Vestibular 2020: conheça as obras literárias do concurso unificado UFSC e UFFS
O edital do Vestibular Unificado UFSC/UFFS 2020 ainda não foi lançado, mas o conteúdo programático das provas já está disponível aos candidatos (clique aqui para acessar). Na prova de Literatura Brasileira, a Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) ressalta que o objetivo será valorizar o candidato pela experiência de leitura do texto literário, mais do que pela memorização de informações descontextualizadas sobre autores, obras, datas etc.
De acordo com o Programa das Disciplinas, as questões irão abordar os seguintes aspectos:
– apreensão da obra literária como produto de um conhecimento de natureza estética;
– estabelecimento de relações do texto com o contexto sociocultural, com o movimento literário a que se vincula e com outros textos;
– compreensão da organização e da estrutura de textos literários, estabelecendo relações pertinentes entre seus elementos constitutivos;
– percepção das possibilidades de leitura, reconhecendo as singularidades e propriedades linguísticas que caracterizam um texto literário.
A Coperve sugere ainda que o candidato leia as obras na íntegra, bem como conheça o contexto histórico, social, cultural e estético de cada uma delas. São seis os títulos literários da próxima edição do Vestibular. Confira as obras a seguir:
Capitães da areia, de Jorge Amado
 Na década de 1930, uma série de escritores brasileiros, em especial no Nordeste do país, resolve imprimir maior engajamento social à literatura ao enfocar mazelas nacionais. Jorge Amado integra esse grupo ao lado de escritores como Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Publicado em 1937, Capitães da areia é uma narrativa sobre a vida de um grupo de meninos de rua que vive ao redor de um trapiche e perambula pela Salvador das primeiras décadas do século XX. O romance problematiza a infância abandonada e o descaso de autoridades públicas e de uma imprensa sensacionalista, que contribuem para a marginalização desses menores. Figura entre as obras mais influentes de um dos escritores brasileiros mais lidos no Brasil e no exterior.
Na década de 1930, uma série de escritores brasileiros, em especial no Nordeste do país, resolve imprimir maior engajamento social à literatura ao enfocar mazelas nacionais. Jorge Amado integra esse grupo ao lado de escritores como Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Publicado em 1937, Capitães da areia é uma narrativa sobre a vida de um grupo de meninos de rua que vive ao redor de um trapiche e perambula pela Salvador das primeiras décadas do século XX. O romance problematiza a infância abandonada e o descaso de autoridades públicas e de uma imprensa sensacionalista, que contribuem para a marginalização desses menores. Figura entre as obras mais influentes de um dos escritores brasileiros mais lidos no Brasil e no exterior.
Cemitério dos vivos, de Lima Barreto
 Romance de fundo autobiográfico em que Lima Barreto relata sua experiência após ser internado compulsoriamente no Hospital Nacional de Alienados, em 1919, devido a problemas com o álcool. Texto inacabado, com elementos da crônica e componentes ficcionais, Cemitério dos vivos é um dos últimos projetos do autor. Por meio do protagonista Vicente Mascarenhas, o livro critica severamente tanto o ambiente manicomial, especialmente no que se refere ao uso de tratamentos agressivos como o choque elétrico, quanto o preconceito e a exclusão social vivenciados pelos internos, o que torna a obra um testemunho bastante atual. Romancista da Primeira República, torna-se conhecido pela publicação de Triste fim de Policarpo Quaresma, mas somente nas últimas décadas a crítica contemporânea vem reconhecendo sua originalidade em utilizar o “escrever brasileiro”, antecipando elementos estéticos e temáticas sociais de um modo absolutamente singular, conferindo-lhe papel da maior importância entre os grandes escritores da literatura nacional.
Romance de fundo autobiográfico em que Lima Barreto relata sua experiência após ser internado compulsoriamente no Hospital Nacional de Alienados, em 1919, devido a problemas com o álcool. Texto inacabado, com elementos da crônica e componentes ficcionais, Cemitério dos vivos é um dos últimos projetos do autor. Por meio do protagonista Vicente Mascarenhas, o livro critica severamente tanto o ambiente manicomial, especialmente no que se refere ao uso de tratamentos agressivos como o choque elétrico, quanto o preconceito e a exclusão social vivenciados pelos internos, o que torna a obra um testemunho bastante atual. Romancista da Primeira República, torna-se conhecido pela publicação de Triste fim de Policarpo Quaresma, mas somente nas últimas décadas a crítica contemporânea vem reconhecendo sua originalidade em utilizar o “escrever brasileiro”, antecipando elementos estéticos e temáticas sociais de um modo absolutamente singular, conferindo-lhe papel da maior importância entre os grandes escritores da literatura nacional.
Melhores contos – Seleção Eduardo Portella, de Lygia Fagundes Telles
 Os contos que integram a obra foram publicados entre a década de 60 e a de 80 do século XX e selecionados pelo professor e filósofo Eduardo Portella, o qual destaca a perícia da escritora em “crescer por dentro”, ou seja, em criar uma estética própria, baseada na contenção e na precisão vocabular. Lygia Fagundes Telles começa a publicar em 1938, figurando ao lado de escritores como Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna, e mantém-se ativa até hoje, tendo se tornado em 2016 a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel de Literatura. A autora explora sentimentos como o amor, o ciúme, o desamparo do ser humano e a melancolia diante do envelhecimento e da morte, com uma abordagem que favoreceu as adaptações para a televisão. Fugindo de lugares comuns, como estereótipos femininos e clichês da autoajuda, a escritora se pauta pela imaginação, pela intriga e pelo mistério.
Os contos que integram a obra foram publicados entre a década de 60 e a de 80 do século XX e selecionados pelo professor e filósofo Eduardo Portella, o qual destaca a perícia da escritora em “crescer por dentro”, ou seja, em criar uma estética própria, baseada na contenção e na precisão vocabular. Lygia Fagundes Telles começa a publicar em 1938, figurando ao lado de escritores como Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna, e mantém-se ativa até hoje, tendo se tornado em 2016 a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel de Literatura. A autora explora sentimentos como o amor, o ciúme, o desamparo do ser humano e a melancolia diante do envelhecimento e da morte, com uma abordagem que favoreceu as adaptações para a televisão. Fugindo de lugares comuns, como estereótipos femininos e clichês da autoajuda, a escritora se pauta pela imaginação, pela intriga e pelo mistério.
Os milagres do cão Jerônimo, de Péricles Prade
O escritor catarinense integra o pequeno grupo de literatura fantástica praticado no cenário brasileiro, um espaço literário marcado por uma forte tradição realista. Os milagres do cão Jerônimo é uma coletânea de narrativas curtas entre as quais figuram traços do insólito, do absurdo, do fantástico, do maravilhoso e mesmo do surrealismo. Tendo publicado essa obra pela primeira vez em 1970, Prade é contemporâneo de outros expoentes do conto que exploram o fantástico brasileiro, tais como J. J. Veiga e Murilo Rubião. O e-book está disponível com acesso livre.
Quarto de despejo – Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus
 Publicado em 1960, Quarto de despejo é um forte relato biográfico de uma mulher negra e pobre, que sobrevive como catadora de lixo enquanto cria três filhos sozinha. Moradora da Favela do Canindé, à beira do Tietê, os diários relatam a luta pela subsistência na São Paulo de meados do século XX – tematizando a fome, a segregação social, o racismo estrutural, os dramas da convivência na favela e o oportunismo de políticos frente aos grupos marginalizados. Embora os diários sejam seu trabalho mais conhecido por conta do teor testemunhal, Carolina revelou-se uma escritora plural, autora de peças de teatro, romances e poemas, cujo tratamento estético da linguagem supera a leitura meramente antropológica, inserindo-a no cânone da literatura afro-brasileira.
Publicado em 1960, Quarto de despejo é um forte relato biográfico de uma mulher negra e pobre, que sobrevive como catadora de lixo enquanto cria três filhos sozinha. Moradora da Favela do Canindé, à beira do Tietê, os diários relatam a luta pela subsistência na São Paulo de meados do século XX – tematizando a fome, a segregação social, o racismo estrutural, os dramas da convivência na favela e o oportunismo de políticos frente aos grupos marginalizados. Embora os diários sejam seu trabalho mais conhecido por conta do teor testemunhal, Carolina revelou-se uma escritora plural, autora de peças de teatro, romances e poemas, cujo tratamento estético da linguagem supera a leitura meramente antropológica, inserindo-a no cânone da literatura afro-brasileira.
Um útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas
 Publicada em 2012, a coletânea de poemas de Angélica Freitas possui contornos feministas, pois seu lirismo contrapõe questões de gênero fortemente delineadas por uma cultura patriarcal. Por meio de seus poemas, estimula o leitor a repensar estereótipos de beleza, comportamento e identidade naturalizados como regra em nossa sociedade. O livro é articulado ao redor de um eixo temático – a mulher –, o que favorece a construção de uma unidade de composição e o diálogo interno entre os textos. Ironia, humor e sarcasmo são traços marcantes dessa obra contemporânea, constituindo dispositivos de linguagem que estimulam uma reflexão sobre como as mulheres se percebem e sobre como são culturalmente percebidas na atualidade.
Publicada em 2012, a coletânea de poemas de Angélica Freitas possui contornos feministas, pois seu lirismo contrapõe questões de gênero fortemente delineadas por uma cultura patriarcal. Por meio de seus poemas, estimula o leitor a repensar estereótipos de beleza, comportamento e identidade naturalizados como regra em nossa sociedade. O livro é articulado ao redor de um eixo temático – a mulher –, o que favorece a construção de uma unidade de composição e o diálogo interno entre os textos. Ironia, humor e sarcasmo são traços marcantes dessa obra contemporânea, constituindo dispositivos de linguagem que estimulam uma reflexão sobre como as mulheres se percebem e sobre como são culturalmente percebidas na atualidade.
Mais informações sobre o Vestibular Unificado 2020 no site vestibularunificado2020.ufsc.br.
 
        
































 
 
 
 
 
 
