Projeto de extensão do Núcleo de Desenvolvimento Infantil promove troca cultural

18/08/2016 09:49
Crianças participam de ciranda, durante atividade do projeto "Este Lugar também é Seu", no NDI. (Foto: Divulgação)

Crianças participam de ciranda, durante atividade do projeto “Este Lugar também é Seu”, no NDI. (Foto: Divulgação)

O projeto Este Lugar Também É Seu, desenvolvido no primeiro semestre de 2016, no Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), recebe alunos matriculados em escolas públicas municipais e conveniadas para um dia de atividades, e também oferece acolhimento para crianças indígenas, filhos de estudantes de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica (LII). A proposta é integrar as crianças do Núcleo com outras crianças, possibilitando a troca de experiências e culturas em atividades de exploração e convívio nos espaços do NDI.

“A proposta é receber as crianças em ocasiões pontuais, para aproveitar os parques e seus brinquedos, os espaços arborizados e amplos e desenvolver diferentes atividades”, explica Dalânea Cristina Flôr, autora do projeto e pedagoga Técnica-Administrativa em Educação (TAE) da UFSC. “Algumas escolas públicas e especialmente as conveniadas às vezes têm um espaço limitado, muitas vezes têm parques muito pequenos, com pouca ou nenhuma árvore, com poucos espaços alternativos além das salas de aula. A ideia é estender esses espaços do NDI e os conhecimentos ali presentes para as crianças visitantes”, complementa. Por sua vez, os estudantes de Licenciatura Indígena vêm à UFSC para ter aulas em três períodos de cerca de 15 dias a cada semestre, muitas vezes trazendo seus filhos pequenos. No primeiro semestre, as crianças indígenas foram recebidas uma vez a cada vinda à UFSC, no NDI, no segundo semestre a previsão é aumentar o número de dias deste acolhimento no Núcleo e ampliar para outros espaços para a infância na Universidade. 

Crianças brincam durante atividade do projeto "Este Lugar também é Seu", no NDI. (Foto: Divulgação)

Crianças brincam durante atividade do projeto “Este Lugar também é Seu”, no NDI. (Foto: Divulgação)

O projeto piloto aconteceu em 2014, somente com as escolas, e voltou em 2016 com a participação de três escolas: o Centro Municipal de Educação Infantil Cantinho Feliz, da Rede municipal de Angelina; o Núcleo de Educação Infantil Maria Elena da Silva, da Rede Municipal de Florianópolis; e a Creche São Francisco de Assis, conveniada à Rede Municipal de Florianópolis. Além desses alunos, seis crianças indígenas foram recebidas em três ocasiões. Neste ano, um total de 79 crianças visitantes participaram do projeto, juntamente com 105 alunos do Núcleo.

As atividades foram desenvolvidas em conjunto, integrando as crianças, professores, Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) e estagiários do NDI com os das escolas visitantes. Houve também atividades de educação física, música, dança, brincadeiras de roda, contação de histórias, lanche, entre outras atividades.

A proposta para o segundo semestre de 2016 é trabalhar apenas com as crianças indígenas. “A ideia é ampliar o projeto para mais dias, já que os pais, acadêmicos dessa Licenciatura, ficam na Universidade por cerca de 15 dias a cada vinda ao campus, e no primeiro semestre o acolhimento foi somente no NDI em apenas um dia a cada vinda. A ideia é organizar para um tempo maior, e para isso estamos fazendo contato com outras escolas que funcionam na UFSC, como a Flor do Campus e o Serviço de Educação Infantil do Hospital Universitário (SEI-HU) e vendo a possibilidade de usar outros espaços da Universidade. Queremos dar uma condição mais adequada para as crianças quando estiverem na UFSC”, complementa Dalânea.

“A ideia é contribuir para que as crianças tenham atendimento adequado para sua faixa etária e contribuir também para a permanência dos acadêmicos indígenas na UFSC. Por isso o acolhimento será ampliado para todas as tardes durante todo o período em que as crianças estiverem na UFSC e, se possível, alguns dias inteiros, a depender da parceria com as escolas de educação infantil localizadas na Universidade. Para o acolhimento vinculado às escolas os planejamentos serão realizados com as professoras e demais adultos envolvidos, considerando brincadeiras e atividades típicas de ambos os grupos, adequadas à criança de zero a seis anos”, salienta a pedagoga.

Crianças participam de atividade de pintura feita com terra. (Foto: Divulgação)

Crianças participam de atividade de pintura feita com terra. (Foto: Divulgação)

O projeto Este Lugar Também é Seu, está em reestruturação para o segundo semestre. “Além da construção de parcerias com escolas presentes no campus, a equipe do projeto planejará, organizará e acompanhará o acolhimento das crianças indígenas nos dias não vinculados às escolas; realizará visitas com as crianças indígenas nos diferentes espaços da UFSC e próximas a ela como planetário, brinquedoteca do Colégio de Aplicação, bosque da UFSC, passeios pelo Campus, Horto florestal do Córrego Grande; realizará leituras e reflexões sobre criança, infância e interação intercultural”, planeja Dalânea. A efetivação do projeto se dará por meio da parceria com a coordenação do curso LII.

“Quando eles chegam ao NDI, ficam muito encantados com o espaço. As crianças já chegam ao portão perguntando se podem ir brincar no parque”, conta Dalânea. “É muito interessante e gratificante. O entusiasmo deles por utilizar os brinquedos e fazer as atividades propostas, o brilho nos olhos, a alegria. Tudo isso demonstra que estes espaços não podem ficar restritos apenas às crianças matriculadas no NDI. Como espaços públicos, devem ser socializados, ainda que esporadicamente, ao maior número possível de crianças da comunidade”, salienta a pedagoga.

Atividade de lanche conjunto do projeto "Este Lugar também é Seu", no NDI. (Foto: Divulgação)

Atividade de lanche conjunto do projeto “Este Lugar também é Seu”, no NDI. (Foto: Divulgação)

Trocas culturais

Este foi o primeiro semestre com o acolhimento das crianças indígenas. Dalânea explica que foi uma experiência muito positiva. “Foram trocas culturais interessantes, as crianças do NDI ensinaram suas brincadeiras típicas para as visitantes, que por sua vez nos ensinaram brincadeiras de suas comunidades. Observamos comportamentos e hábitos similares e diferentes de ambos os grupos em determinados aspectos. As crianças indígenas demostraram muito afeto com as demais crianças e com os adultos e uma forma de interagir com o outro que suscitou um sentimento de coletividade”, relata a autora do projeto.

A professora Regina Ingrid Bragagnolo, parceira do projeto, juntamente com a professora Carolina Shimomura Spinelli acolheu as crianças indígenas em sua sala de aula e utilizou a experiência para enriquecer um trabalho em andamento com os alunos dela, intitulado Identidades e Diferenças. “Estudamos como os diferentes povos se constituem, como se alimentam, como se vestem, como é a organização dessas comunidades, sua música, linguagem, gastronomia. Como estamos explorando essas identidades, esses contato com as crianças indígenas favorece ainda mais essa valorização das diferenças interétnicas. Essa troca é extremamente rica. Por exemplo, todas as crianças gostam de subir em árvore, mas as crianças indígenas sobem até o topo, então as crianças do NDI ficam maravilhadas”, conta a professora.

 

Mayra Cajueiro Warren
Jornalista da Agecom/UFSC
48 3721 9601
mayra.cajueiro@gmail.com

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