Livro da EdUFSC que mostra xiitas governando Iraque será lançado nesta quinta-feira

10/04/2014 08:04

O Iraque também é aqui. Responsável pela reabertura, em 2006, da Embaixada do Brasil em Bagdá, o diplomata Bernardo de Azevedo Brito mora agora em Florianópolis. Onze anos depois da invasão norte-americana, consumada em março de 2003, ele lança, pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), um livro que já nasce clássico: Iraque – Dos primórdios à procura de um destino. A sessão de autógrafos acontece nesta quinta-feira, dia 10, a partir das 19 horas, na Fundação Badesc, no centro de Florianópolis.

O autor, que atuou em Bagdá até 2011, acredita que, apesar do quadro político conturbado e complexo, há indícios de franca recuperação da economia destruída pelos EUA e seus aliados. “Em suma, com os recursos abundantes que o petróleo volta a proporcionar, o desenvolvimento do País está avançando em várias frentes”, constata o analista.

Pela primeira vez na história controlado pelos xiitas, conduzidos ao poder pela eleição, a grande questão levantada pelo livro não está relacionada à prosperidade do Iraque. Dominado por regimes ditatoriais, que tiveram entre seus expoentes Saddam Hussein, a pergunta que não quer calar é sobre “a maneira pela qual as liberdades e os direitos fundamentais serão assegurados”. O Iraque, mostrado no livro com mapas e fotos da embaixada brasileira, possui hoje mais de 30 milhões de habitantes, representados por três comunidades étnico-religiosas dominantes: “árabes xiitas, árabes sunitas e curdos, que em sua maioria são sunitas”.

A animosidade dos grupos foi incentivada e acirrada durante a invasão para enfraquecer a população. Infelizmente, lamenta o autor, os avanços da “nova democracia iraquiana” ainda não conseguiram apagar as marcas da intolerância. Bernardo de Azevedo Brito, dono de inigualável currículo junto ao Itamaraty, contagia o livro de otimismo e esperanças. “Se a mídia se encarrega, quase diariamente, de fazer um relato sobre os últimos atentados ocorridos no Iraque, a realidade é mais matizada”.

A experiência política, com passagens por Dinamarca, Noruega, Espanha, Zâmbia, Zimbábue, Finlândia, Estônia, Palestina e Iraque, influencia o autor a acreditar que “um dia os xiitas e até mesmo os sunitas sigam o mesmo caminho”. Sonho possível, segundo ele, pela Constituição iraquiana promulgada em 2005. Saindo dos escombros e quebrando o isolamento político, o Iraque traça caminhos próprios, podendo, na opinião do diplomata, “emergir como um país unido, ou como três ou mais unidades federadas e autônomas”.

Reforçando a cooperação mútua e as relações do Brasil com o vale dos rios Tigre e Eufrates, o estudioso garante que Bagdá hoje trocou a pretensão hegemônica baseada na força militar pela conjugação de democracia com prosperidade econômica. Bagdá, lembrando o auge de 1979, pretende combinar hoje petróleo com democracia para fazer frente a um mundo que não respeita limites nem conhece fronteiras. Bernardo de Azevedo Brito lança em Florianópolis, Iraque – Dos primórdios à procura de um destino. Mas, morador da Ilha, o autor não está apenas preocupado com Bagdá. Afinal, as bombas lançadas no dia 25 de março contra o Campus da UFSC, em Florianópolis, serviram para “lembrar” os 11 anos da ocupação do Iraque e os 50 anos do golpe militar no Brasil, eventos que tiveram a participação dos EUA.

Moacir Loth / Jornalista da Agecom / UFSC
moacir.loth@ufsc.br

 

Serviço

O quê: Sessão de autógrafos da obra Iraque – Dos primórdios à procura de um destino, de Bernardo de Azevedo Brito

Quando: 10 de abril de 2014, quinta-feira, a partir das 19 horas

Local: Fundação Badesc, no centro de Florianópolis

Mais informações:
Editora da UFSC – (48) 3721-9408 / www.editora.ufsc.br
Diretor executivo – Fábio Lopes (flopes@cce.ufsc.br); / (48) 9933-8887

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