Ingrid Elsen, emérita para a UFSC e sublime para a Enfermagem no Brasil

17/10/2016 09:35

emeritaO caminho que Ingrid Elsen escolheu a tornou um ícone da Enfermagem nacional e internacional na área da Saúde da Família e da Criança. Sua trajetória no ensino, pesquisa e extensão a fez pioneira. Pelo conjunto de suas ações, emérita. A UFSC – instituição que escolheu em 1974 para estudar e dar aula – lhe acrescentou este título, o mais importante do meio acadêmico. E, como grande mestra que é, reconheceu que trilhar este caminho só foi possível com a participação dos colegas professores, alunos, amigos e familiares.

Ingrid foi a primeira coordenadora e uma das principais articuladoras da criação do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da UFSC, que completou 40 anos em 13 de maio deste ano. Foi mais além: orientou e influenciou a instalação de vários programas de pós-graduação no Brasil, e produziu livros e trabalhos internacionais publicados no país e no exterior.

Sua história na Enfermagem começou no início dos anos 60 quando se graduou pela Universidade de São Paulo (1962). O mestrado realizou na UFSC, em 1979, e o doutorado na Universidade da Califórnia (Estados Unidos), em 1984, com bolsa de estudos pela Capes. Diz que a UFSC lhe ofereceu uma oportunidade ímpar com a liberação para dar continuidade a seus estudos.

Família, Enfermagem, Promoção da Saúde, Prevenção da Violência Intrafamiliar, Pesquisa e Saúde são suas principais linhas de atuação. Aposentada do ofício de ensinar na UFSC, continua trabalhando como voluntária em outras frentes – coordenadora da Rede Sul de Pesquisa em Família e Saúde; vice-líder do Grupo de Assistência, Pesquisa e Educação na Área da Saúde da Família (Gapefam/UFSC) e membro do Centro Crescer Sem Violência.

Como na vida tudo tem um preço, os muitos anos de dedicação ao ensino na graduação e na pós-graduação lhe renderam “ausências” na vida particular, numa jornada que também lhe proporcionou duas famílias – a “de coração”, que se formou ao longo de sua jornada, e a “de sangue”, a qual lhe deu apoio, afeto e compreensão em todos os momentos em que precisou.

Ingrid demonstrou ainda que o verbo agradecer é sagrado. “Pessoas, grupos, famílias, profissionais, instituições promoveram, de alguma forma, as condições para que eu pudesse me realizar como enfermeira assistencial, docente, pesquisadora e contribuir positivamente para a saúde de pessoas, famílias e comunidades”.

Uma dessas pessoas é a professora Eloita Pereira Neves, que a convidou para integrar a equipe de criação do Programa de Mestrado para a Região Sul. A chance, recorda Ingrid, permitiu-lhe “ampliar seus horizontes sobre a Política Nacional de Pós-Graduação, auxiliando a organização do curso de mestrado em Enfermagem da UFSC, fortalecendo o espírito de colaboração no CCS [Centro de Ciências da Saúde], demais centros e departamentos da Universidade, possibilitando dessa forma a composição de um corpo multidisciplinar e interdepartamental altamente qualificado e bastante envolvido no programa”.

Cerimônia Professores Eméritos - Foto Henrique Almeida (23)

Ingrid Elsen, na cerimônia em que recebeu o título de professora emérita. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Espírito de grupo

Ingrid Elsen também apontou, como fator indispensável para o desenvolvimento da Enfermagem no estado e no país, o espírito de grupo do corpo docente, além de “sua coragem de sonhar e lutar pela melhoria do ensino e da prática de Enfermagem e, mais que tudo, sua visão inovadora”.

Deixou claro para a plateia que compareceu à sua homenagem, em setembro deste ano, que os professores do curso se comprometem com a vida associativa, com apoio às iniciativas da Aben [Associação Brasileira de Enfermagem] de Santa Catarina e com a criação do Conselho Regional de Enfermagem (Coren). Gente como as professoras Nelci Coutinho Mendes, Lydia Ignes Rossi Bub e Rosita Saupe Morgado, que desempenharam papel decisivo nessas atividades.

Uma vez consolidado o mestrado, a meta natural seguinte era o doutorado. Várias equipes de trabalho se formaram, e uma delas se destacou por originar as linhas de pesquisa. A equipe, coordenada pela professora Mercedes Trentini, com a colaboração de Lygia Paim e de outras pesquisadoras, fez um trabalho minucioso que fortaleceu as linhas de pesquisa e uma estrutura apropriada para o seu funcionamento.

E, no conjunto dos nomes mencionados, Ingrid não se esqueceu das professoras Rosane Gonçalves Nitschke e Ana Isabel Jatobá, que durante mais de duas décadas contribuíram para o desenvolvimento do conhecimento da Enfermagem Familiar e no funcionamento do grupo de assistência à pesquisa e à extensão às famílias [Gapefam/UFSC].

Ressaltou que o Departamento e os programas de mestrado e doutorado em Enfermagem da UFSC “valorizam e concretizam, no seu dia a dia, o princípio da UFSC, ou seja, o de buscar as interfaces entre ensino, pesquisa e extensão”. Além disso, trabalham na defesa dos direitos das pessoas, grupos, famílias e comunidades.

Rosiani Bion de Almeida/Agecom/UFSC

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