Peça encena a beleza e a decrepitude da vida

21/09/2012 16:22

O espetáculo As filhas de King Kong volta aos palcos de 23 a 25 de setembro, no Teatro da UFSC, dentro do Festival de Teatro Isnard Azevedo, com uma dramaturgia lírica e grotesca sobre o relacionamento com a velhice. A entrada é gratuita.

Depois de uma estreia impactante e disputadíssima, a peça As filhas de King Kong, volta em cartaz neste final de semana, desta vez no Teatro da UFSC (Igrejinha), trazendo ao palco um retrato dramático e cômico sobre nossa relação recalcada com a morte e a velhice. Quando estreou na Alemanha em 1998, a peça da dramaturga Theresia Walser causou grande polêmica por abordar com crueza lírica o tabu da decrepitude e, na sua esteira, a eutanásia e o tratamento dos velhos. O Curso de Artes Cênicas da UFSC abraçou o desafio de levar ao palco esse texto tragicômico para sua já célebre apresentação de final de semestre, que agora retorna dentro da programação do Festival de Teatro Isnard Azevedo.

Em um asilo, três sinistras e ousadas cuidadoras decidem fazer da morte de seus protegidos uma “hora da estrela”, um momento cercado do glamour que marca a morte de um artista de cinema muito famoso. Resguardadas as devidas proporções, As Filhas de King Kong repetiram em Florianópolis o impacto da estréia na Alemanha. Produzido como parte do Projeto Primeiro Ato, patrocinado pela Secretaria de Cultura da UFSC o espetáculo teve lotação máxima em quatro dias de apresentação no mês de julho, provocando longas filas de espera à porta do palco improvisado no Centro de Desportos da universidade. Traduzida e adaptada por P.R. Berton, a peça tem sua segunda temporada no domingo, 23, segunda, 24, e terça, 25, sempre às 22 horas, no Teatro da UFSC.

O tema atinge na veia o complexo de culpa das sociedades ocidentais e orientais que demonstram um desprezo generalizado pela velhice. “Segundo nossa interpretação e também conforme algumas referências propostas pela dramaturga, a peça encontra-se no ambiente do grotesco, do absurdo”, diz a aluna integrante Nathália Menotti Mazini. “O conjunto das referências e o próprio texto pode ser risível a primeira leitura, mas a atmosfera vai ficando cada vez mais tensa e o riso vai ficando frouxo até desaparecer. Afinal, segundo Sodré, ‘o grotesco é o belo de cabeça para baixo’”, escreve ele para o Jornal Qorpus, do Curso de Artes Cênicas.

A encenação As Filhas de King Kong mobiliza desde o início deste ano alunos da sétima fase da disciplina Projeto de Montagem, ministrada pelos professores Dirce Waltrick do Amarante e Paulo Ricardo Berton, responsável pela direção geral. A professora Priscila Genara Padilha cuidou da preparação de ator e Luiz Fernando Pereira da cenografia, figurino e maquilagem. Quatorze alunos integram o elenco que tem um núcleo permanente e outro que se alterna em duas equipes diferentes. Os estudantes também ocupam funções na montagem  e produção do espetáculo. No final deste ano, eles vão compor a segunda turma de Artes Cênicas formada pela UFSC. A primeira turma encenou Setembro, montagem dedicada à reflexão sobre as causas e conseqüências do ataque às torres gêmeas na biopolítica do planeta.

Mais uma das grandes produções artísticas da universidade depois da criação do Curso de Artes Cênicas, As filhas de King Kong fortalecem o entrelaçamento entre arte e saber acadêmico. Aberta ao público e gratuita, a peça foi produzida com apoio do Departamento de Libras (DALI) e recursos da SeCult. Entrevista com a dramaturga Theresia Walser à professora Maria Aparecida Barbosa pode ser lida no jornal eletrônico Qorpus, no link: http://qorpus.paginas.ufsc.br/%E2%80%9C-a-procura-de-autor%E2%80%9D/edicao-n-005/entrevista-com-a-dramaturga-theresia-walser-sobre-a-peca-%E2%80%9Cas-filhas-de-king-kong%E2%80%9D-maria-aparecida-barbosa/

SINOPSE

A peça da Dramaturga Theresia Walser conta a história de três cuidadoras de idosos nada convencionais de um asilo de velhos e revela a vida miserável e decadente de todos que no asilo se encontram. Carla, Berta e Meggie – as tais filhas de King Kong – sonham com uma realidade diferente da que as prende, mas não conseguem alimentar expectativas para as suas vidas. Como passatempo, costumam assassinar seus pacientes da forma mais inusitada possível. Assim que os moradores do asilo se aproximam dos 80 anos, elas arquitetam uma morte espetacular, sempre a partir da data de falecimento de um artista dos anos dourados de Hollywood, transformando dessa forma o assassinato em um glorioso show.

Apesar da idade avançada e dificuldades impostas naturalmente pelo tempo e agravadas pelos maus tratos impostos pelas filhas de King Kong, os velhos, por sua vez, revelam-se mais vívidos e com mais expectativas de vida que suas próprias cuidadoras. Na ânsia por viver um pouco mais, planejam novos rumos e deliram em suas fantasias, muitas vezes absurdas, porém não menos vivas. Velhinhos que esperam pelo filho que jamais voltará, que se apaixonam todo dia pela mesma esposa, por mais que esta esteja perdendo completamente a noção da realidade, que escrevem poemas de amor. Pessoas apaixonadas por suas próprias melodias, esperançosas por encontrar um homem que as ame verdadeiramente. Idosos que, ao final da vida, ainda conseguem inspiração em coisas simples e belas.

A bola da vez é a Senhora Tormann, que presa numa cadeira de rodas, escuta uma fita com a voz do seu filho e pseudo businessman Winnie, enquanto espera inocentemente pelo seu sacrifício. Ainda habitam o asilo Albert, um velho trêmulo e sua mulher de memória cada vez mais tênue, o senhor Nubel e seus instrumentos fálico-musicais, a Senhora Greti e seus vales fogosos e ainda virginais e o Senhor Pott, um poeta in-process. O tiro, porém, sai pela culatra, e as filhas do gorila falham no seu intento criminoso. No entanto, do nada surge um eletricista chamado Rolfi, que pode significar uma salvação para a mediocridade rotineira das três. Berta, Carla e Meggie, cheias de esperança, acreditam que a felicidade finalmente bateu à porta. Mas o asilo tem um lustre e velhos muito desajeitados, que conseguem matar mesmo sem se dar conta disso.

Serviço:

Estreia: As filhas de King Kong

Local: Teatro da UFSC (Igrejinha)

Quando: 23 e 25 de setembro

Horário: 22horas

ENTRADA GRATUITA –

Chegar com uma hora de antecedência

Assessoria de comunicação:

Raquel Wandelli/Jornalista da UFSC na SeCult – 37219459 e 99110524 – raquelwandelli@yahoo.com.br

Ficha Técnica:

Tradução: Profº P.R. Berton

Direção geral: Profº P.R. Berton

Assistente de direção: Ju Disconzi, Marieli Mota, Nath Mazini 

Elenco:

Filhas de King Kong, cuidadoras:

Daniela Antunes e Marieli Mota como Meggie
Giovanna Rosa e Mandy Justo como Carla
Jéssica Faust e Juliana Carvalho como Berta

Velhos:

Mariel Maciel como Sr Pott
Tayná Wolff como Sra Albert
Elisa Bacci como Sr Albert
Carolina Volpi e Nath Mazini como Sra Greti
Liana como Sra Tormann
José Leonardo como Sr Nübel
Eletricista/ Aventureiro:
Ju Disconzi

Preparação do Ator: Profª Priscila Genara Padilha

Sonoplastia: Profº P.R. Berton, Giovanna Rosa e Mariel Maciel

Produção: Carolina Volpi, Elisa Bacci, Giovanna Rosa, Jéssica Faust, Ju Disconzi, Mariel Maciel e Tayná Wolff

Orientação de Cenários, Figurinos e Maquiagem Prof. Luiz Fernando Pereira (LF)

Cenários: Caren Nunes da Silva e Jessica Cardoso Santos

Prod. de Objeto Cênicos: Juliana Kelly Carvalho

Cenotécnico: Guilherme Rosário Rotulo

Figurinos: Daniela Antunes e Mandy Justo

Cabelos e Perucas:  Ljana Carrion e Kátia Miyazaki

Maquiagem: Carolina Volpi e Ljana Carrion

Orientação de Iluminação: Profª Priscila Genara Padilha

Iluminação: José Leonardo e Ljana Carrion

Montagem/Operador de Luz: Gabriel Guedert

Tags: As filhas de King KongTeatro da UFSC