudantes e pessoas envolvidas com a Universidade para o caso do abandono de animais na instituição. Os UFSCães passaram a ser tratado com um certo folclore, cada um tendo sua história e seus causos a serem contados dentro do campus. Desfilam pelo Centro de Comunicação e Expressão (CCE), Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM), e por todos os outros centros de ensino, com alegria e sabedoria. Só resta agradecer e lutar para que todos os UFSCães estejam saudáveis e felizes; afinal, o ambiente universitário se torna bem mais alegre com a companhia deles.
Como a placa muito bem lembra, “Catatau, jamais te esqueceremos”. Jamais!
Matheus Pereira/Estagiário de Jornalismo da Agecom/UFSC