Política externa do país é tema de abertura do encontro de estudantes de relações internacionais

24/05/2012 11:24

Da esquerda para direita, o secretário da Presidência Guilherme de Aguiar Patriota, a reitora Roselane Neckel e os embaixadores Luiz Felipe Lampreia e Ronaldo Mota Sardenberg. Foto: Dayane Ros/bolsista da Agecom

Ao som da Orquestra Sinfônica de Santa Catarina com a regência do maestro José Nilo Valle, iniciou nesta quinta-feira, dia 23, o XVII Encontro Nacional dos Estudantes de Relações Internacionais (ENERI), no auditório do Centro de Cultura e Eventos da UFSC. Roselane Neckel em seu discurso de abertura afirmou: “Vamos construir um mundo sem fronteiras!” O evento, que conta com a participação de 1.600 alunos de RI de todo o Brasil, também recebeu o secretário de Assuntos Internacionais da Presidência da República Guilherme de Aguiar Patriota, e os embaixadores Luiz Felipe Lampreia e Ronaldo Mota Sardenberg para a conferência de abertura “A evolução  da agenda de política externa brasileira”.

Para Luiz Felipe Lampreia, o Brasil não é mais uma ilha, ele está cada vez mais inserido no mundo globalizado, apesar de haver uma sensação de progresso, o foco do Brasil não é o imperialismo, mas sim sua hegemonia. Sobre o Conselho de Segurança da Organizações das Nações Unidas, o diplomata afirmou que ele “já foi considerado uma utopia, agora é uma realidade que pode acontecer, mas que no entanto, não cabe ao Brasil essa decisão”, por isso não devemos manter a ilusão, embora devemos demonstrar a nossa disposição pela incorporação do país no conselho. Para finalizar sua palestra, Lampreia deixou um questionamento aos estudantes. “O que seria melhor para o Brasil: ser o último das superpotências ou o primeiro das potências médias?”

A diferença entre diplomacia e política externa foi explicada por Guilherme Patriota. Ele afirmou que “a diplomacia é um meio, um instrumento a favor do país, e a política externa é conteúdo e política”. Patriota disse que um dos grandes desafios do Brasil é se adaptar às rápidas transformações do mundo globalizado. Para o diplomata, a política externa vai ao encontro com a expressão da vontade popular do país. Sobre a imagem do Brasil internacionalmente, o secretário acredita que nós nos preparando durante toda a década perdida (década de 80 a 90), mas somente agora alguns países estão vivendo essa preparação. Por isso, atualmente, “a política externa brasileira é referência por seu caráter único”. Ele ainda acredita que o Brasil deve ampliar sua agenda em relação aos países do Cone Sul, principalmente, com o Mercosul. Patriota terminou sua apresentação lembrando a Rio +20, que acontece no próximo mês, e que o país deve levar em conta como lidar com a sustentabilidade daqui para frente, já que a tecnologia para concretizar essas ideias possui um custo alto de tecnologia.

Fechando a noite com muito humor, o diplomata Ronaldo Mota Sardenberg lembrou que o tema Conselho de Segurança da ONU não é uma casualidade, a entrada do Brasil no grupo já vem sendo discutida há muito tempo, principalmente, desde a década de 90. Sardenberg afirmou que o país já passou por uma “promoção” não só econômica. Para ele, o Brasil continuará sendo um país de consenso, mas deve buscar suas próprias teorias sociais e econômicas, ao invés de importar teorias de fora. “O quadro de crise abriu espaço para os BRICs”, afirmou o diplomata. Entre os desafios para o futuro está a reforma das forças armadas, visando o aproveitamento do pré-Sal, a defesa mais profunda da Amazônia e o aperfeiçoamento do monitoramento ambiental. A mobilização pela ciência e tecnologia, a entrada do país na política do petróleo e a tomada de uma postura de liderança para as diretrizes da Rio +20 também foram considerados importantes desafios.

O primeiro Encontro Nacional dos Estudantes de Relações Internacionais, o ENERI, aconteceu em Brasília em 1996 e já foi organizada por faculdades como FAAP, FACAMP, UNISUL, PUC-SP e ESPM. Para os alunos da UFSC, organizadores do ENERI, “é um grande orgulho trazer de volta para uma universidade federal um encontro desse tamanho, ainda mais para um curso de RI que é novo e ainda não tem nenhuma turma formada”. O XVII Encontro acontece no Centro de Cultura e Eventos até sábado, dia 26. “A nossa ideia é realizar um evento nacional para consagrar o curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina”, completou secretário geral do evento e estudante da UFSC Felipe Kloppel da Silva.

Mas informações: Felipe Kloppel – (48) 9646 6698
Cecília Campos – 9982 1610
Paula Prado – 8457 8927

Por Ana Luísa Funchal/ Bolsista de jornalismo na Agecom

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