Alimentos ultraprocessados direcionados a crianças: informação nutricional e opinião de consumidores

28/10/2015 07:00

A pesquisa “Alimentos ultraprocessados direcionados a crianças: disponibilidade, informação nutricional complementar e opinião de consumidores infantis” foi realizada pela nutricionista vinculada ao Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (Nupre), Natália Durigon Zucchi, e orientada pela professora Giovanna Medeiros Rataichesck Fiates, para a dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).  O estudo integra um amplo projeto: “Rotulagem nutricional em alimentos industrializados brasileiros: análise multitemática da utilização pelo consumidor e influência nas escolhas”, como a pesquisa divulgada no site da UFSC em outubro de 2014.

A pesquisa de Natália teve duas vertentes: a das informações nutricionais contidas nas embalagens de alimentos ultraprocessados voltados para crianças e a da capacidade de as crianças realizarem a leitura das imagens nessas embalagens.

A pesquisadora realizou um levantamento de embalagens de alimentos industrializados disponíveis à venda em um grande supermercado de Florianópolis. Todas foram fotografadas, e 535 delas apresentavam estratégias de marketing para o público infantil, sendo classificadas como direcionadas a crianças.  Essas embalagens foram analisadas de modo a classificar os produtos segundo o grau de processamento, quantificadas e qualificadas conforme a presença de Informação Nutricional Complementar (INC).

Dentre os 535 alimentos industrializados direcionados a crianças, aproximadamente 90% foram classificados como ultraprocessados; entre estes, quase a metade apresentava um ou mais tipos de INC no painel frontal – a maioria relativa à presença ou ao aumento de vitaminas e minerais em produtos como biscoitos recheados, iogurtes, sucos artificiais e gelatinas. A INC referente à isenção de algum componente mais frequente foi relativa à gordura trans. Os alimentos em cujas embalagens foi identificado o maior número de INC foram biscoitos e bolos recheados, iogurtes adoçados e balas.

Os resultados apontam a importância de regulamentar quando uma INC pode ser apresentada na embalagem de um determinado produto, pois o destaque à fortificação de alimentos ultraprocessados direcionados a crianças é, no mínimo, questionável.

Dentre essas embalagens, quatro (de produtos ultraprocessados – lanches para consumo imediato e produtos prontos ao aquecer, criados para substituir refeições preparadas em casa) foram selecionadas para a segunda vertente da pesquisa, das quais três de alimentos e uma de bebida.

Essas quatro embalagens de produtos que poderiam ser consumidos em refeições principais ou em lanches, com diferentes tipos de INC nos painéis frontais, foram as usadas para a pesquisa com 49 crianças de uma escola particular de Florianópolis (27 meninos), com idade entre 8 e 10 anos, separadas em grupos focais, visando conhecer sua opinião sobre a leitura das informações nelas contidas. Os grupos foram formados por de quatro a seis participantes e separados por sexo.  Com relação aos grupos focais, as crianças participantes demonstraram reconhecer a utilização de imagens em embalagens como estratégia de marketing,e também tiveram postura crítica e questionadora perante a presença da INC. Estavam atentas a informações na rotulagem de modo geral, incluindo a data de validade e o símbolo de transgênico (T), apesar de a maioria dos grupos não compreender o seu significado.

Por seu papel como consumidores influenciadores das compras da família e como futuros consumidores, crianças podem se tornar o foco de ações voltadas à utilização e interpretação das informações presentes na rotulagem nutricional. Desse modo, sugerem-se também estratégias para a socialização do público infantil como consumidor, motivando a leitura e interpretação dos rótulos.

Contato: Giovanna Medeiros Rataichesck Fiates/ giovanna.fiates@ufsc.br / (48) 3721-9784.

Edição: Alita Diana/Jornalista da Agecom/DGC/UFSC
alita.diana@ufsc.br

Revisão: Claudio Borrelli/Revisor de Textos da Agecom/Diretoria-Geral de Comunicação/UFSC

 

Tags: alimentos direcionados para criançasalimentos para criançasalimentos ultraprocessadosestratégias de marketingGiovanna M R Fiatesleitura de embalagensNatália Durigon ZucchiPPPGNUFSC