Ciência para Todos: Vaga-lumes e Lúcifer
Vaga-lumes e Lúcifer
Faruk Nome, INCT- Catálise em Sistemas Moleculares e Nanoestruturados, Departamento de Química, UFSC, Brasil
CCell está maravilhado com as luzes emitidas por aqueles pequenos insetos chamados vaga-lumes. Querendo saber como é possível iluminar sem pilhas, ou corrente elétrica, ou sistemas naturais como o fogo, ou elevadas temperaturas como os vulcões, decide ir à biblioteca para entender essa maravilha da natureza.
Logo ele descobre que se trata de um novo tipo de fenômeno conhecido como bioluminescência, emissão de “luz fria” por organismos vivos, que é usada pelos vaga-lumes machos que voam emitindo luz para atrair as fêmeas. Estas, geralmente não voam, porém quando atraídas respondem emitindo luz.
CCell continua estudando na biblioteca para saber como essa luz fria é formada e descobre que a bioluminiscência é devida a um composto chamado LUCIFERINA e uma enzima chamada de LUCIFERASE, nomes derivados de Lúcifer, uma palavra com origem do latim lucem ferre, que significa “portador de luz”.
A reação química que acontece foi estudada por Bill McElroy utilizando milhares de insetos coletados por crianças em Baltimore. Nessa reação, a luciferina é transformada em oxiluciferina pela enzima luciferasa, consumindo oxigênio e uma molécula de ATP, para liberar luz de 560 nm.
A oxiluciferina, utilizando outras reações, pode ser transformada novamente em Luciferina. Este círculo virtuoso, que permite a emissão de luz, não existe apenas em vaga-lumes. Existe emissão bioluminescente em cogumelos, tubarões, e muitas espécies marinhas, que usam a luz para atrair uma fêmea ou uma presa, ou como mecanismo de defesa para confundir o predador e escapar.
Existem bactérias que usam a emissão de luz para comunicação e peixes como o Dragão Preto que a utiliza para ILUMINAR as presas e facilitar o ataque. Finalmente, os humanos usam a luciferina/luciferasa em bancos de sangue, na química forense para identificar sangue em nível traço nas cenas de crimes, e infinitas aplicações biotecnológicas que incluem até mesmo árvores de natal bioluminescentes.
Do blog Ciência para Todos
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