Aluno da UFSC é selecionado para participar de projeto que reconstitui expedição de Darwin

15/12/2023 15:37

O estudante de Ciências Biológicas da UFSC Vitor Zanelatto foi selecionado para participar de iniciativa que reconstitui a expedição de Darwin. Ele está a bordo de um veleiro centenário na Patagônia argentina, onde irá se conectar com jovens de outras partes do mundo e atuar junto a uma pesquisadora local para desenvolver uma pesquisa sobre o papel de determinadas espécies de corujas em sistemas agroflorestais e seu papel na conservação da biodiversidade.

Em 1831, o jovem Charles Darwin, então com 22 anos, subiu a bordo do veleiro HMS Beagle em uma expedição que duraria quase cinco anos, gerando registros cartográficos, catalogando a fauna e flora de diversas partes do mundo e construindo as bases para, mais tarde, desenvolver a Teoria da Evolução. Quase 200 anos depois, a iniciativa Darwin200 convoca jovens a embarcarem em uma viagem para reconstituir o trajeto do naturalista e desenvolver projetos de conservação ambiental.

Ao longo de sete dias, Vitor estará a bordo do centenário veleiro Oosterschelde junto a outros jovens do Brasil, Argentina e Reino Unido. Ao longo dos dois anos de expedição, um dos objetivos é que 200 jovens pesquisadores de todo o mundo passem pelo navio, embarcando em pequenos grupos em cada um dos portos onde Darwin esteve e refazendo sua rota, enquanto investigam as transformações nos ecossistemas e impulsionam mudanças globais para as próximas décadas.

Até o momento, a expedição já passou por países da Europa, África, pelo Brasil (em Fernando de Noronha, Salvador e Rio de Janeiro) e Uruguai, e agora Vitor embarca em Puerto Madryn, na Patagônia argentina, onde vai se conectar com uma pesquisadora local para estudar as relações entre seres humanos e a natureza. “Vou identificar algumas espécies de corujas e compreender o papel que elas desempenham em áreas de agricultura, que passaram pela interferência humana”, explica Vitor. “Quando falamos sobre as interações entre humanos e o ambiente, somos imediatamente levados a pensar apenas nos impactos negativos. Mas existe também este movimento de olhar para populações como os povos indígenas e pequenos produtores rurais e identificar os impactos positivos da espécie humana, mostrando que é possível promover uma convivência harmônica entre as pessoas, a fauna e a flora”.

Vitor nasceu em Atalanta, comunidade agrícola em Santa Catarina com pouco mais de três mil habitantes, e hoje vive em Florianópolis para estudar Ciências Biológicas na Universidade Federal de Santa Catarina. Em 2019, foi reconhecido como Jovem Transformador Ashoka por promover ações de mobilização dos jovens de sua comunidade em prol da restauração e preservação ambiental. Para ele, “é muito especial participar desta expedição e conseguir imaginar e vivenciar um pouco de como foi a viagem de Darwin”.

O jovem acredita que o Darwin200 é um movimento de inspiração, que conecta jovens e cria condições para que se percebam agentes capazes de incidir positivamente nos ecossistemas onde atuam. “A expedição faz um movimento de não excluir nenhum lugar e reunir essa diversidade de culturas, trabalhando com novos conceitos e visões de mundo em que cada pessoa contribui de acordo com suas áreas de interesse e habilidades dentro deste grande tema da conservação”. Além disso, a iniciativa engaja um público amplo através de desafios, atividades interativas, produção de conteúdo e conversas com as equipes para disseminar os achados. Ao final da jornada, Vitor pretende gerar desdobramentos que façam sentido para a população local, a partir de seus anseios e da valorização dos conhecimentos daquela região, e que no futuro possam levar a novas pesquisas e projetos pela preservação ambiental.

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