Mudança climática em pauta na 65ª Reunião Anual da SBPC

24/07/2013 11:24

Na sua conferência “Propriedades geológicas e sociais da mudança climática”, o professor Ulrich Anton Glashmacher, da Universidade de Heidelberg (Alemanha), explicou seu estudo sobre o clima a partir de uma escala geológica da evolução do planeta. Embora seja um assunto em debate, nem todos sabem o que significa e o que podemos fazer para controlar o clima, defende o professor. A conferência faz parte da programação da 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre de 21 a 26 de julho no Recife (PE).

Entre os principais fatores que desempenham papel importante na compreensão da mudança do clima são a incidência dos raios solares e a orientação do planeta em relação ao sol. A temperatura, a água, a precipitação, as pressões atmosféricas, o vento e o teor de CO2 na atmosfera também exercem forte influência. “Com uma história de 8,6 bilhões de ano, as atividades dos seres humanos desempenham um papel pequeno, mas que não podem ser ignoradas”, explica Glashmacher.

Nosso planeta sempre teve períodos quentes e frios no passado. “Há 300 milhões de anos tivemos a mesma configuração de hoje”, explica. Há um padrão: eventos frios são seguidos por eventos muito quentes. Para o professor, nosso planeta está indo para o clima frio. Esta mudança começou há 35 milhões de anos, quando a Antártida se tornou completamente coberta de gelo.

Professor Ulrich Anton Glashmacher. Foto: Laura Tuyama/Agecom/UFSC

Uma das questões abordadas por Glashmacher é de que os humanos já vivenciaram as mudanças de clima. Ele explica que na evolução dos hominídeos, há 2,3 milhões de anos, a população vivia em uma região de florestas úmidas na África. Uma mudança brusca no clima ocasionou a mudança também nos alimentos, que se tornaram mais duros, implicaram em racionamento e foram decisivos para a sobrevivência das duas espécies de hominídeos.

O professor relata também sobre a pequena idade do gelo, que ocorreu durante a Idade Média. Na Europa, foi o período em que houve a ocorrência de pestes, cólera, doenças, secas. Foi também o período de grandes migrações, para povoamento dos continentes recém alcançados pelos navegadores europeus. Na América do Sul, um estudo descobriu que a região de Palpa (Peru) foi uma área onde se praticava agricultura há 400 anos. Atualmente, é um deserto.

Para finalizar a palestra, o professor Glashmacher analisou o que os seres humanos estão fazendo para provocar a mudança climática. “Estamos mudando a composição dos gases e das partículas da atmosfera”, explica. Ele chama atenção para o fato de que, mesmo com essas intervenções, a média da temperatura não está aumentando. “Deveria aumentar, mas não está acontecendo e não sabemos o motivo”, completa. Uma das consequências das intervenções são os eventos climáticos como as inundações que acontecem com mais frequência, em um período muito curto. “O que mais me surpreende é que as pessoas sabem que vivem em áreas sujeitas a esses fenômenos mas não mudam de casas”, questiona.

Gleishmacher finalizou a palestra relacionando o que podemos fazer como indivíduos sobre a mudança climática global. Entre suas ideias está a de questionar os hábitos de consumo (precisamos realmente de dois computadores, dois carros, duas tvs?), analisar o tipo de equipamento elétrico a ser comprado e pensar em formas para que as residências possam gerar eletricidade pelo sol ou vento. “O planeta não precisa de nós. A vida e o planeta irão sobreviver a nós, como fez no passado com outros seres que habitaram a Terra e como fará no futuro”, explica. “A boa notícia é que nenhuma extinção em massa no planeta teve a ver com mudança de clima”. “A vida vai continuar, mas dependemos no nosso comportamento para que a humanidade consiga sobreviver”, concluiu.

Serviço:

O quê: 65ª Reunião Anual da SBPC.

Quando: de 21 a 26 de julho de 2013.

Local: Universidade Federal do Pernambuco, Recife (PE).

Mais informações: http://www.sbpcnet.org.br/recife.

Laura Tuyama / Jornalista da Agecom / UFSC
laura.tuyama@ufsc.br

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