Jacques Derrida tem livro póstumo inédito lançado nesta quarta- feira pela EdUFSC

24/10/2012 08:30

Aprofundando a sua política editorial de publicar “livros para ler o mundo”, a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) lança nesta quarta-feira, dia 24 , a partir das 16h30min, no Campus da Trindade, em Florianópolis, a primeira edição póstuma do clássico Pensar em não ver: escritos sobre a arte do visível, do filósofo francês Jacques Derrida, traduzido por Marcelo Jacques de Moraes. O evento faz parte da tradicional feira de livros da EdUFSC, que começou no dia 24 de setembro com o relançamento de O detetive de Florianópolis, de Jair Hamms, e termina nesta  quinta-feira, dia 25 de outubro, oferecendo descontos de até 70% nos preços de capa dos títulos da EdUFSC.

Segundo explicam os editores Ginette Michaud, Joana Masó e Javier Bassas, para o filósofo “o visível é o lugar da oposição fundamental entre o sensível e o inteligível, a noite e o dia, a luz e a sombra”. Derrida denuncia o visível cada vez que esse “privilégio do óptico for posto como a questão que domina toda a história da metafísica ocidental”.

Os editores fazem um agradecimento especial a Marguerite Derrida “pela confiança e apoio ao projeto que resultou na publicação da obra, que, além de esmerado projeto gráfico, mereceu uma belíssima capa criada pela designer gráfica Maria Lúcia Iaczinski.

Empolgado com o resultado, o diretor executivo da EdUFSC, Sérgio Medeiros, observa que o lançamento fecha com chave de ouro a feira de livros deste ano. Medeiros estará presente na conversa com leitores e convidados no dia 24.

Ainda de acordo com os editores, no gesto da desconstrução, “as artes ditas visuais serão um lugar importante não apenas para desenvolver um questionamento próprio à história da filosofia, mas também para dar a pensar um visível articulado pelo movimento do rastro e das figuras derridianas da escrita”. O filósofo mostra que as artes do visível estão, na desconstrução, profundamente investidas pelo próprio movimento da escrita. “Mesmo que não haja nenhum discurso, o efeito do espaçamento já implica uma textualização”, o que, complementa Derrida, revela que, aqui, “a  expansão do conceito de texto é estrategicamente decisiva”.

Jacques Derrida participava ativamente do mundo artístico e intelectual. Portanto, além de teorizar, colaborava com artistas, arquitetos, historiadores da arte, especialistas em estética e críticos de cinema, marcando presença constante em encontros, mesas-redondas, debates e seminários.

Os textos constantes nesta tradução da EdUFSC encontram-se esgotados ou são de difícil acesso ao público. O livro reúne uma coletânea dos principais textos do filósofo sobre a questão das artes, tornando, assim, “sensíveis ao leitor algumas das proposições e dos axiomas mais inventivos de Derrida em um domínio, o da arte e da estética, que jamais foi por ele confinado na antiga delimitação das belas-artes, mas sempre apreendido, de pleno direito, como lugar movente de um pensamento”. O tradutor Marcelo Jacques de Moraes explica que o texto de Derrida “se constitui numa exploração constante da tensão entre a materialidade  da língua e seus efeitos de sentido”.

O livro oferece aos leitores artigos  produzidos ao longo de 25 anos (de 1979 a 2004). São testemunhos sobre o primado filosófico do visível na arte deslocados para questões de língua; textos e parcerias com artistas diversos ressaltando a singularidade do desenho e da pintura; artigos dedicados à fotografia, ao cinema e ao teatro, além de um texto, publicado dois meses    antes da sua morte, escancarando a sua complexa relação com a própria imagem.

Derrida, ao questionar a inteligibilidade da arte, inscreve as artes   e o visível no cerne da escrita e, dessa forma, leva às últimas consequências a idiomaticidade da arte, perguntando-se, por exemplo, em que língua se desenha:

            – Desenha-se sempre em uma língua e desenhar é sempre independente da língua?

A reflexão certamente explica o título da obra, que abarca estudos monográficos, conversas, conferências, enfim, um leque de textos ricos  e representativos, dois deles jamais publicados. Os editores recomendam a leitura de uma bibliografia e de uma filmografia, que fecham o volume, e que podem aquilatar e dimensionar o valor do filósofo para as artes. Pensar em não ver: escritos sobre a arte do visível será vendido a 32 reais até o final da feira.

 

Novidades da feira

A Feira de Livros da EdUFSC, funcionando de segunda à sexta-feira, das 8h30min às 19 horas, atraiu público permanente da comunidade universitária e recebeu leitores e livreiros da cidade, da região e do Estado.

Entre outras novidades, incluindo a renovação da coleção didática, chamaram atenção do público o relançamento de O detetive de Florianópolis, de Jair Hamms, Contos Gauchescos, de João Simões Lopes Neto, e O fantástico da Ilha de Santa Catarina, de Franklin Cascaes.

A feira, que termina no dia 25,  está disponibilizando 32 anos de produção da Editora da UFSC, mas, ao mesmo tempo, oferece títulos independentes, de outras editoras locais e obras selecionadas pela Liga das Editoras Universitárias (LEU), que abriga, entre outras, a USP, Unicamp, a UnB e a UFMG.

A Editora da UFSC também já assegurou espaço na 11ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex), que acontece de 21 a 24 de novembro, quando a Universidade Federal de Santa Catarina divulga  tudo que faz em matéria de ciência, conhecimento e cultura com os recursos públicos que a população injeta na universidade.

Mais informações e contatos:

Sérgio Medeiros e Fernando Wolff
(48) – 3721-9605 , 3721-9408 , 3721-9686  e  3721-8507
e-mails: fernando@editora.ufsc.br
sergio@editora.ufsc.br

Download: imagem da capa em alta resolução.

Moacir Loth / Jornalista da Agecom / UFSC
loth@editora.ufsc.br

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