“Quem faz cem anos ou +” resgata obras de Giovanni Bocaccio, Igor Stravinsky e Tomie Ohtake

Leitura dramática da obra de Giovanni Bocaccio no “Quem faz 100 anos ou +”. Foto: Wagner Behr/Agecom/UFSC
Giovanni Bocaccio
A homenagem ao autor dramático Giovanni Bocaccio abriu a semana do evento “Quem faz cem anos ou +”, no dia 9 de setembro, no Auditório da Reitoria. A palestra, ministrada pelas professoras Roberta Barni e Dóris Natti Cavallari, foi acompanhada de uma leitura dramática da obra do autor em italiano enquanto a tradução em português era projetada. As críticas e interpretações da obra foram feitas durante a leitura.
Considerado o criador da prosa italiana, Bocaccio é autor de “Decameron” (1349-1351), uma coleção de 100 histórias irreverentes e satíricas em que retratava os costumes da sociedade de Florença.
Entre as autoridades presentes, o secretário de Cultura, Paulo Ricardo Berton, a secretária-adjunta de Cultura, Alessandra Mara, e a reitora em exercício Roselane Fátima Campos.
Promovido pela Secretaria de Cultura (SeCult) da UFSC. O evento está em sua segunda edição e tem como finalidade resgatar a importância de artistas renomados em sua área. A SeCult visa sensibilizar a comunidade universitária e local em relação à importância da cultura por meio da divulgação da obra e da vida de grandes personalidades.
Igor Stravinsky

“A Sagração da Primavera”, balé musical do russo Igor Stravinsky, no “Quem faz 100 anos ou +”. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC
Na quarta feira, 11 de setembro, o “Quem faz 100 anos ou +” celebrou, no Auditório da Reitoria, os 100 anos da estreia de “A Sagração da Primavera”, balé musical do russo Igor Stravinsky, com coreografia de Vaslav Nijinsky, que chocou a sociedade francesa na primeira apresentação em 1913, em Paris. A palestrante Vera Lúcia Amaral Torres, professora do Centro de Desportos (CDS) da UFSC, contou a história “peculiar” da obra, a realidade social e cultural na qual foi produzida e o legado do espetáculo para a dança.
A obra narra a trajetória de uma garota marcada para ser entregue à divindade, no auge de um ritual pagão, com o objetivo de conquistar para seu povo uma colheita proveitosa. Seu cenário foi arquitetado pelo artista plástico e arqueologista Nicholas Roerich, e a estreia foi no Théâtre des Champs-Élysées, na capital francesa.
A exibição foi um escândalo, com aplausos, vaias, brigas e intervenção policial. “A dança trabalha a morte e a exaustão em cena. Esta obra desconcertou o público”, comenta Vera Torres. A coreografia foi baseada em rituais ancestrais russos e o público não estava preparado para recepcionar positivamente esta nova estética. “Nijinsky recria uma atmosfera primitiva e violenta”, conta.
Vera mostrou, ainda, a cena do espetáculo retratada no filme “Coco Chanel & Igor Stravinsky”, além da versão da coreografia feita por Pina Baush, em 1975. “A dança se alimenta do corpo e não da música”, comentou Vera.
Tomie Ohtake
A palestra “Quanto tempo dura um gesto?” Instantâneos da produção de Tomie Ohtake foi promovida na quinta-feira, 12 de setembro, no Auditório da Reitoria, ministrada pelo curador de arte contemporânea Paulo Kiyoshi Abreu Miyada. O objetivo foi homenagear a artista Tomie Ohtake que em novembro estará completando 100 anos.
Miyada contou a trajetória de Tomie no cenário artístico brasileiro, como iniciou o seu trabalho, os estilos que adotou ao longo dos anos e sua importância na arte do país.
Tomie Ohtake, natural de Kyoto (Japão) chegou ao Brasil em 1936 e fixou-se em São Paulo. Iniciou seus estudos de pintura em 1952 aos 40 anos, com o artista plástico japonês Keisuke Sugano. Após um breve período de arte figurativa, a artista definiu-se pelo abstracionismo. A partir dos anos 1970, trabalhou com serigrafia, litogravura e gravura em metal. Surgem em suas obras as formas orgânicas e a sugestão de paisagens. Dedicou-se também à escultura e realizou algumas delas para espaços públicos. Em 2000, foi criado em São Paulo o Instituto Tomie Ohtake. “A Tomie fala muito de gesto, ela consegue se manter intuitiva o tempo todo. Não tem nada a ver com racionalismo matemático”, comenta Miyada.
Enquanto mostrava fotos de obras e de exposições da Tomie, Paulo dialogou com o público sobre a importância da artista na arte brasileira. Considera esta “um repertório fundamental”. Ele mostrou, ainda, trabalhos de outros artistas contemporâneos como Carla Chaim e o Cildo Meireles.
Mais informações: http://www.institutotomieohtake.org.br/inicio/index.html.
Vitória Greve/ Estagiária de Jornalismo da Agecom/UFSC
vitoriagreve08@gmail.com