Galeria da Ponte inaugura exposição sobre festivais indígenas do Acre

31/07/2012 17:27

Exposição “Festivais pano: nawá, cultura e pajelança”, da antropóloga Aline Ferreira Oliveira, inaugura nesta quarta-feira na Galeria da Ponte, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC. Foto: Aline Ferreira Oliveira

Abre nesta quarta-feira, 01 de agosto, na Galeria da Ponte da UFSC, a exposição “Festivais pano: nawá, cultura e pajelança”, da antropóloga Aline Ferreira Oliveira. A Galeria da Ponte é um espaço cultural coordenado pelo Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (NAVI),  localizado no primeiro andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, destinado a exposições documentaristas e etnográficas. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, até o dia 20 de agosto.

Segundo Aline, este ensaio é uma narrativa imagética de dois festivais
realizados em 2011 no Acre por grupos indígenas do tronco linguístico pano. Um deles é o Festival Yawa, em sua décima edição, organizado anualmente pelos Yawanawá (‘povo da queixada’) da aldeia Nova Esperança localizada no Rio Gregório. Já o segundo trata-se da primeira versão do Festival Xina Bena (‘novo pensamento’) realizado no Rio Tarauacá pelos Huni Kuin (‘gente verdadeira’)/Kaxinawá do Rio Jordão”.

Festivais são práticas antigas entre os pano, não apenas nas danças, brincadeiras, caçadas e práticas xamânicas, mas nas alianças políticas com outros povos indígenas. A novidade é a realização de festivais enquanto um fenômeno de emergência da ‘cultura’ frente a um cenário de ‘revitalização cultural’ em contexto de um mercado global de práticas espirituais. Os convidados atualmente são os nawa (“brancos”), que trazem recursos materiais e simbólicos para um novo tempo, o tempo das ‘alianças espirituais’.

Os festivais são mencionados enquanto o tempo em que se celebra a vida com cantos, danças, brincadeiras e muita diversão. Nesses momentos, a ayahuasca – bebida amazônica conhecida sob diversos nomes: uni, nixi pae, cipó, santo daime, medicina – está sendo constantemente tomada, havendo também as ‘pajelanças’ enquanto sessões noturnas destinadas ao seu consumo. Cocares, saias de palha, de këne (desenho) em algodão colorido, corpos desnudos vestidos de urucum, nas brincadeiras, nas cantigas, no jogo… alguns nawá também aderem a essas práticas.

“São diversos os sinais diacríticos associados à indianidade que encontram no festival seu maior expoente”, destaca Aline. Segundo ela, entre os elos estão as  ‘medicinas da floresta’, que no poder de seus espíritos interagem ‘na força’ com os participantes. “Saber explorar o valor que pode ser associado às particularidades da ‘espiritualidade’ e a ‘cultura indígena’ vem sendo um dos canais na construção de interesses mútuos entre indígenas e não-indígenas. A ‘floresta’ e a ‘pajelança’ constituem-se como referências centrais em uma rede que associa os recentes processos de emergência da ‘cultura’ nas demandas políticas e identitárias indígenas, aos fenômenos da espiritualidade urbana contemporânea em que há uma busca por experiências de cura e transformação do self através de uma ‘conexão’ com ‘tradições’ e ‘conhecimentos ancestrais’”, salienta a antropóloga.

Mais informações:  Aline Ferreira / (48) 9922-7069

Confira outras fotos da exposição.

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