UFSC recebe comitiva de estatal chinesa para tratar de investimentos em energia renovável

15/04/2011 16:25
Comitiva veio à UFSC para oficializar acordo em investimentos locais

Comitiva veio à UFSC para oficializar acordo em investimentos locais - Foto: Francisca Nery

Após reunião com franceses na tarde de quarta, 13/04, foi a vez de o reitor da UFSC Álvaro Toubes Prata receber na quinta, 14/04, uma comitiva de Henan – província que fica à leste de Pequim e possui o 3° maior PIB (produto interno bruto) do país. Os executivos Chen Rong e Zheng Yang, da empresa estatal de energia eólica Wang Guodong – uma das maiores companhias de energia da China -, vieram à Universidade para oficializar o acordo em investimentos locais. As negociações tiveram início no ano passado por intermédio da Assembleia Legislativa do Estado e o deputado estadual Jailson Lima (PT) também participou da reunião.

Durante o mês de março, deputados catarinenses estiveram naquele país, onde foram recepcionados pelo secretário de energia da província de Henan, Ren Wen Jie. Na ocasião, os chineses anunciaram a intenção de investir cerca de R$ 4,5 bilhões no Brasil, sendo boa parte do investimento concentrado na produção de energia limpa – solar, eólica e biomassa – no Estado catarinense. Na visita, a comitiva pôde conhecer o Centro Tecnológico (CTC) e os professores Júlio Passos e Ricardo Rüther, especialistas em energia eólica e solar fotovoltaica, respectivamente. A avaliação técnica sobre a produção energética local foi encarada de forma positiva pelos orientais, que se mostraram ainda muito interessados na troca de conhecimento e aproximação cultural entre a UFSC e a universidade local de Henan University of Science and Technology (HUST).

O investimento chinês deve fomentar pesquisas na área de energia renovável na Universidade, com incentivo da Wang Guodong, que é destaque na produção de energia eólica e na participação na construção da hidrelétrica chinesa de Três Gargantas. “Os chineses acreditam no potencial catarinense e essa ação tende a ser muito importante, uma vez que a empresa atuará diretamente por meio de recurso público chinês”, afirma o deputado Jailson. O investimento será destinado ao aumento da tecnologia de geração e também das linhas de transmissão.

Para o reitor da UFSC, os investimentos serão de grande valia para Universidade, Estado e País como um todo. “Brasil e China, como países em desenvolvimento, devem estimular o intercâmbio cultural e de conhecimento, por serem eficientes formas de aquecer o contato entre as nações”, avaliou o reitor, que aproveitou a ocasião para garantir a ida à China, no mês de agosto, de quatro alunos de engenharia da UFSC. Os estudantes que serão selecionados devem desenvolver pesquisas na área de energia solar e energia eólica, para realizar estágio de seis meses na companhia de energia chinesa. A intenção de possibilitar a dupla titulação aos estudantes da UFSC pela Capes tende a ser viabilizada também para outras áreas de conhecimento, de acordo com Álvaro Prata. Rong e Yang mostraram-se muito solícitos em receber os estudantes brasileiros na companhia de energia, assim como em propor o envio de estudantes chineses à UFSC.

Entre os meses de setembro e outubro deste ano, o governador de Santa Catarina Raimundo Colombo realizará visita à China e, conforme dito na reunião, frente aos novos acordos firmados, o reitor Álvaro Prata também deve comparecer ao país. Os chineses pretendem ficar mais vinte dias no Brasil e nos seus roteiros estão inclusos locais energeticamente estratégicos, como as usinas eólicas do Rio Grande do Norte.

Brasil e China – A delegação chinesa vem à UFSC ao mesmo tempo em que a presidente Dilma Roussef visita a China. Ontem, em encontro com o líder Hu Jintao, a presidente afirmou que os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, essa última incluída recentemente na sigla criada pelo economista Jim O’Neill para os países em desenvolvimento) vão criar um sistema para facilitar ainda mais os investimentos entre os países do bloco. Entre as medidas destaca-se a concessão de crédito mútuo para investimentos diretos em moeda local. Os focos são a internacionalização e o desenvolvimento de pequenas e médias empresas.

Por Gabriele Duarte/ Bolsista de Jornalismo na Agecom