UFSC assina convênio com o Ministério da Pesca e Aquicultura e empresas privadas
Um convênio entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Ministério da Pesca e Aquicultura e as empresas do setor elétrico Tractebel Energia, Consórcio Itá e Consórcio Machadinho, foi assinado na sexta-feira, 20 de maio, e garante verbas para a obra que vai implantar um laboratório de processamento de material biológico, de nutrição e reprodução de peixes. O projeto visa ampliar a qualidade das pesquisas no Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce (LAPAD) da UFSC, localizado na Lagoa do Peri em Florianópolis, que desde 1995 realiza trabalhos com a ictiofauna do rio Uruguai. O investimento do Ministério da Pesca e Aquicultura foi de R$ 800 mil, dos quais R$ 530 mil serão usados na obra e o restante na aquisição de equipamentos, a UFSC destinou R$ 280 mil para a construção e as empresas contribuíram com R$ 100 mil.
O documento foi assinado pela ministra da Pesca e Aquicultura Ideli Salvatti, pelo Reitor da UFSC Alvaro Toubes Prata, pelo diretor de produção da Tractebel Energia José Carlos Minuzzo, pelo diretor geral do Consórcio Machadinho Duilio Figueiredo e pelo representante do Consórcio Itá Luciano Adriane. Na cerimônia, que aconteceu no gabinete do reitor, a ministra falou sobre a importância de investimentos em pesquisas para o desenvolvimento do setor. “A pesca e a aquicultura trazem um mundo de oportunidades, mas também muitas dificuldades, que só se resolvem com pesquisa”, disse. Ela citou a maricultura catarinense como exemplo de sucesso dos estudos e elogiou o pioneirismo da UFSC nas pesquisas de aquicultura.
Ideli Salvatti defendeu ainda a necessidade de “tirar o atraso” do setor. “Somos o que somos por causa da agricultura, mas o mundo tem mais água do que terra, e só agora deixamos de ter uma atitude exploradora e passamos a investir em pesca e aquicultura”, afirmou. A ministra acredita que esta é uma potencialidade que o Brasil está desperdiçando: “A China tem metade da quantidade de água doce que nós possuímos, e produz 60 vezes mais que o Brasil”. Segundo Ideli, os benefícios trazidos pela pesca e aquicultura vão desde o fornecimento de uma proteína mais saudável à população, a uma produção que causa menos impacto ambiental.
Os professores do Centro de Ciências Agrárias (CCA) presentes, entre eles o diretor do centro Edemar Roberto Andreatta, a coordenadora do Laboratório de Nutrição Débora Fracalossi, o vice-coordenador do LAPAD Alex Nuñer, as professoras Aimê Magalhães e Anita Valença, concordaram com a ministra e completaram falando sobre a dificuldade de criar animais confinados. Os problemas começam na quantidade de espécies de peixes: na criação de aves, por exemplo, trabalha-se com cerca de dez espécies, segundo os professores, enquanto uma pequena quantidade de água pode abrigar mais de 300 espécies de peixes. Também há dificuldade na reprodução, alimentação e principalmente no cuidado com a saúde dos animais. Quando isso é superado e os peixes estão prontos para a comercialização, um novo desafio é encontrado no processamento da carne, já que para cada espécie existe um tipo de corte.
Para mostrar mais um potencial da piscicultura, a ministra falou sobre os peixes ornamentais, que poderiam ser uma fonte de renda para a população do norte do país, mas são pescados de uma forma incorreta e vendidos por um preço muito baixo no mercado ilegal. “Os próprios alunos do CCA reconheceram essa potencialidade e pediram a criação de uma disciplina específica para o cultivo de peixes ornamentais”, completou a professora Anita Valença. “Estão vendo como é complicado, mas como vale a pena investir?”, finalizou a ministra.
Por Marília Marasciulo/bolsista de jornalismo na Agecom
Fotos: Francisca Nery