Mães da UFSC: Andressa Dias Arndt
Andressa Dias Arndt
Graduada em Musicoterapia, estudante de doutorado no primeiro semestre do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Mãe do Leonardo, 4 meses
Assim que meu bebê nasceu, ele foi colocado no meu abraço e mamou como se já fizesse isso há anos. Eu nem sabia como aconchegá-lo, e ele foi me mostrando como era. Sempre acompanhei histórias dolorosas relacionadas à amamentação; então, estava de certa forma esperando alguma dor, desconforto, ou mesmo sofrimento, e, para minha surpresa, isso nunca aconteceu.
Meu bebê tem agora quatro meses, e a experiência da amamentação tem sido uma experiência de (re)criação de nosso vínculo. Com meu filho aprendi que os bebês têm fome de afeto, que o abraço regado de leite materno é muito mais que saciar a fome – é investir na relação de cuidado, de proteção, de carinho.
A meu ver, a amamentação carrega em si uma contradição. Por um lado, sentimo-nos intimidadas pelo fato de que, agora, o bebê necessita de que você esteja com ele todo o tempo, pois você é a possibilidade de alento, de saciedade, de segurança, e isso pode ser bastante assustador no início. Em contrapartida, não há nada na maternidade que me seja tão significativo em relação à construção de laço que a amamentação. É ali que a mulher marca a força que tem, força essa que gesta, gera e sustém a vida. Esse sentimento nos desloca, nos convoca a assumir que nosso corpo agora é outro, que não ocupamos mais o mesmo lugar, e isso é a possibilidade criativa que reside na vida da mulher, que agora se inaugura mãe.
Não tenho me antecipado em relação a planejar como será amamentá-lo após a introdução alimentar ou com o passar do tempo. Tenho vivenciado essa experiência linda, que me é tão cara e me faz mãe, diariamente.