Cientista mostra como se comportam os neurônios da leitura
A educação dada às crianças nas escolas impacta as interações sociais, interferindo nos relacionamentos interpessoais e coletivos. Influenciado pela imposição à leitura, o cérebro humano é um dos interesses mais antigos de Stanislas Dehaene, diretor da Cognitive Neuroimaging Unit no Collège de France. “Os neurônios da leitura” é o tema da conferência que o autor profere no dia 13 de julho, às 14h, no auditório da reitoria da UFSC, durante o Colóquio de Neurociência da Região Sul. Ás 17h30min haverá o lançamento da versão em português do seu livro Reading in the Brain (Os neurônios da leitura – com tradução de Leonor Scliar-Cabral, professora aposentada da UFSC), que aborda descobertas sobre como o cérebro se modifica a partir da cultura e da educação, fundamentais para o tratamento da dislexia.
Em entrevista na Scientific American Dehaene levanta a seguinte indagação: Como o cérebro pode se adaptar à leitura, dado que ele nunca evoluiu para esse propósito? A pesquisa à procura de uma resposta gerou o livro. O autor conta que existe uma região do cérebro, situado no hemisfério esquerdo, na face inferior, que reage sistematicamente sempre que as palavras são lidas. Essa região particular, intitulada de ‘caixa de letras’, é especializada em caracteres escritos e palavras, e assumiu a função de reconhecer a palavra visual.
Conhecido por sua pesquisa sobre a base cerebral dos números, popularizada em seu livro The Number Sense, o cientista acredita que essencialmente “o cérebro não evoluiu para a cultura, mas a cultura evoluiu para poder ser apreendida pelo cérebro”. Através das invenções culturais, a humanidade procurou por nichos específicos do cérebro, a fim de ‘reciclar’ uma área cerebral e fazer novo uso dela. “Leitura, matemática, uso de ferramentas, sistema religiosos – tudo isso poderia ser visto como instâncias de uma reciclagem cortical”, afirma o pesquisador.
O cérebro e a educação
Os avanços recentes na área neurológica relacionadas à educação e dislexia serão apresentados no Auditório da Reitoria da UFSC. Daehene salienta, “precisamos alimentar nossa pedagogia com nossa melhor neurociência”. O cientista defende a inteligência das crianças que, muitas vezes, são subestimadas pelos adultos. Mesmo que uma atividade seja nova, como a leitura, o aprendizado não nasce do zero, mas de modificações mínimas nos circuitos cerebrais. Nesse sentido, o autor adverte: “os professores e os métodos de ensino devem prestar mais atenção à estrutura existente do cérebro e da mente da criança.”
O formulário das inscrições pode ser acessado pelo site do evento: www.neuroniosdaleitura.blogspot.com
Texto: Aline Takaschima com base em entrevista publicada pela revista Scientific American (tradução: Pedro Lourenço Gomes)
http://plgomes.blogspot.com.br/2009/11/stanislas-dehaene-cerebro-e-leitura.html
Estagiária de Jornalismo na SeCult (Secretaria de Cultura da UFSC)
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