A violência é a falta da palavra: discurso do ódio é tema de evento de psicanálise
O discurso do ódio nasce da intolerância. Uma amiga contava esses dias sobre o assédio que as mulheres sofrem ao pedalar, quando estão em grupo. “Sozinhas, não somos hostilizadas pelos homens, nos sentimos muitas vezes até protegidas. Porém, quando estamos em grupo, parece que o ‘jogo’ muda e somos assediadas, xingadas… dá medo”.
Por que isso acontece? Por que, na atualidade, a polarização de grupos tem provocado manifestações incompatíveis com o século em que imaginamos viver? O ‘Discurso do Ódio’ foi um dos assuntos debatidos na 1ª Jornada de Pesquisa do Laboratório de Psicanálise, Processos Criativos e Interações Políticas (Lapcip/UFSC), cujo tema foi Psicanálise e Laço Social, realizada em quatro encontros noturnos no mês de junho.
O psicanalista Oscar Reymundo falou por 40 minutos sobre o surgimento do ódio e os seus reflexos no comportamento de cada um de nós na contemporaneidade. Um assunto denso, que foi acompanhado do início ao fim pelos olhares e ouvidos atentos dos acadêmicos de Psicologia.
Segundo Reymundo, o ódio é um sintoma social e se apresenta por meio de atos que corroem os laços sociais e fazem surgir o pior do ser humano. “O ato violento é a manifestação da violência no momento em que a palavra falha, ou seja, em que há a suspensão da convenção social de dialogar para resolver conflitos”. Anterior ao ato violento, surgem as manifestações de ódio. Reymundo cita a polarização atual envolvendo conflitos políticos e sociais no Brasil como sendo um reflexo da falta da palavra.
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