Alberto Guerreiro Ramos é homenageado na UFSC com título de doutor honoris causa e seminário

09/09/2015 17:31

O Conselho Universitário da UFSC concedeu na tarde desta terça-feira, em sessão especial, o título de doutor honoris causa em caráter póstumo ao sociólogo Alberto Guerreiro Ramos, no ano em que se completa o centenário de seu nascimento. Nesta quinta-feira, Ramos é homenageado em seminário no CFH.

Ele foi importante intelectual brasileiro do século XX, com contribuição à cultura brasileira em inúmeras obras no campo das Ciências Sociais e outras áreas do conhecimento. Lecionou na UFSC quando recebeu anistia e retornou ao Brasil, em 1970, vindo dos Estados Unidos, onde estava exilado desde 1964, após sua cassação pelo Ato Institucional nº1, decretado pela Junta MIlitar que assumiu o Governo do Brasil após a deposição do presidente João Goulart.


Segue abaixo a íntegra do texto do parecer do conselheiro e professor Carlos Augusto Locatelli, relator do processo:

‘Processo n. 23080.028109/2015-59

Assunto: Concessão de título de doutor honoris causa

Sra. Presidente, senhoras e senhores Conselheiros,

Relato a este Conselho a proposta de concessão do título de doutor honoris causa em caráter póstumo ao “eminente sociólogo e ilustre intelectual brasileiro Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982), conhecido como Guerreiro Ramos, por ocasião do centenário de seu nascimento”, como bem citam os professores que subscrevem originalmente a iniciativa, Amurabi Pereira de Oliveira, do Departamento de Sociologia e Ciência Política, e Ilka Boaventura Leite, do Departamento de Antropologia.
De forma sintética, a partir do extenso relato elaborado pelos proponentes, Guerreiro Ramos é reconhecidamente um dos principais teóricos do pensamento social do século XX no Brasil. Seus trabalhos contribuíram significativamente para os campos da sociologia, administração e antropologia, em especial e de modo pioneiro e original sobre os estudos de relações raciais.

Guerreiro Ramos formou-se em 1942 em Ciências na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro. No ano seguinte formou-se também pela Faculdade de Direito. Foi professor por seis anos no Departamento Nacional da Criança a partir de 1944, de onde conquistou projeção internacional por suas publicações. A partir de 1949 atuou em várias frentes: tornou-se ativista do Teatro Experimental Negro, assessorou o presidente Getúlio Vargas em seu segundo mandato, participou dos grupos que fundaram a Escola Brasileira de Administração Pública e do Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP) e do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), onde foi diretor até 1958. Em 1961, Guerreiro Ramos participou da Comissão de Assuntos Econômicos junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1962 elegeu-se suplente a deputado federal pelo Estado da Guanabara, assumindo a cadeira entre agosto de 1963 e abril de 1964, quando foi cassado pelo Ato Institucional n. 1.

No exílio, Guerreiro Ramos lecionou na Universidade do Sul da Califórnia, na Yale University e na Wesleyan University. Quando retornou ao Brasil, após a anistia, ministrou cursos como professor visitante, entre outros, na Universidade Federal de Santa Catarina, particularmente no Programa de Pós-Graduação em Administração, e na Escola Brasileira de Administração Pública da FGV.

Faleceu em 1982, aos 67 anos, nos Estados Unidos.

Esta indicação foi aprovada em 28.05.2015 pelo Conselho do Centro de Filosofia e Ciência Humanas (CFH). Conforme previsto no Estatuto da UFSC, Capítulo IV – Das dignidades universitárias, em 05.08.2015 a Magnífica Reitora Roselane Neckel encaminhou a proposta ao Conselho Universitário.

Diante dos fatos apresentados e considerando o disposto no Art. 65 do Estatuto – “A Universidade expedirá títulos de “Doutor Honoris Causa” e “Professor Honoris Causa”, para distinguir profissionais de altos méritos e personalidades eminentes.”, recomendo a concessão do título de doutor honoris causa em caráter póstumo ao professor Alberto Guerreiro Ramos.

Por fim, tomo emprestadas e endosso as palavras do professor Paulo Pinheiro Machado em documento do processo: a homenagem a Guerreiro Ramos é também, “(…) um reforço às políticas de inclusão social e racial que este Egrégio Conselho vem apoiando desde 2007”.

Florianópolis, 31 de agosto de 2015.

Prof. Carlos Augusto Locatelli
Relator’

 

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