HU adquire equipamento para corrigir retinopatias em prematuros e diabéticos

21/08/2012 10:17

Expectativa é de que o trabalho evolua para cirurgia de retina, tornando o HU referência em atendimento público na área da visão em Santa Catarina

Para atender a pacientes que levavam até seis meses para ser tratados na rede pública, o Departamento de Cirurgia da Clínica Oftalmológica do Hospital Universitário (HU/UFSC) acabou de adquirir e colocar em operação dois aparelhos a laser para a correção de retinopatias em diabéticos e prematuros. Com isso, será possível melhorar o atendimento ambulatorial de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o Estado, embora a maior concentração de casos registrados na unidade ocorra na região da Grande Florianópolis. Por enquanto, a capacidade de atendimento é superior à demanda, mas um convênio do HU com a prefeitura da Capital tende a aumentar o número de procedimentos no hospital. 

O médico Eduardo Vieira de Souza, que estruturou a unidade, conta que a retinopatia diabética foi a linha de pesquisa que orientou o seu mestrado. Formado pela Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto e professor da UFSC há três anos, ele está no HU desde 2011 e diz que no caso dos prematuros o atendimento ainda se restringe aos bebês que nascem na maternidade do Hospital Universitário e ficam no oxigênio até a alta. “Lá fora, as crianças podem esperar até duas semanas por atendimento”, afirma.

“Problemas com prematuros são mais raros do que com portadores de diabetes”, informa o profissional. Há casos de crianças que nascem com 28 semanas e precisam permanecer muito tempo no oxigênio, o que exige cuidados redobrados para evitar o mau desenvolvimento da retina, que pode levar à cegueira. No caso dos bebês com necessidade de cirurgia, os procedimentos são feitos no próprio hospital, com sedação dos pacientes. Com os novos equipamentos, que custaram em torno de R$ 150 mil, o ambulatório poderá fazer até 40 tratamentos por mês, média de 10 por semana.

Mais demanda
Eduardo Vieira de Souza começou a montar a unidade e formar a equipe em 2007, com a participação de médicos e professores do Departamento de Cirurgia. Em 2009, usando equipamentos adquiridos com a ajuda da Associação de Amigos do Hospital Universitário (AAHU), passou a ser oferecido o serviço de transplante para pacientes com problemas de córnea e catarata. Depois, surgiram o tratamento de glaucoma (não oferecido pelo SUS) e a plástica ocular. O próximo passo deverá ser a cirurgia de retina, tornando o HU, definitivamente, referência em atendimento público na área da visão em Santa Catarina.

O trabalho é multidisciplinar e conta com a parceria do Serviço de Endocrinologia, que detecta os casos de deficiências de visão provocados pelo diabetes. “Antes, conseguíamos diagnosticar o problema, mas não resolvê-lo”, conta o médico. Agora, apesar da greve de parte dos funcionários do hospital, o HU vem realizando o acompanhamento dos casos mais graves e também fazendo a avaliação da retina de todos os prematuros que nascem no estabelecimento. “Com o controle, podemos reduzir o avanço do problema ou brecar a perda de visão”, diz ele. Nos casos de diabetes tipo 2 (o mais grave), a avaliação é feita imediatamente após a detecção da doença.

O governo do Estado criou o programa Fila Zero, para reduzir a espera por cirurgias, que alcançou também o transplante de córneas. O doutor Eduardo de Souza informa que a fila é grande para os casos de glaucoma, área na qual o HU dobrou sua capacidade de atendimento. “Só para esse tipo de transplante há uma lista de quase 800 pessoas”, ressalta. “A ampliação do serviço reduz a fila, porém cria mais demanda, porque muita gente que ia para outros estados passa a procurar o HU para fazer a operação”.

Mais informações: (48) 3721-9197

Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom
pcquilombo@gmail.com

Fotos: Henrique Almeida / Agecom
henrique.almeida@ufsc.br

Tags: Clínica OftalmológicaHUUFSC