Filósofa diz que televisão é “anti-intelectual” e se diz uma “telespectadora selvagem”

25/10/2011 12:14

A filósofa Márcia Tiburi, que também é professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo, participou na sexta-feira, 21 de outubro, do Filosofia Pop, um encontro que possibilita o diálogo entre filosofia, mídia e rock ‘n roll. O assunto da palestra foi “Olho de Vidro: a Televisão e o Estado de Exceção da Imagem”, que é o título do novo livro da pensadora. Na obra Márcia Tiburi faz uma análise e crítica da televisão brasileira.

Para a filósofa a televisão é “anti-intelectual”. “A pessoa se deforma quando assiste televisão. Ela acredita no que a televisão exibe, mas na verdade o mundo não é daquele jeito”, ratificou. Márcia Tiburi explicou que os homens pensam ser independentes da natureza por causa da tecnologia. “Na verdade os homens são dependentes mesmo é dessa segunda natureza – a tecnologia.”

Em seu livro a filósofa cria uma categoria na qual a própria se encaixa, o telespectador selvagem, aquele que não assiste televisão, mas participa do ciclo televisivo. “Não há como estar fora do ambiente televisivo. Você fica parado dois minutos e vem um monte de pessoas falando sobre a novela, reality shows, então é impossível ficar fora da televisão. O telespectador selvagem, da qual eu sou exemplo, é aquele que acompanha involuntariamente a TV”, complementou.

A televisão passou a ser trabalho na medida em que, segundo ela, tudo pode ser objeto de estudo para o filósofo. “Nosso trabalho é desmistificar o que está dado, o que está presente e ninguém se questiona”, emendou. O termo cunhado pela autora, “Olho de Vidro”, é uma metáfora para explicar que a televisão formula uma “prótese de conhecimento”. Ela explica: “O nosso olho leva informações ao nosso cérebro acerca de tudo. O Olho de Vidro que eu menciono no livro é um olho que não está dentro de nós, mas fora. Ele constrói uma imagem e define que o mundo é aquilo que mostra”.

Quando questionada acerca da solução para a televisão ela responde: “O mal da televisão, da moda e da alimentação contemporânea, por exemplo, é que todos são indústrias. Só com a queda dos monopólios teremos uma democratização de processos. A sociedade continua sendo capitalista e patriarcal”, destacou a pensadora.

Por José Fontenele / Bolsista de Jornalismo na Agecom

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