Arquiteta formada pela UFSC participa de projeto da Unesco

16/11/2010 16:55

“Fiquei muito emocionada e realizada quando vi que David tinha se identificado imediatamente com o brinquedo. Depois de dez dias planejando-o e construindo-o com muita ansiedade e expectativa, este momento foi, sem dúvida, um grande alívio e trouxe uma sensação de missão cumprida!” relata Monna Borges, arquiteta formada pela UFSC e professora das Faculdades Barddal e Cesusc. A egressa participou do 16° International Unesco Creativity Workshop, que aconteceu entre os dias 16 e 30 de maio em Wiehl, na Alemanha. O projeto teve como objetivo a criação de brinquedos para crianças com necessidades especiais, idosos e jovens dependentes químicos em recuperação.

David brincando com o "Cocoricó" de Monna

David brincando com o "Cocoricó" de Monna

Além de Monna, outros 19 participantes – entre eles designers, arquitetos, fisioterapeuta, artista plástico, psicóloga e educadora -, foram selecionados, vindos de países como Turquia, Itália, Índia, Uganda, Chile, Israel e Indonésia. O workshop foi organizado pelo prefeito de Oberberg, Hagen Jobi, e pelo presidente do Departamento de Brinquedos para Reabilitação da Unesco, Sigfried Zoels.

Cada participante passou dois dias em uma instituição de educação especial observando como era o público-alvo do brinquedo que projetariam. Monna ficou responsável por observar David, um menino de sete anos que tinha Síndrome de Down, Autismo e que também era mudo. “O meu objetivo não era identificar suas limitações e sim o que ele gostava de fazer, com o que preferia brincar”, conta a arquiteta. Ela constatou que David gostava de manusear pequenos pedaços de papéis e plásticos e guardá-los, olhar-se através de espelhos, pendurar coisas em ganchos, empurrar “carrinhos” e apertar botões com barulhos.

Diante dessas observações, Monna elaborou o projeto dos brinquedos “Cocoricó” e “Kit de espelhos”. “Pensei em algo que fosse só dele. A idéia foi unir em um brinquedo tudo o que David gostava de fazer” explicou Monna. Ela e seus colegas passaram uma semana no Atelier BWO, uma associação que trabalha com encomendas e emprega apenas jovens e adultos deficientes. Toda a infraestrutura do atelier foi utilizada para que os brinquedos pudessem ser construídos com materiais resistentes e adequados às funções deles. Dos 39 brinquedos concebidos pelos participantes, 23 estão sendo produzidos em série pelo atelier, inclusive o “Cocoricó”.

Equipe que concebeu os brinquedos foi integrada por designers, arquitetos, fisioterapeuta, artista plástico, psicóloga e educadora

Equipe que concebeu os brinquedos foi integrada por designers, arquitetos, fisioterapeuta, artista plástico, psicóloga e educadora

No dia 28 de maio os brinquedos foram expostos na prefeitura de cidade de Oberberg: cada um era acompanhado de painel com cartazes explicativos. Para a arquiteta, o programa foi uma grande oportunidade de trocar de experiências com profissionais de todo o mundo. “Pudemos aprender tanto sobre diferentes práticas profissionais como sobre realidades, culturas e problemas distintos que cada país enfrenta”. A Unesco ainda fará um livro, explicando passo a passo como os brinquedos foram montados. A obra deverá ser vendida pelo site Amazon a partir do ano que vem.

Experiência com brinquedos
Monna já possui longa experiência em projetos relacionados a brinquedos. Tanto o Trabalho de Conclusão de Curso quanto o mestrado foram voltados para o tema parques infantis. “Cursei matérias sobre parques públicos durante a faculdade”, lembra.

Ela também elaborou em conjunto com as professoras Marta Dischinger e Vera Helena Moro Bins Ely, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, o livro “Manual de Acessibilidade Espacial para Escolas: O direito à Escola Acessível”, publicado pelo Ministério da Educação (MEC) por meio da Secretaria de Educação Especial. Outro projeto realizado pela arquiteta foi o “Glub Glub”, um brinquedo desenvolvido para atividades de Hidroterapia da Fundação Catarinense de Educação Especial.

Mais informações com Monna Borges- monna.arq@gmail.com

Por Ana Luísa Funchal/ Bolsista de Jornalismo na Agecom

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