Livro da EdUFSC faz raio X multidisciplinar da violência

27/11/2014 08:20

A partir de uma visão multidisciplinar, 21 pesquisadores fazem um “esforço unificador” para propor saídas e entender as origens e causas do fenômeno da violência humana. O resultado o leitor encontra no livro Violências e figuras Subjetivas: investigações acerca do mal incontrolável, organizado pelos professores Mériti de Souza, Francisco Martins e José Newton Garcia de Araújo. Lançado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), aborda um leque abrangente de questões que violam e ferem a dignidade e os direitos das pessoas e comunidades. Permeada por reflexões e pesquisas sobre violência no Brasil e no mundo, a obra fala de mutilações sexuais, migração, prisões, hospitais, gênero, mulher, escola, trabalho, história, morro, assim como de um humor que beira o sarcasmo. Segundo os organizadores, o objetivo é “compreender a violência no humano na sua diversidade”.

Violências e figuras subjetivas

Os autores se debruçam sobre diferentes contextos e cenários para tentar desvendar e explicar a violência nas famílias, escolas, empresas e instituições. O livro, por exemplo, parte da tentativa de compreender a lógica social do próprio fenômeno. Um avanço presente na pesquisa é o contínuo combate à violência contra a mulher: a temática “violência e feminismo” ocupa, pela importância, três capítulos da coletânea. “A retirada da violência doméstica do contexto unicamente privado para colocá-la como fenômeno de dimensão pública e política” é celebrada no artigo da pesquisadora Maria Ignez Costa.

Em Violência e prisões, Dominique Lhwilier denuncia que “a dominação institucional tende à anulação simbólica do sujeito de direito e de desejo”; afinal, como salienta, “a violência da prisão não é somente a dos prisioneiros, mas também da instituição”. O detento não se pertence mais. O encarceramento é também “a privação do acesso público, uma exclusão da participação política”.

O livro aprofunda  igualmente os efeitos da violência no mundo do trabalho, sobretudo nos campos da saúde e educação, e denuncia as organizações “marcadas pela dominação”. Maria Chalfin Coutinho detecta que “as lógicas de gestão regidas pelo mercado efetivam a dominação simbólica e produzem o desgaste dos docentes universitários”. Artigo de Carolina Costa Resende e José Newton Garcia de Araújo revela a outra ponta da exploração do trabalhador, ao expor a vulnerabilidade dos cortadores de cana.

As pesquisadoras Diana Carvalho de Carvalho e Simone Vieira de Souza escancaram a violência embutida nas práticas e discursos que “povoam as instituições  escolares e as relações entre alunos e professores”. Marcele de Freitas Emerim e Mériti de Souza mostram “quão desumano pode ser o contexto prisional e hospitalar psiquiátrico” e diagnosticam que a violência, a prisão e a prática clínica “configuram um problema não só das autoridades, mas de toda a sociedade”.

Para não ficar na província nem na metrópole, o livro da EdUFSC também difunde uma reflexão sobre a violência orquestrada pelas elites contra os movimentos migratórios: nos EUA e na Europa, conforme verifica Charles Watters, os migrantes são “percebidos como uma ameaça à ordem social, como bárbaros que estão a forçar a desordem nos portões”.

O pesquisador Edwige Rude-Antoine “informa” que “as mutilações sexuais permanecem problemáticas por mesclarem valores éticos e valores culturais”. A conclusão aplica-se aos demais capítulos que exibem a história da violência aqui e no planeta.

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Moacir Loth/Jornalista da Agecom/UFSC

Revisão: Claudio Borrelli/Revisor de Textos da Agecom/DGC/UFSC

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