Professor fala sobre soberania da obras de arte no seminário Linguagens e culturas
O paralelo entre um texto de Nuno Ramos, artista brasileiro de vanguarda cuja participação em recente Bienal de Artes de São Paulo gerou polêmica por conta de uma obra que continha dois urubus vivos, e a postura do poeta francês Sthépane Mallarmé em relação à função e à soberania da obra literária dominou a palestra de Marcos Siscar, professor da Unicamp, na mesa-redonda Poesia e Escuta, que fez parte do simpósio internacional “Linguagens e culturas: homenagem aos 40 anos dos programas de pós-graduação em linguística, literatura e inglês da UFSC”, que está sendo realizado no Centro de Comunicação e Expressão.
Esta foi uma das seis mesas realizadas na manhã desta sexta-feira, dia 7, e teve como coordenadora a professora Maria Lúcia de Barros Camargo, pró-reitora de Pós-graduação da UFSC. Em sua intervenção, Siscar ressaltou a reação de Nuno Ramos às pressões na mídia e em outras instâncias, que terminaram por forçar a retirada da obra do local de exposição, e à condição de réu que ele assumiu no episódio, enquanto a obra se tornou “um cadáver sem significação”.
Foto Wagner Behr/Agecom
No caso de Mallarmé, que sempre defendeu o caráter aristocrático da arte e combateu a sua vulgarização, a crítica mais contundente partiu dos marxistas e das vanguardas,
nas primeiras décadas do século XX. Influenciado por Baudelaire, Mallarmé acabou se tornando uma referência fundamental para autores que vieram depois, dentro e fora da Europa.
Na sequência, a professora Susana Scramim, da UFSC, analisou o período em que o poeta João Cabral de Melo Neto morou na Andaluzia, na Espanha, e de que forma isso influenciou em parte substancial de sua obra. Um dos ícones desse período foi o poema “Estudos para uma bailadora andaluza”, em que acompanha os passos do flamenco no ritmo de seus versos.
No mesmo horário, ocorreram as mesas-redondas “Os estudos em fonética e fonologia no Sul do Brasil” e “Teoria fora do controle: teoria trans-borda”. À tarde, haverá as mesas “Português: prolegômenos à discussão sobre o futuro da norma”, “Arqueologia de 1971” (ambas a partir das 14h) e “Sociolinguística e dialetologia – O português da região Sul em perspectiva” (às 16h).
Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom