Kierkegaard foi o último homenageado do evento “Quem faz cem anos ou +”

Marcio G de Paula deu uma visão panorâmica sobre a vida e obra de Kierkegaard – foto Henrique Almeida/Agecom/UFSC
Søren Aabye Kierkegaard (Dinamarca 1813-1855) foi o último homenageado do evento Quem faz 100 anos ou +. Marcio Gimenes de Paula, professor de filosofia da UnB, ministrou uma palestra excelente em conteúdo e didática, sobre o pensamento, obra e legado do filósofo dinamarquês que é considerado um dos maiores pensadores do século XIX.
Iniciou contando como é inusitado que um autor vindo de um país tão pequeno como a Dinamarca, conseguiu ser tão conhecido e influenciar tantos escritores, pensadores e tantas obras, ultrapassando a barreira da língua e da distância geográfica.
Kierkegaard, disse Marcio, centrou seus trabalhos na crítica severa à igreja, mas a igreja como componente do Estado, da cultura. Outro traço do filósofo foi o de escrever com diversos pseudônimos que dialogavam uns com os outros. Um autor que parece estar em zonas fronteiriças da filosofia, teologia, literatura e psicologia e que, em comum com Sócrates- ao qual muitas vezes é comparado – se destacou pelo fato de chamar a atenção das pessoas entregando textos na rua, como o filósofo fazia em Atenas, sempre com ironia à exemplo da obra “Migalhas de filosofia: ou um bocadinho de filosofia de João”, contrapondo-se aos grandiosos títulos hegelianos.
Para o pesquisador, o grande legado do pensador dinamarquês foi a recuperação filosófica da temática do indivíduo e o componente da paixão; “Não se faz filosofia sem o pathos, sem a paixão”, declarou Marcio, a partir do pensamento do homenageado.
No Brasil a recepção do filósofo se dá ainda lentamente, avançando com as traduções e a dedicação especilamente de Ernani Reichmann e Álvaro Valls.
O legado e as influências de Kierkegaard aparecem em vários campos como o filosófico em Georg Brandes, Miguel Unamuno, Heidegger, Sartre (Kierkegaard é considerado por muitos o pai do moderno existencialismo), Hannah Arendt, Wittgenstein (que o considerava como o maior escritor do século XIX), Adorno e Horkheimer (Escola de Frankfurt); o teológico em Karl Barth, Paul Tillich, Cornélio Fabro e na Teologia da libertação e ainda o legado artístico e literário em Jorge Luis Borges, Thomas Mann, Bergman e no cinema dinamarquês contemporâneo.
Alita Diana/Jornalista da Agecom/UFSC
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Fotos: Henrique Almeida/Agecom/UFSC
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