Atletas de mountain bike realizam testes em laboratório do Centro de Desportos
Dois atletas que são referência no mountain bike nacional realizaram na manhã desta quinta-feira, dia 14, testes no Laboratório de Esforço Físico (Laef) do Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina. A avaliação do desempenho muscular de Ricardo Alexandre Pscheidt, três vezes campeão brasileiro da modalidade, e William Alexi, um dos melhores ciclistas do país na categoria sub-23, faz parte da coleta de dados para a dissertação da mestranda Camila Peter Hoefelmann, que é orientada pelo professor Fernando Diefenthaeler.
Em quatro testes incrementais, foram mensurados, entre outros, os índices de consumo de oxigênio, ativação muscular e potencial respiratório dos atletas a partir de avaliações de esforço físico. “Meu trabalho tem o objetivo de validar uma nova metodologia para identificar a capacidade geral de atletas por meio de eletromiografia de superfície, usando eletrodos que captam a ativação muscular na hora do teste”, diz a mestranda. Ela já fez a avaliação de 15 pessoas, está na fase final de sua pesquisa e planeja defender a dissertação em fevereiro de 2013.
O Laef/UFSC é um dos dois melhores laboratórios vinculados a universidades no Brasil que mantêm grupos de pesquisa para a avaliação de atletas de alto desempenho em todas as modalidades esportivas. Corredores, triatletas e jogadores de futebol – profissionais ou de categorias de base – costumam realizar testes ali.
Grandes conquistas – Para a avaliação desta manhã foram convocados dois competidores de ponta no mountain bike que vieram de São Bento do Sul especialmente para o teste. Além de vencer três vezes o campeonato brasileiro, Ricardo Alexandre Pscheidt, de 31 anos, ganhou seis vezes seguidas a competição da modalidade nos Jogos Abertos (Jasc), é tetracampeão da Volta de Santa Catarina em mountain bike, uma vez campeão internacional e participou de inúmeras etapas da Copa do Mundo e das copas Sul-americana e Pan-americana. Ele conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos de 2006 e também trouxe a medalha de prata para o Brasil em edições anteriores do torneio.
William Alexi, 19, começou a competir aos 12 anos, em 2005, ao ver o desempenho de Ricardo Pscheidt em certames regionais e nacionais. Atual número um na faixa sub-23, há três anos ele lidera o ranking que soma os resultados de todas as competições realizadas no Brasil. Foi duas vezes vice-campeão nacional, ganhou os Joguinhos Abertos de Santa Catarina em 2011 e foi o 11º colocado nas Olimpíadas da Juventude realizadas em Cingapura em 2012, sendo que ocupava a sétima posição quando foi derrubado acidentalmente por um corredor de Belize num momento crucial da prova. “Treinamos o ano todo e nossa única folga é em novembro e dezembro, mas os Jogos Abertos acabam interferindo no nosso período de preparação para as competições do ano seguinte”, diz ele.
Avanços e problemas – Treinador dos dois atletas há sete anos, Vitor Pereira Costa, que é doutorando no Laef e auxiliou nos testes realizados hoje, diz que William Alexi vem sendo bem preparado por ele e já pensa nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Patrocinado pela Scott Fittipaldi, ele vem evoluindo muito, assim como Ricardo Pscheidt, que tem o apoio da Soul Taschibra Proimport. “Os dois atletas apresentaram os testes mais expressivos do nosso laboratório desde que começamos a fazer as avaliações, em todas as modalidades”, afirmou.
Atleta de elite, Pscheidt destaca que o Brasil tem evoluído muito no mountain bike, embora a Europa tenha mais tradição e os melhores atletas da modalidade. “Tivemos um bom salto de qualidade e já nos colocamos entre os 20 melhores do mundo”, informa. Na Olimpíada de Pequim, em 2008, o Brasil ficou em 21º lugar, o que ele considera uma boa performance. Os dois competidores são bolsistas do Ministério dos Esportes.
Para o treinador Vitor Pereira Costa, o problema da modalidade é que a Confederação Brasileira de Ciclismo não faz um planejamento de longo prazo e não age de acordo com a expectativa de seus filiados. Por causa da omissão da entidade em relação a casos de doping de 2010 para cá, por exemplo, o Banco do Brasil suspendeu o apoio que vinha dando ao ciclismo. Outro problema – denunciado em reportagem de grande repercussão da ESPN Brasil – foram as fraudes na licitação da compra de 200 bicicletas de competição pela CBC. O último técnico da seleção brasileira, já afastado, nem tinha formação em educação física. “Esse amadorismo faz com que os melhores atletas acabem não sendo convocados para as competições internacionais”, diz ele.
Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom
Fotos: Wagner Behr/Agecom