‘Nossos Monumentos’: Reitoria da UFSC possui um dos maiores mosaicos da América Latina

22/10/2016 14:06

Quem caminha pela UFSC e passa em frente à colorida parede do prédio da Reitoria talvez nem se dê conta de que ali se encontra um dos maiores mosaicos da América Latina, com 440 metros quadrados de área, chamado Muro da Memória. O artista considera que a obra não está concluída.

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Artista visita a obra em 1995. Foto: Acervo/Agecom

Rodrigo de Haro e seu assistente Idésio Leal receberam o convite para realizar esse projeto. Os dois emendaram dias e noites pesquisando a história das Américas. Um dado se transformava em imagem na cabeça do artista, que era desenhada numa imensa parede e, depois, coberta com pequenos e coloridos pedaços de azulejo. Os textos da obra da primeira parte são poéticos, livros inaugurais e crônicas pré-colombianas, literatura colonial e relatos de viagens, poesia contemporânea e moderna da ilha. Já na segunda parte, encontram-se narrativas, poemas, lendas e viagens dos açores.

Os textos foram confeccionados em técnica “musiva”, com material de azulejos recortados, que unidos formam o desenho artístico. A execução se deu durante a década de 90 nas gestões dos reitores Antônio Diomário de Queiroz e Rodolfo Joaquim Pinto da Luz.

A homenagem à Santa Catarina de Alexandria foi a primeira etapa da obra realizada entre 1995 e 1996, onde Santa Catarina está com a espada de punho e com uma relação de nomes de seus protegidos. Ao lado da imagem está escrito:

“Catarina de Alexandria –Princesa –Virgem – Mártir
Padroeira dos Letrados, artesãos, inventores nautas, costureiras, prisioneiros intuitivos, jogadores.
Padroeira de Universidades, Rotas, tronos, timões corujas e maravilhas.
Catarina
Salve!”

Os painéis feitos pelo artista são uma das atrações da Universidade, e o trabalho é muito reconhecido e citado no livro Mosaicos brasileiros, de Henrique Gougon, como uma referência na arte do mosaico no Brasil.

Nos mosaicos de Haro, as imagens parecem brincar com o espectador e, peça por peça, vão narrando a história das Américas. Há também fragmentos de textos do folclorista Câmara Cascudo, dos navegadores e cronistas Francisco Lopes de Gómara e Adelbert von Chamisso e dos escritores Raul Bopp, Pedro Port e Alcides Buss.

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Foto: Acervo/Agecom

Quem gosta de ler passa alguns minutos olhando e se encantando com os poemas que as paredes sustentam, como o poema do Saci:

“Casta de pequena coruja, que deve o nome ao grito que faz ouvir repetidamente durante a noite e pássaro agourante (…). O nome de Saci é espalhado do Amazonas ao Rio Grande do Sul – O mito, porem, já não é o mesmo, no Rio Grande é um menino de uma perna só que se diverte em atormentar a noite os viajantes procurando fazer-lhes perder o caminho. Em São Paulo é um negrinho que traz um boné vermelho na cabeça e frequenta os brejos, divertindo-se em fazer aos cavaleiros que por ai andam toda sorte de diabruras, até que reconhecendo-o o cavaleiro não o enxota chamando-o pelo nome, porque então ele foge dando uma grande gargalhada.”

O artista

Filho do pintor Martinho de Haro, o poeta, intelectual, pensador, mosaicista e artista brasileiro Rodrigo de Haro nasceu em Paris e em seguida veio para o Brasil. É graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFSC, doutor pela Universidade del País Vasco e pós-doutor em Arte Pública pela UFF-RJ.

Divide suas atividades profissionais entre Florianópolis e São Paulo. Em poesia, atua, desde 1960, como organizador do movimento surrealista e tem seus poemas publicados em livros no Brasil e em antologias na Espanha e Estados Unidos. Por volta de 1987, trabalha na decoração do Teatro Municipal de Florianópolis, com 80 painéis Mandalas.

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Foto: Acervo/Agecom

Manuella Mariani/Estagiária de Jornalismo/Agecom/UFSC

Com informações institucionais de ‘Arte na UFSC’ (2014)

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