Novos títulos da Coleção ‘Antropologia em Laboratório’ fomentam políticas públicas

02/12/2014 13:07

A Coleção Antropologia em Laboratório, inaugurada em 2013 pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) com quatro títulos em uma única fornada, está com dois novos livros na rua: Arte e sociabilidade em perspectiva antropológica, organizada  por Deise Lucy Montardo e Maria Eugenia Domínguez; e Patrimônio cultural e seus campos, com organização de Alicia Norma González de Castells e Jeana Laura da Cunha Santos. A Coleção pioneira da EdUFSC é um projeto editorial do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade. Os núcleos responsáveis pelos conteúdos dos livros realizam pesquisas em diversas áreas e campos temáticos, abordando assuntos relevantes no Estado, na região,  no País e no  mundo. As obras, segundo a coordenação do projeto, “dão visibilidade também à contribuição  de ponta das pesquisas antropológicas desenvolvidas na UFSC em suas múltiplas redes de interlocução com movimentos sociais e instituições”. A iniciativa conta com o apoio da Coordenação de Capacitação de Pessoal em Nível Superior (Capes/MEC).

Arte_sociabilidades_perspectiva_antropologica_patrimonio_cultural

Com a participação de 14 autores, Arte e sociabilidade em perspectiva antropológica reúne artigos apresentados em Colóquio Internacional realizado em Manaus e Florianópolis no âmbito do Instituto Brasil Plural. O destaque é o artigo do convidado especial, o antropólogo Jonathan Hill, da Southern Illinois University, que lamentou a “grande lacuna nos estudos da etnologia indígena na América do Sul”. A exemplo do pesquisador Rafael de Menezes Bastos, que também contribui com um artigo, reforça a importância vital da preservação da musicalidade na cultura indígena. Rafael, autor de clássicos nesta área, faz uma reflexão sobre a música como “objeto de estudo de diversos campos das humanidades”.

Jonathan Hill ressalta o papel fundamental da etnomusicologia no mundo globalizado e nos estados nacionais atuais. “A musicalização é o processo de criação de espaços sociais nos quais interações humanas  são politicamente entrelaçadas com os sons e comportamentos de pássaros, peixes e outras espécies animais não humanos”, resume. Ao constatar a carência de pesquisas e lançar desafios à comunidade científica, o autor lembrou que diversas gerações já relataram a relevância da música vocal e instrumental. Mas, conforme enfatizou, somente nas últimas duas décadas etnólogos passaram a “documentar e compreender a complexidade das dimensões musicais da arte verbal e performance ritual nas terras baixas da América do Sul”. Hill aponta como referencial o trabalho científico desenvolvido por mais de quatro décadas pelo colega Rafael de Menezes Bastos, professor da UFSC, e autor de A Festa da Jaguatirica – Uma partitura crítico – interpretativa. Os demais artigos refletem a amplitude do título do evento que originou o livro: Colóquio Arte e Sociabilidades: Pesquisa, Colaboração e Fronteiras.

Patrimônio Cultural e seus campos, organizado pelas pesquisadoras Alicia Norma González de Castello e Jeana Laura da Cunha Santos, compartilha o conhecimento de 16 autores e reflete os resultados do I Seminário de Patrimônio e Museologia organizado pelo Núcleo de Dinâmicas Urbanas e Patrimônio Cultural da UFSC. As organizadoras observam que os artigos podem ser lidos também de forma transversal a partir das suas chaves temáticas: “O papel social do patrimônio cultural, as nuances do patrimônio imaterial, e os novos desafios da cidade contemporânea: mercado e patrimônios”. Por exemplo, o artigo da antropóloga Maria José Reis, que enfoca os direitos dos índios Kaigang, privilegia, de acordo com as organizadoras, um dos eixos centrais do livro: “a discussão referente à problemática do patrimônio imaterial, mostrando, assim, as interfaces do patrimônio cultural”.

As pesquisadoras assinalam que em 2003 a Unesco passou a adotar o conceito de patrimônio cultural imaterial, legitimando uma conduta já assumida há muito tempo pelos antropólogos. Provas desta postura na investigação científica encontram-se na própria coletânea: arqueologia, história e memória são os pilares do patrimônio cultural e imaterial de um povo, cidade ou sociedade. Indígenas, quilombolas, imigrantes, paisagens urbanas, meio ambiente, terras e águas povoam a diversidade de análises e olhares da academia nesta obra. (Na semana passada, por exemplo, a Unesco concedeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade para a popular Roda de Capoeira).

A Coleção Antropologia em Laboratório, além de socializar o conhecimento gerado na universidade, tem a nobre missão de fomentar e instrumentalizar ações sociais e políticas públicas. Neste sentido, as coletâneas selecionadas para os seis títulos publicados dentro da Coleção contemplam um amplo leque de pesquisas: Antropologia Visual e da Comunicação: Antropologia Urbana e do Patrimônio; Arte, Etnomusicologia e Performance; Etnologia e Atno-história da Antropologia; Identidade, Etnicidade e Migração, Parentesco, Família, Gênero e Sexualidade; Políticas Públicas e Sociais, Justiça e Direitos Humanos; Religião, Cosmologia e Ritual, Saúde e Corporalidade; Subjetividade, Micropolítica e Movimentos Contemporâneos.

Mais informações com a EdUFSC: www.editora.ufsc.br / (48) 3721-9408

Diretor executivo – Fábio Lopes: flopes@cce.ufsc.br / (48) 9933-8887

Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC

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