A Universidade Federal de Santa Catarina será representada por duas equipes na 11ª Competição de Mini Bajas, promovida pela Sociedade de Engenharia Automotiva do Brasil. Cheias de expectativa, as equipes Ilhéu e Uiraçu, formadas por alunos dos cursos de Engenharia Mecânica, Produção Mecânica e Elétrica, aguardam para ver o desempenho de suas máquinas, entre os dias 7 e 10
de abril, na cidade de Piracicaba, São Paulo. “Estamos confiantes. Demos continuidade ao projeto apresentado no ano passando, aperfeiçoando alguns aspectos e corrigindo outros”, afirma o estudante de Engenharia Mecânica Cristiano Verona.
Neste ano, devem participar do evento cerca de 70 equipes – formadas por alunos de graduação de faculdades brasileiras, americanas e argentinas. O objetivo da competição é propor como desafio a elaboração de um projeto que envolva desde de tarefas de planejamento até a construção do veículo. Assim, tudo deve ser feito pelos estudantes, que se organizam como se estivessem em uma fábrica de automóveis. “O interessante é que eles precisam cuidar não somente da parte de engenharia, mas também de tarefas como marketing e gerenciamento de pessoal”, afirma o coordenador das equipes, professor Lauro Nicolazzi.
O minibaja é um veiculo de quatro rodas, para um ocupante, destinado a trajetos fora de estrada (off-road). Durante vários meses, os alunos trabalham na concepção e na implementação do projeto, enfrentando todos os desafios necessários à criação de um carro original, resistente e seguro. Além disso, é essencial que o minibaja seja adequado para a fabricação em série e apresente
fácil manutenção. Para que os juízes possam avaliar o nível de competitividade dos veículos, três provas são realizadas: estática, dinâmica e enduro. De acordo com o professor Nicolazzi, a última prova é a mais exigente. “O carro tem que andar na pista por quatro horas seguidas. Aí cada detalhe é importante. Quanto menos quebrar, melhor.”
Na UFSC, cerca de 20 alunos participam do projeto Mini Baja. Eles integram as duas equipes, fazendo todo o trabalho em conjunto, e só irão dividir-se durante a competição, de forma que cada equipe fique responsável por um veículo. Os dois protótipos desenvolvidos pelos alunos guardam poucas diferenças entre si. Uma delas está no sistema de suspensão traseira: um dos carros foi projetado com suspensão independente nas quatro rodas, mais semelhante a um veículo comum, e outro tem um eixo rígido na traseira, o que o torna mais adequado para pistas sinuosas. Na prática, essa distinção implica em diferentes respostas do carro ao fazer uma curva em velocidade, por exemplo. “Aquele que tem suspensão independente, sai de forma mais uniforme da curva. Já o que tem o eixo rígido joga mais a traseira ao sair”, explica Verona.
Pode parecer extremamente complicado desenvolver um projeto com todas essas peculiaridades, mas Verona, que é um dos capitães da equipe, garante que os problemas técnicos não são a principal dor de cabeça de quem participa da competição.
“Nosso maior desafio é mesmo trabalhar integrado, organizar o trabalho em equipe. Temos que aprender dia após dia a nos relacionar com as pessoas”, reconhece. Outro obstáculo enfrentado é o número reduzido de patrocinadores. “Se tivéssemos mais patrocínio, poderíamos usar peças mais sofisticadas, mais acessórios, e isso tornaria o carro mais competitivo”, ressalta o capitão. Segundo ele, cada protótipo desenvolvido custa cerca de R$20 mil. Para competir este ano, o projeto recebeu apoio da Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC), do departamento de Engenharia Mecânica da UFSC (EMC/UFSC)
e das empresas Petrobrás, NSK Brasil Ltda, Rudoplh Usinados de Precisão, Wiest Tubos e Componentes e TekBond Adesivos Industriais.
A Universidade Federal de Santa Catarina participa da competição desde 1997 e obteve a sua melhor colocação em 2000, quando a equipe Vento Sul ficou em sexto lugar. Embora a SAE premie com troféus os melhores colocados em cada prova, o sonho dos participantes é conquistar o primeiro ou o segundo lugares, pois os vencedores representarão o Brasil na SAE Midwest Mini Baja –
competição internacional que ocorre anualmente nos Estados Unidos. Em busca de um bom desempenho, as equipes Ilhéu e Uiraçu viajam para Piracicaba no próximo dia 6.
As vantagens de colocar a mão na massa
Na UFSC, os estudantes que participam do projeto Mini Baja estão matriculados em uma disciplina optativa – sem pré-requisitos – chamada Veículos Automotores e ministrada pelo professor Lauro Nicolazzi. Durante as aulas, os alunos aprendem os conceitos teóricos necessários à implementação do projeto. Mas a execução do que é planejado geralmente ocorre em horários extraclasse,
o que inclui finais de semana e férias.
De acordo com o professor Nicolazzi, o engajamento dos estudantes no projeto traz inúmeros benefícios ao aprendizado e ajuda a diminuir a evasão universitária – comum nas primeiras fases da graduação. “Quando o curso começa, geralmente os alunos se desestimulam, pois tem que estudar física, matemática e não vêem a aplicação dos conceitos. Com o projeto, eles têm a oportunidade de aplicar o que aprendem em sala de aula”. Além disso, o professor destaca que a participação em projetos desse tipo pode ajudar na vida profissional. “É um diferencial importante porque dá a vivência do chão de fábrica. Muitos alunos
conseguem vaga no mercado de trabalho pelo fato de ter participado do projeto Mini Baja. ”
O estudante Cristiano Verona concorda. Segundo ele, o projeto também serve para mostrar à comunidade como podem ser aplicados no dia a dia os conhecimentos recebidos por quem está na Universidade. “As pessoas podem ver que um aluno de Engenharia Mecânica não aprende somente a projetar, mas tem capacidade para desenvolver todas as etapas da construção de
um carro, até chegar no produto final.”
Aerodesign
Enquanto as equipes de minibaja acertam os últimos detalhes, outro grupo de alunos de engenharia prepara-se para a sétima edição da Competição SAE Brasil de AeroDesign, de 23 a 25 de setembro, em São José dos Campos (SP). Com objetivos semelhantes ao da competição para veículos automotores, a prova de AeroDesign consiste em projetar e construir uma aeronave comandada por controle remoto capaz de transportar grande quantidade de carga, com bom desempenho na decolagem e na aterrissagem e que também apresente estabilidade em vôo.
No ano passado, a equipe Céu Azul, da UFSC, competiu com mais de 50 grupos e conquistou o sétimo lugar geral – o melhor resultado proporcional da história da universidade. Agora, eles se preparam para chegar nos primeiros lugares do podium.
“Redesenhamos o projeto, mantendo os pontos positivos do anterior. Nosso objetivo deste ano é chegar à primeira colocação”, destaca o estudante de Engenharia Mecânica, Juliano Toporoski. Para isso, os testes do protótipo devem começar ainda neste mês.
Fonte: Núcleo de Comunicação do CTC/por Débora Horn
Informações com o professor Lauro Nicolazzi pelo telefone 331-9899 (ramal 202) ou lauro@grante.ufsc.br
Informações com Cristiano Verona :9915 7542 ou verona@grad.ufsc.br
Site do projeto Mini baja: www.minibaja.ufsc.br
Site do projeto Aerodesign : www.aerdesign.ufsc.br
SAE Brasil : www.saebrasil.org.br