Equipes identificam e monitoram águas-vivas no litoral e orientam sobre acidentes
Observações do projeto Biodiversidade Marinha do Estado de Santa Catarina, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, indicam que a espécie de água-viva que pode ter causado a maior parte dos acidentes nesse verão é Olindias sambaquiensis, espécie descrita pelo naturalista Fritz Müller em Santa Catarina e previamente conhecida por causar “queimaduras”. A equipe observou e fotografou a espécie em vários pontos do litoral de Florianópolis e na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. Os biólogos e alunos da UFSC também observaram as células urticantes, conhecidas como cnidócitos, no Laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC.
Apesar de a equipe também ter avistado outras espécies de águas-vivas a partir de dezembro de 2010, relatos de banhistas e a observação de exemplares grandes (entre 10 e 15 cm de diâmetro) apontam Olindias sambaquiensis como uma das principais espécies responsáveis pelos acidentes nesse verão. Em verões passados, muitos acidentes foram também causados pela espécie Physalia physalis, conhecida como caravela-portuguesa.
Segundo Alberto Lindner, coordenador do projeto Biodiversidade Marinha do Estado de Santa Catarina, o desafio agora é monitorar a presença de águas-vivas no Estado também no inverno e compreender melhor a biologia destes animais.Ele salienta que é importante lembrar que as águas-vivas e caravelas não atacam os banhistas, apenas capturam alimento passivamente na água com seus tentáculos urticantes e “queimam” quando são acidentalmente tocadas.
Números disponibilizados pelo Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT), que funciona junto ao Hospital Universitário da UFSC, mostram que no final de 2010 foram registradas 48 intoxicações por celenterados (águas-vivas, caravelas e suas larvas) no final de 2010. No início de 2011 já foram 32 casos registrados no CIT/SC.
O Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina mantém um serviço de plantão permanente durante 24 horas. O contato deve ser feito pelo telefone 0800-643-5252. Além de registrar as ocorrências, a equipe alerta para o que fazer no caso de queimaduras por águas-vivas e caravelas:
Orientações do Centro de Informações Toxicológicas:
– Antes de entrar no mar é fundamental observar na areia da praia se existem águas-vivas mortas. Caso isto ocorra deve-se tomar mais cuidado pois provavelmente existem outras vivas no mar. É importante ter bastante atenção para não encostar em alguma.
– Como neste período do ano, quando a água é mais quente existem muitas águas vivas as pessoas deveriam levar na bolsa de praia um frasco de vinagre para o caso de um acidente
– Quando houver queimadura com água viva, não se deve colocar água doce no local, visto que os nematocistos rompem por osmose e liberam mais “veneno”, aumentando a reação local.
– Se houver tentáculos aderidos a pele, estes podem ser retirados com uma pinça ou por “raspagem” com a borda não cortante de uma faca por exemplo.
– A melhor medida a ser tomada é colocar vinagre no local. O vinagre deve permanecer em contato com a pele de 15 a 30 minutos. O ideal é “esguichar” um pouco diretamente na pele e após isso embeber um pano, por exemplo uma fralda, com vinagre e mantê-la em contato com todo o local “queimado” por 15 a 30 minutos.
– Nos casos de dor leve a moderada, pode ser utilizado um analgésico comum do tipo paracetamol ou dipirona. Se a dor for intensa ou houver outros sintomas como vômitos, é importante encaminhar o acidentado a uma unidade de saúde para ser realizado uma analgesia mais potente.
– Felizmente as águas vivas do nosso litoral não são tão tóxicas como as “australianas”. Lá as águas vivas são os animais que mais matam. Existem espécies tão tóxicas que podem causar a morte em poucos minutos.
Saiba Mais:
48 Intoxicações por Celenterados registrados no CIT/SC, no período de 2010:
Água-Viva: 43
Caravela: 4
Larva de Cnidário: 1
32 Intoxicações por Celenterados registrados no CIT/SC, no período de Janeiro a 16 de Fevereiro de2011.
Água-Viva: 30
Caravela: 2
Mais informações sobre registros de acidentes com águas-vivas e caravelas junto ao Centro de Informações Toxicológicas: (48) 3721-9083 / 0800-643-5252 (Ligação Gratuita 24h) / www.cit.sc.gov.br
Mais informações sobre a identificação da espécie Olindias sambaquiensis no litoral de Florianópolis: Alberto Lindner / (48) 3721-9460 / alindner@ccb.ufsc.br
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
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