Mães da UFSC: Cristiane Renata da Silva

01/08/2016 08:03

© Pipo Quint / Agecom / UFSC

 

Cristiane Renata da Silva

Graduada em Biblioteconomia

Mãe da Alice, 8 meses

A Alice não foi programada. Eu estava tratando de uma espécie de Acidente Vascular Cerebral (AVC) que tive em 2014, por causa do uso de anticoncepcional e remédios para enxaqueca. Fiquei internada, tive paralisia do lado direito. E durante o tratamento eu não podia usar a pílula, e engravidei. Mas, como eu tenho 39 anos, eu nunca achei que iria engravidar! Eu perdi um bebê quando eu tinha 18 anos e desde então nunca tinha engravidado, então achei que já não ia mais ter filhos. E veio essa benção que é a Alice.

Amamentar hoje é uma delícia, mas o início foi punk. Quando você acaba de ganhar o bebê, são muitas as dúvidas. A Alice nasceu na Maternidade do HU, em um parto de cócoras. Assim que ela foi liberada, grudou no meu peito. Até aí, tudo bem, achei que estava amamentando. Mas era o só o colostro. Tudo bem, me ensinaram a pega correta e tudo mais. Quando eu cheguei em casa, meu peito começou a encher, e a Alice não dava conta de mamar o suficiente para meu peito esvaziar. Quando a levei para fazer o teste do pezinho, a enfermeira no posto de saúde avaliou meu seio, que já estava latejando e quente. Foi aí que me falaram: “Mãe você tem que ordenhar”. E isso eu não sabia fazer!

Como se tira o leite da vaca, eu tinha que tirar manualmente o meu leite. Tentei com meu marido, e não saía. Tive febre e corri para o hospital, pois já tinha sido avisada que, se complicasse, poderia dar mastite (inflamação das mamas). Por sorte, minha irmã é técnica de Enfermagem. Ela tentou ordenhar, e não saía. Ela acabou sugando com a boca. Foi uma dor que não dá pra descrever. Quando ela tirou o excesso de leite, resolveu. Saiu muito leite, muito.

Agora é tranquilo. A Alice larga tudo pelo peito. Já era para ela estar comendo uma variedade de comidinhas, mas ela só quer mamar, mamar, mamar. Agora no inverno, com todo esse frio, ela não teve nenhum resfriadinho. O leite materno é uma benção. Ela ainda acorda de madrugada, cinco ou seis vezes, para mamar.

Mas a delícia de ser mãe é ver esse sorriso. É um amor que não cabe dentro da gente. As pessoas diziam, e eu não acreditava. Mas é verdade! É mágico saber que ela está crescendo por causa de mim! Hoje em dia ela come outras coisinhas, mas antes era só com o leite materno, e eu fico maravilhada sempre com o desenvolvimento dela.

Eu tive a infelicidade – ou felicidade – de ser demitida quando voltei da licença maternidade. Por isso ela não está na creche. Não teve gripe forte, teve um resfriadinho só. Toda a saúde dela é por causa do leite materno.

Desde que ela nasceu, eu não durmo direito. A minha dedicação é total. Não tenho mais a minha vida, vivo a vida da minha filha. Vida social? Não tenho por enquanto. No máximo uma festinha de família.

Eu estou com um problema na vesícula pelo qual estou protelando ir ao médico há uns dois meses, porque meu tempo todo é pra ela. Na noite passada virei a madrugada com dor e resolvi finalmente ir me cuidar. Eu abdico muitas coisas, mas tudo compensa. Eu estou simplesmente apaixonada por ser mãe. Pretendo amamentar a Alice pelo menos até os dois anos, porque é bom pra ela.

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